Em 2005, quando o governo Sócrates chegou ao poder, eu previ que não teria segundo mandato. Ignorante em relação à astuta manipulação dos media de que JS era capaz, subestimei as suas hipóteses, as hipóteses de um líder que eu na altura via como destituído de carisma, pouco eloquente e demasiado apparatchik para algum dia poder exercer grande apelo nas massas.
Enganei-me: tal como os Portugueses aderem a qualquer vulgar e estupidificante programa de TV desde que devidamente publicitado, também o fazem com o governo. Mas a chico-esperteza do Ministro júnior de Guterres não deverá ser suficiente para chegar ao fim do seu segundo mandato.
Quem é nesse caso o senhor que se segue?
TEIXEIRA DOS SANTOS - Na hipótese de vermos uma demissão do governo, o actual Ministro das Finanças seria uma boa escolha para um governo de gestão. Trágica que baste a sua lealdade às prerrogativas políticas de Sócrates, Teixeira dos Santos é ainda assim respeitado pelo espectro político e mais que nenhum acólito socrático, penosamente ciente dos desafios financeiros nacionais que pela sua inconveniência foram ignorados pelos governos Sócrates até agora.
ANTÓNIO COSTA - Delfim da liderança socialista Sócrates, o actual Presidente da Câmara de Lisboa tem vindo a ser preparado para liderar o PS. Mas Costa é um trunfo que o PS não quererá porventura gastar em caso de queda do governo. Pessoalmente penso que Costa simboliza toda a direcção do PS que foi conivente no desgoverno populista que Sócrates causou ao país. Tal como personalidades como Maria de Belém ou Ana Gomes, Costa fez questão de escudar o PM no seu falso álibi de culpar os problemas nacionais na crise internacional, o que o torna muito pouco recomendável para liderar o país.
MANUEL MARIA CARRILHO - Carrilho pode ter ou não sido expulso do seu cargo de embaixador na UNESCO mas a verdade é que a sua recente proeminência mediática deixa antever futuros 'voos'. É bem possível que Carrilho seja autorizado pela über-centralizada-e-infectada-por-group-think direcção PS, a avançar para a liderança para aguentar o duro período de oposição que se avizinha. Um sacrifício conveniente para dar tempo à caminhada triunfal de um peso politico socialista mais pesado.
ANTÓNIO JOSÉ SEGURO - Menos provável mas ainda assim um possível. O mal de António José Seguro é estar alinhado com Manuel Alegre e encabeçar a massa crítica de Alegristas que até agora não pôde ser esvaziada, uma vez que não houve possibilidade de os encaminhar nem para cargos na Europa, nem para a Presidência, nem tão pouco para o poder autárquico.
Seguro simbolizaria uma liderança de esquerda no PS e não conseguiria muito facilmente competir pelo centro.
Claro que todos estes nomes são hipóteses num universo sem José Sócrates. Resta então saber que trilho político Sócrates tenciona escolher. Tenderá ele a aguardar nas sombras por uma oportunidade de regresso como Paulo Portas? Resignar-se-á ele a uma saída definitiva da política saindo para uma grande empresa ou organismo internacional (com considerável desprestígio para Portugal tendo em conta as suas pobres faculdades linguísticas)?...