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PSICOLARANJA

O lado paranóico da política

PSICOLARANJA

O lado paranóico da política

Vira o disco e toca o mesmo... (versão ...já perdi a conta)

Guilherme Diaz-Bérrio, 28.01.10

 

 

Até tinha acordado bem disposto. Estava frio mas... sol. E eu, como qualquer idiota que nasça em Agosto, gosto de Sol. Com ou sem frio. 

 

Bem disposto, achei - se o arrependimento matasse! - que seria interessante ver o OE 2010. Pensei eu: "Não pode ser assim tão mau...". Lá dizia a minha avó, "A pensar morreu o burro, meu filho".

 

732 Páginas de Orçamento. Deve haver um indicador sobre a correlação entre o tamanho do "bicho" e o valor do deficit! Decidi saltar a "palha" e ir ao essencial: página 361, Anexo 2, Receitas e Despesas das Administrações Públicas numa Óptica de Contabilidade Nacional.

 

Vou-vos poupar à palha "financeira" - e aos meus pensamentos enquanto lia... estamos num blog sério! - e vamos ao essencial:

Receitas totais: 67,3 mil milhões de euros. Despesas Totais sem juros (é favor notar o bold e sublinhado!): 75 mil milhões de euros. Ou seja, sem juros (!!!!!) já estamos a dever 8,7 mil milhões de euros. Depois pedimos emprestados outros 5 mil milhões para pagar os juros da dívida pública actual e voilá, temos o deficit actual de 8,3% do PIB.

 

Posto de outra forma... estamos a pedir dinheiro emprestado para pagar juros do dinheiro que já tinhamos pedido emprestado (!?). Sou eu o único a achar que isto é uma boa receita... para o desastre?

 

E para todos os que me vão dizer "O problema é as receitas... estamos em crise" aqui vai,

receitas correntes: 2005 - 60 mil milhões, 2006 - 61.5 mil milhões, 2007 - 65 mil milhões! Portanto, não me venham com o argumento "temos deficit porque as receitas diminuiram com a crise financeira internacional, porque não havia crise em 2005 e 2006 e ela não se fez sentir, fiscalmente, em 2007! Fonte? DIRECÇÃO GERAL DO ORÇAMENTO!

 

E o conjunto de barbaridades continua ao longo dos anexos: 1 em cada 4 euros de despesa são salários da função pública, a uma média per capita (por funcionário público) de 1490 euros/mês. São só 19 mil milhões de euros em salários! E não me ponham a falar da segurança social. Essa, mete mesmo medo ver a demonstração de resultados.

 

Alguns recados:

PS - A gerência agradecia que parassem de mandar o país ainda mais à falência com um Orçamento que vive à base de um esquema em pirâmide (pagar juros com dívida não funciona!)

 

PSD - Foi para isto que tivemos a negociar? É este o compromisso de "redução da trajectória de dívida pública"? Num Orçamento em que um terço do deficit corrente é juros?!

 

CDS - Longe de mim não defender privatizações! Para mim ia tudo: CGD, TAP, ANA, RTP... não faz sentido! Agora, ganhem juizo: privatizar para controlar as finanças públicas é autismo financeiro, porque não resolve o problema subjacente que alimenta a dívida pública: Despesas Correntes acima das Receitas Correntes!

 

Exmos. Deputados Excelsos representantes da...erm..."nação" - É preciso um Néon!? Ainda não entenderam que somos o país mais fragil da Zona Euro a seguir à Grécia, no que diz respeito às finanças públicas, e que temos um problema de poupança e competitividade pior que o Espanhol que alimenta o deficit externo? Ou vamos continuar a tocar a música enquanto o barco afunda?

 

Andamos a brincar com coisas muito sérias...e só me sobra uma pergunta, referente a destinos para emigrar: sugestões?

Quelle surprise! (II)

Guilherme Diaz-Bérrio, 20.11.09

 

 

O Orçamento do Estado (OE) para este ano tem um buraco de sete mil milhões de euros. Vai faltar muito dinheiro em receitas de impostos por causa da crise, embora a despesa esperada se mantenha praticamente inalterada, garantiu ontem Fernando Teixeira dos Santos, ministro das Finanças. O vazio será tapado com mais dívida pública, dinheiro que terá de ser pago nos próximos anos através de mais impostos e menos despesa, dizem vários entendidos em finanças públicas.

 

I Online

 

Isto é o resultado de anos de consolidação orçamental mal feita por vários governos, que se concentraram em consolidar pela Despesa e não atacaram problemas de fundo.

 

A Crise Financeira Internacional mostrou o problema visivel, mas não é a causa: O defice português não é "ciclico", é estrutural: O Estado, pura e simplesmente, não se consegue pagar a si próprio!

 

Continuem a atirar a bola para a frente... que essa teoria de "Estados" não vão à falência tem muito que se lhe diga: estamos em alta velocidade para um descarrilamento fiscal!

 

PS(D): E, se tivermos em conta o Sector Publico Empresarial, i.e., tudo o que foi retirado do Orçamento, e colocado em empresas públicas (defice e dívida), então aqueles 8 por cento é uma estimativa muito por baixo!