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PSICOLARANJA

O lado paranóico da política

PSICOLARANJA

O lado paranóico da política

Afeições

Gustavo, 01.05.20

As escolhas do secretário-de-estado dos assuntos parlamentares José Duarte Cordeiro para o seu gabinete causaram polémica nos media Portugueses. Além de Daniel Silva Soares (dirigente da juventude Socialista, assessor da vereação da CML, candidato a presidente da junta de freguesia de Carnide) e de André Santos Pereira (presidente da federação académica de Lisboa e - dizia-se - afilhado de batismo do ministro Manuel Heitor), o governante escolheu a companheira do antecessor (e agora ministro) Pedro Nuno Santos para chefiar o seu gabinete. Em 2016, enquanto vice-presidente da CML, escolhera a polémica líder da JS Cristina Begonha para integrar a sua equipa de trabalho. Este enovelamento relacional, não nos devia chocar; Foi mote da presente governação, bem como o fora no município capital. A desregulação dos exercícios nominativos permite não fazer uso de quaisquer critérios além do jargão “confiança política” onde, como na bolsa de Mary Poppins, cabe tudo. Por isso, no portal base, se lhes encontram amigos, familiares, colegas de faculdade, vizinhos e amantes; Dos paços do concelho ao palácio de São Bento verifica-se o aforismo “Portugal é um país pequeno e a aristocracia Lisboeta é ainda mais pequena”.

"Política: A Grande Porca" fora capa do jornal 'A Paródia' concebida por Rafael Bordalo Pinheiro em 1900

A oposição acusa cleptocracia e nepotismo. É inexato: Um país sem recursos de exploração fácil não oferece facilidades de enriquecimento massivo através do Estado e o exemplo recente de Armando Vara afasta tentações prevaricadoras. Por outro lado, um governo radicalmente centrado no Primeiro-Ministro e condicionado pela geringonça - ora formalizada por tratados esdrúxulos, ora subreptícia e oficiosa - não permite a divisão e distribuição de poderes apetecíveis, enquanto as gritantes carências orçamentais impedem a realização de reformas marcantes ou a construção de obras emblemáticas; assim o terá percebeu Pedro Marques antes de ameaçar a demissão do governo. Portanto, ademais a remuneração em vencimento e vaidade, estas e outras designações significarão muito pouco.

A quantidade de jornalistas e opinion-makers que tem defendido tal rol seletivo, provam a minha suposição. Nenhum deles imagina o primeiro ministro perscrutando milhares de currículos buscando pela governante indicada, ou crê o secretário-de-estado indagando copiosamente por uma técnica à altura. Todavia, fazem a defesa acirrada das competências “da Mariana” ou das capacidades “da Catarina” demonstrando uma intimidade inadequada e injustificada de quem quer apreciar, com profissionalismo, o desempenho ministra da presidência e da modernização administrativa ou ao labor da chefe de gabinete do secretário de estado dos assuntos parlamentares. Noutrora, o tratamento pelo primeiro nome era reservado aos “colegas da escola”; Questiono-me se os mencionados terão frequentado a mesma escola.
Câmara de Lisboa. Avenças em gabinetes do PS chegam a aumentar 80 ...

Pedro Nuno frequentou. O ex-secretário de estado tutelar da pasta que contractou Catarina Gamboa, sentiu-se na necessidade de vir a público defender a honra ferida da companheira – É um apologista devoto da emancipação feminina. Pior: a justificação enternecedora da sua afeição matrimonial interessa menos aos Portugueses do que a afeição do dito sucessor no governo (como o fora na JS); falando em prol da secretaria de estado de cuja tutela abdicou no governo anterior, suprimiu, no processo, qualquer respeito institucional à presente orgânica do governo. Mas da narrativa delicodoce que publicou no Facebook – canal comunicativo adequado à maturidade de um membro do governo – extrai-se a ambiência em que esta geração de dirigentes foi profissionalmente moldada. Estudantes de licenciatura, aos 26, na faculdade, batalhando arduamente pelas sub-estruturas da Jota, conta como forjou cumplicidades que se preservaram até aos interstícios do governo atual. Hoje serão, nas palavras do escritor Hugo Gonçalves, “uma versão mais grisalha e engravatada da política das associações académicas - incompetente, provinciana, oportunista, vaidosa, desinteressante, de palmadinha nas costas, impune” onde os grupos amigos se transvertem em grupos de estudo, amalgamam em direcções associativas, encalçam na militância juvenil, “nas férias, no trabalho, na política, ao almoço e ao jantar” “vivendo juntos” nas palavras de Vasco Pulido Valente, “quase na promiscuidade”. Aí, o trabalho político confunde-se à folia e ninguém sabe onde termina a cumplicidade e toma início a relação laboral. Por isso as estruturas se tornam endogâmicas e fechadas, a criatividade é recebida com desconfiança, a renovação é interpretada como ameaçadora, a objeção é tida por ofensiva e a opinião implica rutura. “Bem, ao menos não há tunas nem tipos aos saltos a tocar pandeireta”, completa o romancista.
Jovens turcos do PS em contenção
Desde então, de nomeação em nomeação, os da Jota – rebeldes “jovens turcos” – chegaram aos quarentas escusando-se de assumir as agruras da idade, de enfrentar dores de crescimento: procedimentos concursais, construção curricular, seriações enviesadas, entrevistas de emprego, negociações de linhas de crédito para microempresas e a omnipresente possibilidade de darem por si desempregados – fora a questão salarial. Por isso, apesar dos filhos, mantém o registo, a informalidade, a dialética, as tradições lúdicas e o mesmo círculo de relações, ora pessoais, ora partidárias, ora na câmara municipal, ora no governo. A insistência em tornear a Juventude Socialista (Pedro Nuno foi inédita e injustificadamente orador no último congresso da organização sub-30) é disso sintomático.

