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PSICOLARANJA

O lado paranóico da política

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O lado paranóico da política

Margareth Thatcher: The death of a Lady

Essi Silva, 08.04.13
Estive pelo menos 5 minutos a olhar para este espaço em branco, indecisa sobre o que deveria escrever numa análise à mítica figura da Dama de Ferro, que hoje partiu deste mundo.

De todas as lideres políticas que me inspiram, Thatcher era, sem duvida, a mais admirada. Não só pelo seu pulso, mas também pelos seus ideais políticos. 

Pertenceu a uma geração de grandes mulheres, que contra o preconceito e a tradição, sopraram ventos da mudança ao tomarem as rédeas não de uma Familia ou uma empresa, mas de uma nação. Foi forte e persistente, mesmo quando não era popular. Thatcher foi admirável, pelo menos, para mim.

Nascida em 1925, filha de merceeiros, é relativamente fácil perceber como o ambiente em que cresce - no qual o mérito, o trabalho, é a única fonte de proveitos - a influencia politicamente. 

Eleita deputada em '59, é convidada para a pasta da Educação em '70 após a vitória de Edward Heath, que eventualmente vem a desafiar internamente, levando-a à liderança em '75 do Partido Conservador, destaque nunca antes desempenhado por uma mulher. 


“O Socialismo não funciona”

É através desta premissa, que em 1979 vence as eleições e se torna na primeira mulher a desempenhar o cargo de Primeira-ministra daquele que era apontado como o "país doente da Europa". Foi, salvo erro, o mandato mais longo de um PM no Reino Unido.

Convicta que fora eleita para servir o seu país, começou o seu primeiro mandato com a árdua tarefa de contornar o declínio económico que assolava a Nação desde o desmembramento do Império Britânico pós-guerra. 

Com o propósito de reduzir a inflação, opta por medidas fiscais mais indirectas, como o aumento da taxa sobre o valor acrescentado e outros mecanismos para regular a inflação, a par da injecção de moeda. 

Faz frente ao IRA, defendendo a soberania do Reino Unido sobre o território da Irlanda do Norte; não conseguindo, no entanto, evitar um aumento substancial da taxa de desemprego, derivada maioritariamente da indústria, que ainda não se encontrava adaptada à redução na procura. 

Esta última questão, leva a que os apoiantes do seu antecessor peçam a sua cabeça, mas Thatcher aguenta-se; não sem um pouco de auxílio do seu Ministro William Whitelaw. 

E segundo documentos encontrados recentemente, do ponto de vista da sustentabilidade do Estado Social, Thatcher queria ser ainda mais radical do que foi: possivelmente pondo fim até ao Serviço Nacional de Saúde. 

As Falkland (Malvinas) e a reeleição 

A 2 de Abril de 82, uma junta militar Argentina invade as ilhas e outra província Britânica, cujo território a Argentina desde o séc. XIX reclama como seu. Reagindo de imediato, Thatcher envia tropas com o intuito de resolver o conflito por via diplomática, ou caso esta falhasse, com a expulsão dos invasores. O conflito escala mas a operação leva Argentina a render-se a 14 de Junho. 

A estabilização do sector económico e o sucesso da operação nas Falkland, vale-lhe a reeleição em 83. 

Destaca-se neste período a implementação de medidas que reduzissem o poder dos sindicatos, a tentativa de homicídio levada a cabo por uma célula derivada do IRA e um acordo com a República da Irlanda. 

Mas o legado, para mim, será o do caminho através das privatizações, empreendedorismo e liberalização do mercado. 

Éi uma das maiores aliadas de Reagan, numa política arriscada, de pulso forte face aos Russos na Guerra Fria. Mas não é nada de espantoso, analisando o seu carisma. 

O Braço de ferro com a CEE e a transformação em persona-non-grata

Por esta altura, "Maggie" já tem um catálogo fascinante de inimigos. Os russos, a Igreja (que lhe valeu a primeira derrota legislativa no Parlamento quando impediu que o comercio pudesse estar aberto aos Domingos), os Argentinos, os irlandeses, os sindicalistas, etecetera. Mas como se não chegasse, decide puxar as orelhas à CEE afirmando, que o Reino Unido dá mais à Comunidade, do que o que recebe.

Com a inflação a diminuir drasticamente, a produção a atingir níveis satisfatórios e o desemprego a afectar cada vez menos a população, Thatcher usa o seu sucesso como lema de campanha nas eleições de 87. 

Mas o sucesso económico orçamental de Nigel Lawson, em 87 está prestes a desabar. O Reino Unido tinha deixado de ser uma nação tão industrial, existindo um mar de oportunidades de emprego no sector de serviços. Mas Lawson não consegue equilibrar o boom que criou e a recessão acaba por bater à porta com a contracção na Economia no ano 1990.

O insucesso da sua política fiscal e económica no combate à inflação, que quase atinge os mesmos valores na sua saída, de quando entra, aliado a uma taxa "por cabeça" ao invés de se basear no rendimento, leva a um declínio abismal na sua popularidade.

No fim, não são os inimigos de "Maggie" que a levam a partir. São os amigos.
Quando em 1990, o seu opositor interno lhe tira a legitimidade e até o seu maior aliado abandona a pasta, Thatcher pede a demissão. 


Hoje, a mulher que andou de mão dada com Reagan e deitou a língua de fora aos russos; que fez frente aos sindicatos; pôs em causa o Welfare; sobreviveu a um atentado de bomba; deu uma coça aos argentinos; e repudiou uma Europa federal faleceu com 87 anos. 

* Desculpem qualquer erro, que isto de escrever com febre e com base numa Bio em inglês dificulta a precisão :)