A Tirania da Classe Média
Como já foi escrito neste blogue - e fruto de esclarecimento obtido de fonte directa - o pensamento político de Manuela Ferreira Leite é tipicamente social-democrata e como tal a ex-Presidente do PSD defende a classe média como o motor da economia par excellence.
Assim se explicam as críticas recorrentes a este governo e às medidas adoptadas - e que ao contrário do que é dito pelos media, não são críticas novas. Na perspectiva de Ferreira Leite as medidas governamentais para combater a crise devem incentivar a recuperação da classe média e não penalizar esta ainda mais.
Aqui eu divirjo da ex-Presidente porque eu vejo na classe média Portuguesa algo mais que o motor de crescimento Português. A classe média é um trunfo da nação Portuguesa e ajuda à sua estabilidade, mas para quem queira ser mais objectivo, esta classe é também a causa de muitos dos problemas do país. O crescimento desmesurado do aparelho de Estado, apoiado pela narrativa politicamente correcta esquerdista, foi causado pelos eleitores, cuja maioria perfaz precisamente a classe média. Este aparelho de estado tem beneficiado na sua forma obesa uma classe acima das outras e esta tem sido a classe média. Como já escrevi anteriormente, as classes altas não têm necessidade do sector social do estado e as classes baixas estão condenadas a um círculo vicioso de pobreza. Sim a escola e a saúde são 'universais' mas todos temos consciência de que essa universalidade serve mais uns que outros, que as escolas são todas públicas mas que as crianças de uns são transferidas para 'certas' escolas públicas e que outras não...
A verdade é que a classe média nos países do sul tem mantido o aparelho estado refém e a crise revelou tal controlo como apenas mais um dos esquemas de pirâmide que foram montados quando a liquidez abundava.
Por conseguinte as inevitáveis medidas de austeridade e a reforma (redutora) do sector social do estado são o único caminho a seguir e tanto o governo como a Troika têm razão em insistir em cortes.
O que poderá ser posto em questão é o 'como', e não o 'quê'.