O ministro (42 anos) foi orador inédito do congresso da organização sub-30 que é estatutariamente autónoma do Partido Socialista

 


Ao contrário do que garantem muitos comentadores cúmplices, não é a ideologia que os demarca. O Socialismo Democrático a que alardeiam, significaria impedir a reprodução de privilégios de casta ou a propagação de poderes fácticos ao longo de dinastias, permitindo que a participação política de um operário tivesse tanto poder como a participação política de um magnata, que o filho de um jornaleiro pudesse governar. As regalias com que a oligarquia se banqueteia, prerrogativas classistas entregues a estes descendentes da alta burguesia pela tortuosa via do poder político, são necessariamente antinómicas aos ideais do Socialismo. Na atual conjuntura, contudo, ninguém saiba bem onde termina o Partido Socialista e toma início o governo. Para infelicidade dos apologistas de democracias transparentes, os dois governantes são também dirigentes do PS com o encargo de completarem listas parlamentares ou selecionarem candidatos autárquicos. Exceto se todos os 230 nomes forem escrutinados aquando das próximas legislativas, semelhante endogamia marcará o passo de então.

Dir-me-ão que na geração anterior se passou o mesmo – entre Augusto Santos Silva, Ferro Rodrigues, Vieira da Silva (Pai) ou Maria de Lurdes Rodrigues. Porém no seu tempo, a formação superior era rara, os quadros disponíveis eram escassos e a classe média-alta subsistia em circuito fechado, num país isolado e de fronteiras obstruídas. Foi precisamente para contrariar esse registo que todas as medidas de transformação social (a escola pública, o ensino superior tendencialmente gratuito, a ação social escolar, os programas Erasmus e Erasmus+, a inclusão Europeia e mesmo própria democracia) foram tomadas. É o fracasso destas medidas que emana dos despachos emitidos pelo secretário-de-estado dos assuntos parlamentares, que se encontra no Eurobarómetro de 2018 (só 17 % dos Portugueses confiam nos Partidos Políticos) e no Índice de Distância ao Poder (63 % dos eleitores Portugueses sentem-se apartados da decisão política) – uma distância bijetiva, com políticos igualmente apartados dos Portugueses, por nunca terem saído dos bancos do ISEG.

Costa, Má Aposta

Miguel Nunes Silva, 04.05.15

Existe uma estranha dissonância entre a imagem mediática de António Costa e a realidade. Personalidades como Marcelo Rebelo de Sousa louvam semana após semana os grandes feitos de Costa e admiram-no como um grande político profissional. No entanto, o historial de Costa na liderança do PS quase chega a reflectir o desastre. 

 

Não falo apenas das sondagens. Sim, o PS tem perdido bastante força nas sondagens mas tal também acontece a líderes com mérito. O contrário também se verifica pois já mais do que um líder inepto logrou ser popular e até ganhar eleições...

A surpresa é que no caso de Costa, com maus resultados tanto em sondagens como em políticas, continue a passar a imagem de competência política do mesmo...

Ora vejamos a evolução das sondagens:

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 O Secretário-Geral do PS conseguiu anular uma vantagem de 7 pontos e está agora a lutar para se manter tecnicamente empatado com a coligação governamental - e isto numa altura de profunda crise económica e políticas de austeridade, assim como alguma falta de aptidão política, desgaste e carisma por parte dos líderes de direita.

