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PSICOLARANJA

O lado paranóico da política

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O lado paranóico da política

Pequenez

Miguel Nunes Silva, 06.06.10

O panorama televisivo em Portugal é deprimente. Não apenas pela extrema baixa qualidade dos programas mas também pelo decadente nível de exigência e brio que até os programas de informação merecem.

Os programas que competem pelas audiências durante as manhãs e tardes dos dias úteis são execráveis. Ser espectador de tais tristes espectáculos chega mesmo a ser estupidificante. Talvez apropriados para quem esteja a definhar num lar de terceira idade e desprovido portanto de capacidade crítica, estes programas são ainda assim um incrível exercício no supérfluo e no sensacionalismo.

 

As tragédias de pessoas por todo o país são exploradas no nosso quotidiano por motivos de schadenfreude – i.e. felicidade mórbida pelo sofrimento de outros. Seja no entretenimento para os idosos ou nos noticiários – que o disfarçam de ‘reportagens especiais’ numa tentativa patética e forreta de imitação dos documentários que a BBC exibe depois dos telejornais de horário nobre.

 

Temos ainda as ‘galas’ que celebram datas ou personalidades que a ninguém impressiona ou interessa, e que são apenas desculpas para reactivar modalidades e talentos ultrapassados mas que têm que render – à excepção das coberturas de equipas de futebol ou estrelas populares de baixo calibre, eventos que interessam a quem os vê mas que oferecem muito pouco ao espectador à excepção de fuga da realidade.

 

Os noticiários são o que mais impressiona por haver tanta exigência e tão pouca resposta. Não apenas pelo situacionismo e obsessão pelo politicamente correcto mas sobretudo pela ausência de pensamento critico e pela completa submissão ao imperativo das audiências. Só assim se explica que jogos de futebol e ‘casos’ de paparazzi abram noticiários.

 

A televisão de sinal aberto em Portugal está hoje transformada numa televisão local… Seja por causa da globalização ou não, a verdade é que o único paralelo possível é com uma qualquer emissora local que por nítida ausência de fundos e de abrangência se limita a papaguear alguns títulos nacionais e internacionais para depois passar aos resultados da equipa local de futebol de salão e à onda de assaltos que flagela as vivendas de imigrantes nos arredores da vila.