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PSICOLARANJA

O lado paranóico da política

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O lado paranóico da política

Mariana Mortágua é tudo aquilo que está errado com Portugal

Miguel Nunes Silva, 04.02.16

Na sequência do frente a frente de ontem com o deputado António Leitão Amaro, mais uma vez somos recordados que ouvir Mortágua é habilitarmo-nos a ouvir um chorrilho de disparates sem nexo.

Pondo de lado a polémica deste orçamento de estado e de como TUDO e TODOS estão errados desde o Conselho de Finanças até à Comissão Europeia e apenas o governo tem razão (conspiração internacional), ouvir Mortágua é ser-se penosamente recordado de tudo aquilo que levou à bancarrota nacional e ao desastre.

Desde logo, se há algo que fica claro das palavras da deputada é que o herói do Bloco de Esquerda deve ser José Sócrates. Porquê? Porque se alguém lutou contra a necessidade de pagar a dívida e se bateu pelo aumento do despesismo como motor do crescimento económico nacional, esse alguém foi Sócrates.

A deputada do Bloco representa neste momento o que de mais revisionista, retrógrado e senil existe em Portugal. É pena que ninguém confronte Mortágua com o melhor exemplo das políticas que ela advoga: o Portugal dos anos 90 e 2000. Aumentar salários acima da produtividade, carga fiscal nacional elevada para pagar despesas com funcionários públicos que trabalham menos que o sector privado, levar a cabo endividamento público para reavivar o crescimento económico através de um efeito multiplicador foram as políticas das últimas duas décadas. E o resultado, foi bom? 

É precisamente por causa de pessoas como Mariana Mortágua que Portugal está aonde está. Ninguém é capaz de lhe perguntar porque funcionaria hoje uma política que não funcionou no passado?

 

Mortágua tem ainda a indecência de acusar a direita de ter não apenas um modelo económico errado mas de ter empobrecido o país. Segundo a deputada bloquista, Portugal regrediu durante os anos de austeridade, política essa que não leva ao crescimento. Concordo com a primeira afirmação pois de facto perderam-se décadas com a austeridade mas o problema é que acusar a direita de ser a autora da austeridade é o mesmo que o bebé atirar a bolacha ao chão e culpar os pais por não ter bolacha ou que o filho mimado espetar o carro da família e queixar-se que os pais não são “justos” não lhe comprando carro próprio. O cúmulo da dissonância cognitiva desta gente é que na mesma frase em que defendem que a 4ª economia mais endividada do planeta deva gastar mais, se queixem dos cortes que o anterior governo teve que fazer – e, não haja dúvidas, que o próximo terá novamente de fazer.

 

A deputada acha ainda que a austeridade deste governo é melhor porque “é mais justa”. Mortágua queixa-se que a direita cortou nos salários e pensões dos mais pobres e resgatou os banqueiros. Infelizmente esta é uma visão deturpada da realidade e que revela que o Bloco vive na 5ª dimensão. O “governo da austeridade” cortou em tudo e aumentou impostos a todos. Se a deputada queria que os salários e pensões mais baixos ficassem isentos, isso teria implicado mais despedimentos ou mais privatizações mas que o dinheiro tinha de vir de algum lado, isso tinha. Tal como o sector privado se viu sem investimentos públicos e entrou em recessão – sim porque no mundo “neoliberal” da UE e dos governos “ultraneoliberais” de Passos Coelho, metade da economia nacional está dependente do sector estado – também o sector público foi chamado a contribuir. Injusto é que todos os Portugueses sejam chamados a pagar mais impostos duas semanas depois da função pública ver a sua carga horária reduzida a níveis inferiores ao do resto da população – o que não terá nada a ver com o eleitorado e lideranças da extrema-esquerda serem anormalmente constituídos por pessoas dependentes do estado.