Mas como serei o primeiro a defender que sondagens não governem políticos, vejamos algumas das apostas de António Costa desde que tomou poder:

1 - Mesmo ainda recém chegado da tomada de poder no partido, António Costa decide construir uma equipa que é vista de fora simultaneamente como uma aproximação à ala Socratista do partido - em contraste com António José Seguro - e adopta uma retórica esquerdista, querida da ala mais radical do PS e conivente com tais fenómenos como o Partido LIVRE.

2 - Costa era em 2013 e 2014 muito crítico da austeridade. Em 2015 também tem sido mas desde o discurso aos empresários Chineses que a crítica soa mais oca...

3 - Apostou em François Hollande em 2012, e em Alexis Tsipras em 2015.

4 - Apostou em António Guterres como candidato, incitando-o a concorrer às presidenciais.

E valeram estas apostas a pena?

1 - Com a recuperação económica, descobriu que afinal terá que concorrer pelo eleitorado ao centro e ficou mal por ter produzido soundbites populistas radicais. Aproximou-se de Sócrates e dos seus acólitos mesmo antes da fatídica prisão deste último, o que mais uma vez o obrigou a dar meia volta e afastar-se. Que Costa quis ignorar a gestão historicamente danosa do país assim como a natureza populista e pouco escrupulosa da criatura, reflecte pouco da sensatez política do líder socialista... pelo menos quando comparado com Seguro.

2 - Não só assumiu que afinal o país está no caminho da recuperação, mas todas as críticas que faz ao governo de falhanço governativo, reverberam ainda pior quando comparadas com a era Sócrates no governo - não que ele o assuma.

3 - Tanto Hollande como Tsipras ou falharam ou foram mesmo obrigados e adoptar políticas de austeridade. Abona pouco a favor de alguém que se quer como alternativa - e ainda por cima alternativazinha...

4 - Guterres era a visão sebastianista do PS - não obstante a forma menos responsável como saiu do governo (e sim, tenho noção que muitos no PSD pedem uma candidatura de Barroso) - mas a recusa de Guterres foi uma dupla desilusão para os socialistas. Porque deixou o PS sem nomes 'notáveis' e porque mostrou aos Portugueses o quanto Guterres dá importância à sua pátria numa altura de dificuldade [not] - again...


Depois de fazer asneira na escolha de facção partidária, plataforma ideológica, referência política internacional e candidato presidencial, depois da queda livre nas sondagens, porque raio é que Costa é considerado competente?...

 

O Berlusconi de Portugal

Miguel Nunes Silva, 24.11.14

Em varias ocasiões neste blogue, apelidei Sócrates "o Berlusconi Português".

Sem saber se o ex-PM será condenado ou não, vale a pena, ainda assim, reflectir sobre o significado dos acontecimentos do ultimo fim-de-semana.

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 Muitas almas caridosas insistem em lembrar que há casos de corrupção tanto à esquerda como à direita. Sendo verdade, eu penso que a situação é muito diferente para a esquerda e explico porquê:

 

1. Tanto o PS como o PSD têm políticos sobre os quais muitas suspeitas recaem. Mas por vezes os nossos instintos servem-nos bem e tal como outros políticos - lembro-me por exemplo do Major Valentim - Sócrates nunca inspirou confiança em ninguém. Em 2009, houve varias sondagens antes das eleições nacionais e Sócrates liderava todas nas intenções de voto. Havia, no entanto, uma em que MFL lhe ganhava: honestidade. Os Portugueses sabiam bem que lhes mentia e quem lhes falava verdade... 

Ora a diferença é que o PSD não elegeu um 'destes' políticos líder do partido e PM.

 

2. Logo vale a pena perguntar o porquê do PS ter tido necessidade de o fazer. Escrevi aqui aquando da revelação da fraude que era Artur Baptista da Silva (ABS), que o caso não era apenas acidental para a esquerda, o caso era sintomático. Basicamente porque a sofreguidão por alguém de autoridade que pudesse criticar a austeridade era tanta, que muitos deixaram-se levar na cantiga de ABS.
Pois bem, Sócrates pode e deve ser visto, também, a esta luz. Muitos se queixam que os quadros competentes dos principais partidos não se dão ao trabalho de ir a eleições. Isto é verdade e é verdade nos três partidos do arco da governação. No entanto, o facto de o PS ter permitido que um destes quadros ...não competentes, de moralidade dúbia, um autêntico populista... chegasse tão longe politicamente, reflecte, na minha opinião, mais do que apenas um erro acidental.

