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PSICOLARANJA

O lado paranóico da política

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O lado paranóico da política

Mudar o país ou mudar de país?

Pedro Miguel Carvalho, 21.05.13

 "Mudar o país ou mudar de país" era o mote do programa Prós e Contras de ontem.

 

Um jovem de 16 anos, de seu nome Martim, foi convidado pela produção para falar da marca de roupa que ele próprio criou.

 

Num acto verdadeiramente empreendedor, uma espécia de senhora, alegadamente doutorada, insurgiu dizendo se o Martim sabia onde as suas camisolas eram feitas, se não viriam da China, onde se trabalha por uma malga de arroz. 

 

Martim prontamente respondeu que a sua roupa era feita numa fábrica portuguesa, por operários portugueses.

 

Não satisfeita, de novo a Sra. Doutora questionou se essas pessoas não estariam a ganhar o ordenado mínimo, com ar repugnante.

 

Martim, novamente de forma eficaz respondeu que pelo menos não estavam desempregadas.

 

A plateia aplaudiu, e a Sra. Doutora ficou calada.

 

O empreendedorismo não vem nos livros nem em teses de doutoramento, o empreendedorismo está dentro de cada um independentemente da idade.


Os empreendedores merecem ser respeitados. E este jovem merecia tê-lo sido naquele momento.

 

À pergunta feita em título "Mudar o país ou mudar de país?", duas soluções:


Para o Martim: Mudar o país.

Para a Doutora Raquel Varela: Mudar de país, e rápido, juntamente com a sua tese de doutoramento.

SER TRABALHA/EMPREENDE-dor não doí!

Isa de Pinho Monteiro, 18.03.12

A mudança de paradigma no empreendedorismo português - do patrão quase analfabeto às spin-offs de tecnologia de ponta.



 

Na edição deste ano da Revista Forbes, Américo Amorim volta a ser o primeiro Português a aparecer na lista dos mais ricos. Posicionado mundialmente no lugar 242, a sua fortuna é estimada em 4400 milhões de dólares. Numa altura em que é desesperante a situação de elevado desemprego entre jovens portugueses licenciados e qualificados, torna-se interessante perceber por que é que, apesar de nunca ter estudado para além do ensino básico, Américo Amorim, não só, nunca teve problemas em ter emprego, como emprega há décadas centenas de doutores e engenheiros. “Não sou rico, sou trabalhador”, é como se define o homem que transformou uma pequena fábrica de cortiça implementada pelo seu avô, no maior produtor mundial de cortiça, a Corticeira Amorim. Hoje também com negócios na área da energia, imobiliário, banca e turismo, e com o seu mérito reconhecido pela atribuição de um doutoramento honoris causa pela Universidade de  St. John’s Nova York, o “Sr. Américo” não precisou de fazer um MBA (Master of Business and Administration) para fazer da sorte apenas a junção da preparação com a oportunidade, e estabelecer relações comerciais com todo o mundo globalizado. Américo Amorim não é o único empresário português de sucesso sem estudos universitários. Rui Nabeiro, fundador do Grupo Delta não estudou para além da quarta classe. São apenas dois exemplos que espelham o tecido empreendedor português.

Dados do Instituto Nacional de Estatística (INE) de 2008, mostram que 81% dos patrões portugueses possuem habilitações inferiores ao ensino secundário, 10% detêm o ensino secundário e apenas 9% estudaram na Universidade. O padrão português não coincide, contudo, com a média dos 27 na União Europeia, em que 27% dos patrões têm estudos superiores, 45% concluíram o secundário e apenas 28% têm habilitações inferiores ao secundário.

O homem classificado pela revista Forbes como o homem mais rico do mundo, pela terceira vez consecutiva, o mexicano Carlos Slim Helu, concluiu a Licenciatura na Universidade Autónoma do México. Os mais ricos dos Estados Unidos passaram por Harvard, Stanford, Columbia, Penn, Chicago, MIT, entre outras universidades de peso...Torna-se pertinente a questão: faz diferença ou não estudar para ser um líder de sucesso? A mim, parece-me óbvio que uma empresa com uma base de conhecimento sólido, forte em técnica e com uma estratégia inovadora tem condições muito mais competitivas para ser mais organizada, produtiva e eficiente. Muitas das empresas de sucesso em Portugal começaram com pequenos negócios familiares, são baseadas na transformação e na mão de obra (tendo muitas vezes que importar toda a matéria prima necessária ao fabrico dos produtos) e limitam-se a reproduzir algum produto ou serviço que viram no estrangeiro. O que está errado em Portugal para a maioria dos líderes serem “self made men” e não terem precisado das universidades para vencer? Por que é que as Universidades portuguesas não fabricam líderes? Será o problema cultural dos brandos costumes ou a teoria que não se fazem líderes, mas nasce-se líder? Ou será que as universidades, na verdade, não estão a ensinar nada que interesse para o mundo real? Hoje fala-se muito mais em ensinar os alunos a ser empreendedores, mas como?