 

Quanto aos bancos, eu diria que os banqueiros Portugueses não têm tido tempos fáceis pois os que foram “resgatados” deixaram de existir e alguns banqueiros foram mesmo presos, os que receberam ajudas para a liquidez pagaram a sua dívida ao estado e no caso do BANIF quem tem mais a explicar é mesmo a deputada por não ter querido uma auditoria externa ao caso…

 

Pois bem, fazendo a defesa da austeridade enquanto modelo económico viável, digo que a deputada não tinha melhor remédio do que ir falar os cidadãos da Europa de leste, ou de Cuba, ou da China ou de vários outros regimes que experimentaram economias planeadas, para se educar sobre os resultados de não se estar dependente do FMI ou do BCE, e de se poder gastar à vontade. A “alternativa democrática” que a deputada procura para a austeridade é muito simples: é não se pagar a dívida. E o BE já o reivindicou repetidamente. Não sei quem voltaria a emprestar a Portugal depois disso mas que é uma alternativa é…

 

Mas é sobretudo radicalmente mentecapto dizer que Portugal apenas regrediu durante a austeridade quando o turismo nacional, as exportações e as poupanças das famílias bateram recordes, e o governo Passos Coelho foi o primeiro desde há décadas a conseguir não só parar o crescimento da dívida mas mesmo reverte-lo. Claro que o eleitorado do Bloco não são as pessoas normais e como tal Mortágua não se coíbe de insultar os Portugueses que fizeram esses esforços. Talvez mais óbvio: alguém conhece um único país que não tenha de pagar dívidas ou que não sofra as consequências negativas quando o faz? Porque como a resposta é factualmente negativa, isso implica que necessariamente ninguém veja o dinheiro crescer nas árvores e consequentemente TODOS os países no mundo apliquem austeridade quando necessário.

 

Houve ainda um episódio caricato no debate entre os dois deputados quando Leitão Amaro invocou um estudo que diz que 80% dos economistas validam a austeridade e a deputada Bloquista se insurgiu questionando o estudo. Como já disse antes, não sei em que mundo o BE vive mas no meu basta fazer um tour das faculdades de economia do país e verificar quantas são de direita e quantas são de esquerda…

 

Por último digo ainda que a minha falta de respeito pela Mariana Mortágua advém do desprestígio e traição a que ela sujeita o eleitorado jovem – do qual o Bloco depende e muito. É que são as políticas de endividamento nacional a prazo e facilitismo escolar que lesam mais as oportunidades dos jovens Portugueses, os quais não só estarão pior preparados para entrar no mercado de trabalho mas quando eventualmente o fizerem estarão sobrecarregados de impostos para pagar as dívidas incorridas para sustentar o consumo desenfreado de curto prazo da geração dos pais da Mariana. Claro que depois, ainda há a desfaçatez de acusar a direita de empurrar os jovens Portugueses para a imigração - os quais diga-se, não tendem a imigrar para países com políticas de "efeitos multiplicadores" mas sim com políticas de austeridade... vá-se lá perceber porquê...

Paradoxos do Bloco...

Miguel Nunes Silva, 22.09.13
O Bloco traz sempre um sorriso a quem saiba pensar duas vezes.
Já desde há meses que o partido do contra anda a divulgar uma campanha de propaganda baseada no slogan acima mencionado.
Ora, não deixa de ser curioso que o Partido que tanto argumenta contra a propriedade privada (veja-se o caso dos 'latifúndios Alentejanos'), venha depois falar em indemnizações por 'roubo'. Pior um pouco se considerarmos que o Bloco de Esquerda - juntamente com o PCP - é o Partido que acha que o governo gastou 'pouco' em despesas sociais; isto é, com os gastos que nos levaram à bancarrota!!!...
Dirão que o Bloco como partido responsável defende o património nacional acima de tudo, e assim se justifica esta campanha. Mas então que dizer da retórica internacionalista do Bloco? Sendo o Bloco pacifista e humanitarista, e desprezando a defesa do interesse nacional através da manutenção das suas forças armadas e fronteiras soberanas, como pode depois argumentar em prol do mesmo interesse nacional?
Haja pachorra...

€3 000 000 000 para Empresas Portuguesas. Quem é contra?