O dilema do PS - e sobretudo dos seus notáveis - consistia em como fazer face à evidencia de que políticas socialistas não funcionavam, mas continuar a prometer os mundos e fundos que o socialismo promete; como continuar a ser socialista, já depois de ter perdido a fé...

Para esta aristocracia socialista, a solução apresentou-se na pessoa de José Sócrates: alguém de pouco escrúpulos, capaz de discursar slogans socialistas enquanto corta na segurança social (à socapa), capaz de arruinar as finanças nacionais tacticamente, para poder ganhar uma eleição (2009).

A falência ideológica do PS alimentou criaturas de mentalidade chico-esperto como Sócrates; a falência ideológica da esquerda alimentou burlões como ABS.

 

A lição de moral para o país em 2014, deveria ser a mesma de 2009: aprender com o passado. Em 2009, semanas depois de Ferreira Leite perder as eleições com o seu discurso da austeridade, a Grécia falia e pouco depois Portugal iniciava os seus PECs e era expulso dos mercados de financiamento. Em 2014, semanas depois de António Costa ser eleito reabilitando o legado de Sócrates no PS, o ultimo cai em desgraça.

A lição é simples: quando os Portugueses votam pelo sonho, as coisas correm mal.

Mais realidade Portugueses, mais realidade.

O Eurocepticismo do PS Marinho-pintista

Miguel Nunes Silva, 22.11.14

Quando em 74 o novo regime chegou ao poder, uma das políticas imediatamente encetadas foi a da descolonização. Aos Portugueses foi-lhes assegurado que Portugal, em versão pequena, podia ainda ser bem sucedido economicamente: através da cópia do modelo escandinavo em Portugal e através da adesão às Comunidades Europeias - assim acedendo a um mercado maior.

Pois bem, de acordo com a nova moção de António Costa ao Congresso do PS, a estagnação da economia nacional deve-se a 3 factores:

 

“(...)a integração da China no comércio internacional; o alargamento da União Europeia a Leste e a criação da moeda única”.

 

 

Ora, isto é gravemente problemático a vários níveis:


- Primeiro porque se algum partido ficou conotado com a descolonização e com a adesão à CEE, esse partido foi o PS. Mas se a moeda única foi nociva a Portugal, aonde fez o PS campanha contra tal medida?
E não estava o PS no governo quando o alargamento a leste foi decidido? O governo porventura deu alguma instrução aos diplomatas Portugueses em Bruxelas para resistirem ou adiarem tal alargamento? E se a justificação é que as decisões agora se fazem por maioria qualificada no Conselho Europeu, aonde se fizeram ouvir as objecções do PS ao fim das decisões por unanimidade?...

Sim, o PSD terá calado, consentido e sido tão seguidista quanto o PS, mas ao contrário do PS o PSD não se atreve a ser incoerente ao ponto de admitir tais erros - sem se desculpar - nos seus congressos... Já para nem falar da conotação federalista que figuras como Mário Soares têm tido.

 

- Segundo porque lá se trai a noção de que Portugal não depende de salários baixos para ser competitivo. A China e a Europa de leste não competem com Portugal na qualidade...

 

- Finalmente, porque a recorrente "alternativa" invocada pelo PS, a contrapor à austeridade, é a 'solução Europa'. Não se preocupem em reduzir a dívida, não se apoquentem com a sustentabilidade do sector social do estado. De onde virá o dinheiro para sustentar o que patentemente não é sustentável? Ora, da Europa, claro está... Daí a posição pro-federalista do PS, o apoio à emissão de títulos do tesouro colectivos por parte da UE (BCE), etc. Porque isso colectivizaria os problemas individuais de países como Portugal ou a Grécia. Que se dane a independência da nação. Que se dane a fraude que é prometer o dinheiro dos outros...

 

Mas esta moção de Costa não é senão um eco daquilo que se tem vindo a ouvir, desde há uns tempos, dos lados do Largo do Rato. As piadas sobre Merkel, a indignação perante a austeridade, a ameaça de romper o acordo com a Troika...
De súbito, é como se o PS já não fosse Europeísta. Nos dias que correm aliás, o PSD e PP até parecem carregar a cruz com mais orgulho do que o PS.

A verdade é que por mais que o PS esteja a ser confrontado com políticas do passado altamente ineficazes, o PS não deixou de ser Europeísta; aquilo que se revela é a incoerência de um partido que tem que fazer oposição com as costas quentes e que acaba por cair no populismo de taberna.

PS - eternamente do lado errado da História?

