O politicamente correcto situacionista dos media volta a fazer das suas. Israel é já há algumas décadas a vítima preferencial dos meios de
comunicação e tal como a Coreia do Norte, um estado ostracizado de nos jours.
Em Portugal com o seu espectro político esquerdista, os papagaios entram imediatamente em acção. Mas quem em Portugal se dá ao trabalho de olhar para a questão com olhos de ver? Objectivamente? Que eu conheça ninguém, quanto mais não seja porque os formalismos e o políticamente correcto são absolutos na nossa sociedade.
Antes de mais, o que está na mesa? Chamam-lhe o 'processo de paz' mas não é paz que está na mesa pois a paz impera. Em termos de estabilidade geopolítica, a separação faccional que se deu entre Gaza e Cisjordânia foi dos melhores resultados que poderiam ter advindo da luta ideológica na Palestina. Hoje há paz...
Não, aquilo que verdadeiramente está em causa é a independência Palestiniana. É por isso que a administração Americana luta.
Porquê?
O desejo de tornar a Palestina independente assenta em três suposições que eu considero no mínimo imperfeitas: uma mantém que os Palestinianos estão a ser oprimidos pela ocupação do Estado Israelita, a segunda parte do princípio que se a Palestina conseguir a sua independência haverá menos anti-Americanismo e antisemitismo no mundo Islâmico e a terceira sustenta que a paz no Levante 'contaminará' o resto do Médio Oriente.
Que os Palestinianos não vivem como gostariam é um facto mas daí a serem oprimidos já é um salto muito grande. Em Gaza - aonde a situação alegadamente é pior, ninguém ocupa os Palestinianos e a economia - apesar do bloqueio Israelita - prospera. É o único 'desastre humanitário' que eu conheço aonde ninguém morre de fome...
Isto para não mencionar que os Palestinianos que vivem nos territórios ocupados gozam de melhores condições de vida que a maioria dos Árabes. No mínimo é caricato.
O preconceito anti-ocidental e antisemita no Médio Oriente tem pouco a ver com a Palestina, ao contrário do que o comentariato nos gostaria de fazer pensar. Na verdade os EUA já eram odiados ANTES de invadirem 'solo muçulmano' e organizações que emergiram para lutar contra os 'Judeus e cruzados' como a Al-Qaeda, sempre se preocuparam mais em matar muçulmanos que judeus.
Finalmente, o argumento de que a paz na Palestina alastrará ao resto do Médio Oriente parece-me basicamente o mesmo argumento que Bush 43 fazia: faça-se o Iraque democrático e a democracia liberal espalhar-se-á pelo Médio Oriente...
Como se não bastassem estas falácias, ainda temos os papéis invertidos: a Palestina - por todos reconhecida como a parte fraca - a exigir pre-condições para as negociações. Eu faço-me explicar: os fortes impõem condições, os fracos aceitam-nas. Israel está muito bem como está: enquanto a Palestina não for independente, eles têm poder discricionário nos territórios ocupados. Os Palestinianos não se podem dar ao luxo de sair das negociações porque quem mais tem interesse nelas, são eles!
Mas claro que os Palestinianos 'nunca perdem uma oportunidade para perderem uma oportunidade' e não é surpreendente que mais uma vez por culpa própria eles abdiquem da independência imperfeita agora, a favor da independência perfeita nunca.