Miguel Nunes Silva, 18.02.13

Um consórcio de empresas Portuguesas de construção civil viu-lhe adjudicado um projecto residencial na Argélia. Sem dúvida fruto da diplomacia económica dos Ministros Luís Amado e Paulo Portas e da habilidade do MNE em explorar o desejo de certos países em não serem absolutamente dependentes de potências regionais/mundiais como França ou China.

 

Gostaria apenas de recordar quem é contra este contrato:

 

Comissário Europeu Štefan Füle: "There can be no return to complacency towards authoritarian regimes. The European Union stands behind the forces of change and modernisation"






 

 

 

Bloco de Esquerda: “O Estado Português deve ter relações com Angola, mas não pode desconhecer o que se passa neste país, nem muito menos aproveitar-se dele, assumindo uma visão exclusivamente pragmática com ausência de valores”


(Presumo que a mesma política seja extrapolada para a Argélia)


 

Amnistia Internacional: "As the European Commission and the President of Algeria Abdelaziz Bouteflika prepare to initial an EU-Algeria Association Agreement in Brussels tomorrow (Wednesday 19 December), Amnesty International says the fact this event is going ahead shows the EU’s human rights clause is now clearly not worth the paper it is written on"


 

 

Um Pequeno Grande Partido

Miguel Nunes Silva, 10.02.11

 

 

Para mal ou para bem, o Bloco de Esquerda é neste momento um partido bastante influente.

 

O tacticismo do Bloco é temível tendo conseguido várias vitórias nestas últimas semanas. Conseguiu impor Manuel Alegre como candidato da

esquerda unida de Socialistas, Trotskystas e Comunistas Renovadores. Com isto foi bem sucedido em dividir o PS e isolar o PCP.

 

 

Agora, a moção de censura bloquista ameaça lançar a direita para eleições quando é ainda incapaz de assegurar uma maioria absoluta ou que forçará o PSD a enfraquecer a sua coerência política em caso de não a aprovar.

 

O BE seria condenado pela esquerda se entregasse à direita de mão beijada, o domínio tanto da Presidência como do Parlamento. Estaria nesse caso o BE disposto a entrar em coligação com uma nova liderança do PS?

 

E se não, como evitar concluir que o Bloco apenas prospera quando todo o espectro esquerdista está na mó de baixo?

O menor dos males

Miguel Nunes Silva, 13.10.09

 

 

Já todos sabemos que o PS vai governar fazendo acordos ad hoc. Não que Sócrates seja bom a negociar compromissos mas é matreiro e sabe virar a oposição uma contra a outra.

 

O propósito deste post é indagar sobre qual das esquerdas o PS devia escolher para trabalhar.

Na humilde opinião deste autor, o menor dos males seria mesmo o PCP.

Porquê?

 

Porque apesar de tudo, é um partido sério e menos utópico que o Bloco.

É verdade que os media já escolheram o BE há muito tempo como o seu favorito. No entanto, o Bloco é muito menos fiável a manter compromissos e também mais radical.

O Bloco pode querer disfarçar mas as suas cores fundadoras são o vermelho e o preto - as cores do anarco-sindicalismo. Louçã e o PSR são de índole Trotskysta e vão às reuniões da 4ª Internacional.

 

 

Nós de centro-direita temos pouco amor pela esquerda e ainda menos pelos seus extremos mas temos que admitir que o PCP é coerente e tem mais sentido de estado e mais responsabilidade que o Bloco. O PCP acredita nas forças armadas e na soberania do estado. Pode não as ver da mesma perspectiva que nós, mas há um denominador comum.

 

O BE por outro lado, é muito mais radical e consequentemente perigoso para qualquer partido que queira governar com um mínimo de seriedade e responsabilidade. O Bloco é uma formação pós-moderna de crenças insubstanciadas e princípios absolutos impraticáveis.

Já para não falarmos nos laivos de populismo, demagogia e política espectáculo que podem envenenar qualquer tipo de coexistência executiva.

 

Esperemos que entre dois males, a essência da democracia e do interesse comum leve o PS à margem sul em detrimento de ceder à tentação ali para os lados de Santarém...