Miguel Nunes Silva, 20.01.14

 

 

"no actual contexto da crise financeira mundial, "há mais razões económicas" para que todas as obras públicas de modernização das infra-estruturas "se façam", uma vez que "não servirão apenas para melhorar a competitividade do país"" (Sócrates 2008)

 

 

"Lembrou a propósito socialistas que passaram pelo poder: um slogan de Guterres - "uma nação não é só números" - e a frase de Jorge Sampaio "há mais vida para além do défice". " do PEC, acrescentou." (Alegre 2010)

 

'Moody's downgrades Portugal's debt'

 

"Portugal não precisa de aderir a nenhum fundo de resgate" (Sócrates 2011)

 

"Portugal needs cash urgently, and with nowhere else to turn,

it finally requested an embarrassing but unavoidable financial bailout

from its European peers and from the IMF"

 

 

"o Governo não passa de um vendedor de ilusões que visa criar a ideia nas pessoas que o nosso país está a sair da crise mas, infelizmente, não é assim". - (Seguro 2014)

 

'Moody's changed outlook on bond rating of Portugal to stable from negative'

"Recent data releases indicate a stabilization of the economy,

with exports continuing to grow and the unemployment rate declining from its very high level.

The broad structural reforms that the Portuguese authorities have undertaken

in the context of the Troika support programme

should support the country's economic growth in the medium term"

Seguro, o brutal hipócrita!

Miguel Nunes Silva, 23.09.13

 

Vem hoje falar a criatura a que chamam líder do PS. Diz a criatura que a razão para o país ainda não ter voltado aos mercados como previsto, se deve ao governo e à sua ineficiência. O PS avisou para tal ineficiência governativa e reclama agora 'razão antes de tempo'.

 

Como sempre, Seguro e o PS são culpados da pior espécie de hipocrisia. Então o partido que queria ter poupado menos e gasto mais, o partido que queria renegociar a dívida - com isso agravando a credibilidade do país nos mercados internacionais - este partido teve razão antes de tempo?!!

 

Se com o PSD/CDS o país está atrasado no regresso aos mercados e o 2º resgate é uma possibilidade, então com o PS o regresso aos mercados já nem estaria na mesa e o país estaria certamente já a negociar um 2º resgate - resgate tal que atrasará durante anos a saída da Troika do país.

 

Mas será que este nível de cara-de-pau existe?! 

Mas será que não há um pingo de vergonha ou seriedade à esquerda?!

 

A pouca-vergonha nunca acaba pelos lados do Partido dos Burlões...

PS - O Partido dos Fundos Europeus...

Miguel Nunes Silva, 15.09.13
Chegámos a este absurdo: um partido que faz promessas eleitorais com dinheiro alheio.
O PS e as políticas socialistas (nem sempre implementadas apenas pelo PS) esgotam o país, arruínam o seu sentido de responsabilidade com uma endoutrinação em direitos sem deveres, mandam para as urtigas a razoabilidade de se poupar para um dia mau e incutir nos investidores um sentimento de previsibilidade e confiança no sector público.
Seja para fazer política externa, para lidar com a crise da dívida soberana ou para gerir os problemas locais, o PS tem apenas uma solução: Europa.
Europa, Europa, Europa; é pouco relevante que já tenhamos gasto fundos Europeus anteriormente, que o resto da Europa também esteja em dificuldades ou o simples facto de que não se podem fazer promessas políticas dando como garantia o dinheiro dos outros!!!
Mas o PS e a Esquerda são isto: o partido do esquema de pirâmide, dos vigaristas e dos burlões.
Já não há dinheiro nos nossos cofres para gastar? Não faz mal, o importante não é NÓS corrigirmos os nossos erros. Gaste-se o dinheiro dos outros. E se os outros não quiserem dar dinheiro?... SAFADOS, os mauzões que enfraquecem a Europa, que não acreditam na solidariedade!!
Claro que nada tenho contra que o PS apele a incentivos fiscais para ajudar ao Investimento Directo Estrangeiro no interior. O problema é que tal política está directamente oposta ao que o PS tem praticado e proposto para o país: então mas que aconteceu a não despedir funcionários públicos? Para isto é necessário aumentar impostos... 
Que aconteceu à política neo-keynesiana de investimento público para relançar a economia? Para isso é necessário aumentar impostos...

Em breves palavras, o PS é favorável a tudo que pareça bom aos olhos dos Portugueses, o PS é POPULISTA; desta atitude saem propostas contraditórias. Mais gastos com menos impostos, a Troika e a dependência do estrangeiro são más mas que se prolonguem se Portugal conseguir mais dinheiro...
Já Thatcher dizia:
“The problem with socialism is that you eventually run out of other people's money.” 

Na nossa 'Guerra dos Tronos', Portas é a melhor coisa que podia ter acontecido a Rui Rio

Miguel Nunes Silva, 07.09.13

Os principais partidos do arco do poder estão divididos em facções.