 

- Os cursos em Portugal não ensinam a FAZER, há mais teoria que prática, após três anos no ensino superior, a maioria dos alunos acha que ainda não aprendeu a fazer/concretizar nada em concreto. No mundo real não basta aprender como se faz. O aluno tem de saber fazer e fazê-lo. Uma solução para este aspecto seria integrar durante o curso, estágios de curta duração em empresas da área de estudo, em que os alunos teriam de resolver problemas da empresa, fazendo um estudo de análise, pesquisa e teste.  A maior proximidade e  coordenação das empresas com as universidades é crucial. Compensa investir nesta sinergia pois ambas as partes lucram: a empresa conseguiria inovar e resolver alguns dos seus problemas e os alunos aprendiam com a experiência, que poderia abrir portas para um futuro emprego ou, por exemplo, a empresa poderia pagar parte ou a totalidade do valor da propina ao aluno.

 

- As licenciaturas e mestrados em gestão, economia e engenharia deviam incluir obrigatoriamente uma disciplina de empreendedorismo, em que os alunos teriam de simular todas as etapas da criação de uma empresa e no final fazer um teste de viabilidade. No caso da ideia ser viável, a Universidade devia providenciar as ferramentas e instalações necessárias ao início da empresa.

 

- Sendo a inovação a essência do desenvolvimento tecnológico, é crucial saber proteger a invenção. Patentear ainda não é muito popular em Portugal e a grande maioria dos alunos universitários não são ensinados a preencher uma patente ou por onde começar no processo de protecção da propriedade intelectual. É fundamental a inclusão desta matéria nos programas obrigatórios.

 

- A intervenção na produção de novas ideias deve começar cedo e ser incentivada. Não existe melhor forma de aprender, senão fazendo. Um artigo publicado na edição de Fevereiro da revista The Scientist enfatiza que a incorporação do trabalho científico e experimental no currículo obrigatório dos alunos que estão a começar  a universidade, não só melhora a sua aprendizagem, como aumenta o número de alunos interessados em seguir uma carreira com uma forte componente tecnológica e científica.

 

- O compromisso deve ser privilegiado, há muitas ideias boas que acabam por morrer por ninguém querer tomar conta delas. O financiamento de spin-offs deveria implicar um compromisso dos responsáveis em permanecer na empresa por um determinado período de tempo e ao cumprimento de objectivos concretos, de forma a evitar o abandono do projecto após término do financiamento inicial ou a má gestão dos recursos.

 

Apesar de ainda não estarmos ao nível de países como a Suíça, Alemanha ou Estados Unidos que apostam fortemente na inovação, verifica-se uma evolução muito favorável. A “crise” e a falta de emprego imediato dos jovens qualificados tem levado a que aqueles que conseguem financiamento permaneçam nas universidades e desenvolvam tecnologias, que muitas vezes levam a criação de novas empresas, criando assim os seus próprios empregos. Em geral, a criação de spin-offs nunca foi tão incentivada como agora, com a abertura de parques tecnológicos e incubadoras de empresas, bem como a crescente organização de competições para obtenção de financiamento inicial. Existem ainda alguns (bons) exemplos em que a investigação é a base da empresa, como é o caso da Bial. A farmacêutica desenvolveu o primeiro medicamento 100% português a ser exportado para a Europa e Estados Unidos. A Bial financia investigação através da sua fundação e abriu recentemente uma nova unidade de investigação e produção de vacinas antialérgicas e meios de diagnostico.

 

Investir na inovação custa tempo e dinheiro, mas leva à criação de produtos únicos e de alto valor acrescentado, sendo essencial uma mão de obra altamente especializada. Em Portugal, é preciso arriscar mais e ser-se mais agressivo, haver mais ousadia e coragem para acreditar numa ideia , optimismo e perseverança para a transformar em realidade. Deixámos de ser um país de mão de obra barata onde outros países localizavam a sua produção. O nosso alvo terá agora que ser saber fazer o que mais ninguém sabe, produzir e exportar.  Apesar de não sermos um país rico em recursos naturais, somos um povo inovador e criativo, começámos a globalização, fomos primeiro “por mares nunca dantes navegados”. Está mais que na hora de aproveitar todo o potencial dos jovens portugueses.

Eu gosto de uma Jota assim!

Bruno Ribeiro, 23.01.09

 

A Distrital da JSD de Setúbal está a divulgar um comunicado onde apresenta medidas de combate ao desemprego. O caminho recomendado pelos jovens laranja do meu distrito (meu e do Psicótico André Machado) é o empreendedorismo, essa palavra já tantas vezes evocada aqui no Psico, repetida até à exaustão pelo nosso especialista em questões económicas Guilherme Diaz-Bérrio e que até já foi mote para um Psico-Evento na Covilhã.
 
A verdade é que só me custa a entender porque é que mais propostas como estas não são executadas no dia-a-dia pela nossa Administração Local e Central. Porque é que mais projectos como os existentes em Cascais ou na Amadora não estão acessíveis aos jovens por todo o país. Por exemplo, no interior, cada vez mais desertificado…
 
Ou no Distrito de Setúbal, de onde vem esta proposta, capital nacional do Desemprego, da Fome e da Miséria e dos Problemas Sociais e que por isso bem precisa de ideias novas, de uma política refrescada, de gente… empreendedora! É por isso que fico contente com a JSD que temos no distrito. Ao ser direccionado para o blogue onde publicaram esta proposta vi que é feito por gente nova, capaz e cheia de garra e esperança no futuro.
 
Continuem assim e não deixem nunca de ter essa vontade de vencer. Já que o país não tem apoiado devidamente os jovens empreendedores na Economia, pode ser, ao menos, que os portugueses o façam na Política.