 

No CDS e no PSD, a divisão é entre centristas populistas que defendem posições moderadas na esperança de obter mais votos dos indecisos ao centro, e conservadores ideólogos que preferem pôr valores políticos à frente de considerações eleitoralistas.

Enquanto que tanto no PSD e no CDS os centristas demagógicos são próximos da máquina partidária, no PS a divisão aparenta ser diferente pois António José Seguro mantém-se no poder com a influência dos sindicatos e apesar de António Costa com as Socranettes poderem obter mais votos de popularidade em eleições nacionais.


Enquanto que no PS os lobbies eleitoralistas internos definem de momento a liderança do partido, à direita o lobby eleitoralista externo é mais preponderante.

 

Por conseguinte, se à direita os centristas populistas estão no poder, à esquerda os sindicatos de voto internos empurraram para as margens estes mesmos centristas populistas.

Mas a própria natureza dos constituintes destas facções gera também outras dinâmicas. Aqueles que estão na política pelo amor aos cargos e sem alternativas profissionais que não a política, são por natureza menos dados a levar em conta o interesse nacional e valores ideológicos. O objectivo derradeiro é a progressão na escada do poder e não tanto os interesses do país ou a concretização dos ideais que professam.

 

Devido a esta dinâmica, e contrariamente ao que seria de esperar de radicais, as alas menos centristas são também mais responsáveis na gestão do poder pois as ideologias são concebidas para alcançar objectivos colectivos a longo prazo.

Paulo Portas é um excelente populista mas este é também o seu ponto fraco. A sua recente manobra pode ter trazido mais poder mas trouxe também menos confiança política por parte do PSD. A médio e longo prazo, isto poderá condenar a coligação PSD-CDS à instabilidade e aos golpes de poder. Pela sua natureza, o poder político é um jogo de soma zero pois um dado cargo apenas pode ser ocupado por uma pessoa.

 

Não é claro o que a máquina do PSD pensa da manobra de Portas mas certamente que não estará satisfeita. Quaisquer futuras manobras enfraquecerão ainda mais a imagem dos dois partidos e a credibilidade da liderança do PM.

 

Quem tem a ganhar com tudo isto? O Presidente, a facção mais ideológica do PS e finalmente as alas mais ideológicas da direita: Ribeiro e Castro e Rui Rio.

Sobre a mundivisão de António Costa

Miguel Nunes Silva, 11.04.13

António Costa fez estrago na última edição da Quadratura. António Costa é um político perigoso porque ao contrário de Sílvio Sócrates, Costa consegue fazer passar a mesma mensagem de forma mais subtil. Costa tem inteligência enquanto que Sócrates apenas tem lábia.


E qual é a mensagem? Que há uma conspiração contra Portugal da parte do mundo exterior que impede que os governos Socialistas direccionem o país na direcção certa.


 

 



Vamos então por partes:



1 - "A União Europeia financiou durante muitos anos Portugal para Portugal deixar de produzir"


Isto é verdade. Mas vindo de António Costa não é inocente...


(Já por várias vezes eu aqui avisei que Portugal tem pouco a ver com o resto da Europa a nível estrutural, e portanto mantenho que a opção Europa sempre trará problemas tal como traz soluções. Como tal não vou ser eu a defender a UE. Este modelo era errado, porque há diferenças estruturais e culturais que favorecem mais a industrialização do norte que do sul)


1.1 - Sim, a Europa financiou uma reconversão da economia dos países do sul que para controlar preços frequentemente pagava para não se produzir. Mas o que Costa não diz é que a UE também pagou a modernização de grande parte dessa agricultura.


1.2 - A UE também protegeu a produção dos países do sul, ao impor tarifas a produtos agrícolas mais baratos do 3o mundo e impedindo a sua competitividade no mercado único.


1.3 - A UE até pagou fundos de coesão aos países do sul, e fez tudo isto com a convicção de que o sul - desde que ajudado o suficiente - conseguiria atingir os níveis de desenvolvimento do norte.


1.4 - Mas este é o mesmo Costa que defende 'mais Europa' e que esteve nos governos que tomaram essas mesmas opções. Das duas uma: ou ele e o PS são hipócritas ou então sempre defenderam as políticas certas mas não foram capazes de as implementar contra o peso da influencia do norte; por conseguinte isto não é tão pouco, alternativa pois quem nos garante que se o PS ou Costa voltarem ao governo serão - desta vez - capazes de fazer seja o que for?



 

 

2 - "esta ideia de que em Portugal houve aqui um conjunto de pessoas que resolveram viver dos subsídios e de não trabalhar e que viveram acima das suas possibilidades é uma mentira inaceitável"

 

Não só não é nenhuma mentira como o PS é o melhor exemplo de despesismo consumista baseado em dívida.


2.1 - Ninguém obrigou Portugal a gastar como gastou em infra-estruturas sem plano estratégico de desenvolvimento. Expo98s, Euro2004s, auto-estradas paralelas, TGVs, cheques bébé assim como educação e saúde gratuitas, tudo isto foram escolhas nossas e não dos nossos parceiros da UE.


2.2 - E o erro não foi apenas dos governos mas também da população, a qual fez uma escolha muito clara quando elegeu a banha da cobra socratista em detrimento da responsabilidade do PSD de Manuela Ferreira Leite em 2009. A mesma população que elegeu e reelegeu Valentim Loureiro, Alberto João Jardim e demais pandilhas.

A partir daqui meus amigos, há que arcar  com as consequencias dos nossos actos.


2.3 - Os Portugueses e apenas os Portugueses decidiram aumentar o seu consumo não obstante a estagnação económica. Mais ninguém.





3 - "acho que devemos concluir que errámos, agora eu não aceito que esse erro seja um erro unilateral dos portugueses"



3.1 - As lideranças do norte também fizeram escolhas sensatas em prol do interesse nacional que as lideranças do sul não fizeram como bem explica o Guilherme.





4 - "foi um erro do conjunto da União Europeia e a União Europeia fez essa opção porque a União Europeia entendeu que era altura de acabar com a sua própria indústria e ser simplesmente uma praça financeira. E é isso que estamos a pagar!"

 

Aqui começa em pleno a argumentação populista e berrantemente falaciosa de Costa.


4.1 - Portugal e a Europa no geral não sofreram porque decidiram liberalizar-se mas sim porque a Europa foi sobre-regulada. Os países nórdicos e a Alemanha estão habituados a produzir num ambiente sobre-regulado que também lhes garante produtos mais fiáveis. Nos países do sul a sobre-regulação - desvantagem competitiva do norte, exportada para o sul através da integração Europeia - destrói a indústria residual.

Ao contrario de outros acordos de liberalização económica, a UE não elimina apenas as tarifas mas impõe também padrões de eficiência e qualidade que apenas os países mais industrializados conseguem atingir. Assim, mesmo que acreditemos na mensagem de Adam Smith de que cada região se tem de especializar, nem isso foi atingido pois o plano Europeu era igualizar todos os países em termos de produção. Por conseguinte, ao contrario da NAFTA ou da ASEAN, aonde o comércio é livre e cada país consegue competir com as suas vantagens comparativas - sejam estas preços ou qualidade - na UE a intenção universalista de aplicar o modelo nórdico de eficiência a toda a Europa, acaba por condenar a própria Europa a um modelo de fracasso.


4.2 - Portugal e a Europa no geral não sofreram porque decidiram liberalizar-se mas sim porque a globalização libertou mercados que agora podiam competir connosco.


A vontade dos governos Europeus sempre foi garantir pleno emprego mas isto foi-lhes negado pela realidade das descolonizações e da derrota da URSS e do bloco socialista. O fim dos impérios coloniais - defendido com unhas e dentes pela esquerda e simbolizado em Portugal pelo abandono das colónias em 1975 e a celebre ordem de Mário Soares para se atirar os 'brancos' das colónias aos tubarões - ditou que a economia destes países estaria ela também e a partir de agora, em competição com o mercado Europeu.


Mesmo que os governos Europeus não tivessem liberalizado a economia, o que não foi completamente o caso, os mercados emergentes teriam sempre tido uma vantagem em comparação com a Europa. Mesmo que as empresas Europeias não tivessem ido para leste, o leste teria vindo para ocidente. A partir do momento em que se defende o fim do imperialismo, defende-se também o fim do nosso controlo sobre o mundo e isso, por mais que a esquerda esperneie, foi detrimental para os nossos interesses...




5 - "Nem os portugueses merecem castigo, nem a austeridade é inevitável"


5.1 - Claro que não. Por isso é que Costa defende mais governo e mais regulação. Porque isso sim fará com que a nossa economia seja mais competitiva... - assim retirando a vantagem competitiva dos nossos salários baixos e fornecendo mais achas para a fogueira da corrupção de que ele se queixa. Pondo mais dinheiro nas mãos do governo falhou antes e levou a corrupção, por isso façamos o mesmo outra vez...




6 - "Quem viveu muito acima das suas possibilidades nas últimas décadas foi a classe política e os muitos que se alimentaram da enorme manjedoura que é o orçamento do estado. A administração central e local enxameou-se de milhares de "boys", criaram-se institutos inúteis, fundações fraudulentas e empresas municipais fantasma"


6.1 - Mas quem é ele para se armar em autoridade moral?!!! Mas nao fez ele parte de vários governos que resultaram nisto?

E mesmo que ele - a mesma pessoa que fez a defesa semanal de José Sócrates - seja diferente de todos os outros políticos, que tem o PS proposto para acabar com esta cultura? Porque afinal quem defende que despesismo estatal retira países de crises financeiras são os filósofos da esquerda...


6.2 - Mais grave é o que está implícito em declarações destas: que o povinho não tem culpa nenhuma e que deve portanto continuar a ser desresponsabilizado. Responsabilidade individual? Inexistente. O que sim é importante é o comportamento das elites, as mesmas elites estado-sanguesugo-dependentes que o PS e a esquerda criam ao expandirem o controlo do estado sobre a economia.

É assim que a esquerda quer levar Portugal para o futuro: Não incutindo o mínimo sentido de responsabilidade na população. Para quem defende a educação como veículo para a prosperidade, a esquerda é bem hipócrita naquilo que entende como maturidade cívica.





7 - "os portugueses têm vivido muito abaixo do nível médio do europeu, não acima das suas possibilidades. Não devemos pois, enquanto povo, ter remorsos pelo estado das contas pública"


7.1 - É a desresponsabilização completa. O país está como está porque conspiraram contra ele. O comportamento das massas em nada contribuiu para isso. Logo, os Portugueses devem poder reclamar ainda mais 'direitos' e mais despesismo estatal. Seguramente isso trará bons resultados porque afinal foi o que andámos a fazer nas últimas décadas e resultou tão bem...





8 - "Devemos antes exigir a eliminação dos privilégios que nos arruínam"


8.1 - Ou seja, os salários dos políticos devem ser cortados e as grandes fortunas taxadas até ao limite. Isto é óptimo: vai ser mesmo assim que se vai conseguir re-atrair investimento estrangeiro - do qual um país periférico necessita - e vai ser mesmo assim que se vai atrair talento para a função pública. Porque realmente, são os salários dos políticos que arruínam o país. Os 80% do orçamento de estado que é gasto na saúde, educação e segurança social, assim como nos juros dos empréstimos que contraímos para sustentar estes programas, isso não interessa nada nem tem nenhum efeito, mesmo com uma população em diminuição.


Afinal, Costa acha que o milagre e bem fácil pois "Há que renegociar as parcerias público--privadas, rever os juros da dívida pública, extinguir organismos... Restaure-se um mínimo de seriedade e poupar-se-ão milhões. Sem penalizar os cidadãos". Pois é. Se ao menos tivéssemos tido um governo socialista durante as últimas décadas com Costa como Ministro...


8.2 - Como eu já antes avisei, esta é a nova utopia da esquerda: que se pode acabar com a corrupção e ser-se eficaz com os gastos ao ponto de sustentar um sistema que nunca antes foi sustentável - e que agora ameaça o estado Português com a ruína. Mas os cidadãos com empregos de classe média baixa, devem ter as regalias dos povos com uma maioria de empregos de classe média alta, mesmo que sejam os outros países a pagarem os nossos 'direitos'...


Porque ao defender a 'renegociação' da dívida sem penalizar os cidadãos, é precisamente isto que Costa quer. Se ao menos nós Portugueses pudessemos culpar os Alemaes pelos danos infligidos pela 2a Guerra Mundial. Infelizmente, ao contrário dos Gregos, nem este bode expiatório temos... que maçada...




9 - "Não é, assim, culpando e castigando o povo pelos erros da sua classe política que se resolve a crise. Resolve-se combatendo as suas causas, o regabofe e a corrupção"


9.1 - Coitadinhos dos cidadãos, que apenas gastaram o que não tinham no banco. Os mauzões dos políticos é que vão ter que sofrer. Afinal acabar com a corrupção - fenómeno cultural e endémico a culturas mediterrânicas - é tão fácil como acabar com o crime. Francamente porque é que nunca ninguém se lembrou de fazer isto?...





9.2 - O problema é que não é direito se não se pode concretizar. Podemos dizer que é um ideal ao qual aspiramos mas não é um direito.

Como sempre, a esquerda nada tem a oferecer senao sonhos e utopias. E quando estas bolhas se rompem, há que inventar bolhas ainda maiores porque as pequenas ja não enganam ninguém.


Esta é a esquerda do poker: quando não se tem trunfos, faz-se bluff...