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PSICOLARANJA

O lado paranóico da política

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O lado paranóico da política

SNS, o pandemónio de Portugal

Matilde Carvalho, 17.11.20

Quando chega esta altura do ano sou confrontada com imagens preocupantes, algo que já me acompanha a algum tempo. O cenário é sempre o mesmo: algures neste país um hospital cheio de doentes, uns em cima dos outros. Nas legendas aparece algo relativamente à falta de camas ou os tempos intermináveis de espera. Até que parei e pensei. Porque é que este cenário persiste no país? Ano após ano o problema permanece e nada do que é feito o consegue resolver. Somos o país dos tapa-buracos porque nunca resolvemos os problemas no cerne da questão. Isto tem um nome INCOMPETÊNCIA.

                                                   

Ao longo de tanto tempo, ainda temos um SNS incapaz de responder a todos. Ainda temos pessoas sem médico de família, consultas adiadas e por fazer, o mesmo com a cirurgias e as listas de espera intermináveis. Escusado será dizer que a saúde deve ser acessível a todos. Custa muito investir na saúde? Metemos dinheiro na TAP e não é foi assim tão pouco. Custa-me ver o dinheiro dos contribuintes gerido desta maneira. Acho que é mais útil investir em meios de saúde eficientes ao serviço da população do que para manter pública uma empresa de transportes que poderia ser privada sem que isso prejudicasse o país.

 

E o combate à pandemia? Foi o descalabro total. Era previsível que ia existir uma segunda vaga, mas é normal o governo não se ter preparado? Não, não é. Tiveram muito tempo para se anteciparem e preparem o SNS, para reduzirem as desigualdades sociais que a pandemia veio agravar. Acho que tenho o direito de exigir mais dos "supostos" representantes! Mais e melhor pelo meu país.

Qual é a solução que o governo impõe à população para retificar a sua incompetência? O estado de emergência.

 

Na intervenção no debate do estado de emergência, Rui Rio afirma que, em democracia, “os direitos, liberdades e garantias têm de estar hierarquizados” desculpe?! Acho que não percebi bem. A isto é que se chama uma entrada a pés juntos. De seguida afirma que “não podemos cair no fundamentalismo - para não dizer no ridículo - de não abdicar temporariamente de um direito menor em nome de um direito maior”. Para mim não se trata de abdicar de um direito temporariamente, é um direito que me foi tirado faz já algum tempo. Como ousa alguém referir-se à liberdade de outro indivíduo nestes termos?! Se é para abdicar de direitos porque é que os deputados, ministros, secretários de estado, entre outros não abdicam também do direito de liberdade, trabalhando a partir de casa? Não sabem usar o zoom? Seria temporário.

 

Na sua intervenção também afirma que “a situação sanitária e económica do país é hoje mais delicada do que era há oito meses”. Depois disto fiquei sem chão. Se a situação hoje é mais delicada do que há oito meses, uma quota parte é da sua responsabilidade, por não andar a fiscalizar o governo com eficiência. Que eu saiba não fui eu que votei a favor do fim dos debates quinzenais, não fui eu que aceitei tudo o que o Governo decidiu. Se calhar sou militante do PS e nem me apercebi.

 

Mais do que nunca era agora que os portugueses e o país precisavam de políticos que representassem as nossas liberdades e os nossos direitos e garantias. Pelos vistos a liberdade é só uma vez por ano e é no 25 de abril. Sim, aquele dia em que os portugueses ficaram em casa e alguns foram para a Assembleia celebrar.

 

É justo pedir outra vez às pessoas que fiquem em casa? Não, não é.

Sinto a minha liberdade ameaçada de uma forma que nunca sonhei. Não me sinto livre de todo.

Pergunto me se a saúde mental vai continuar a ser marginalizada e se o governo pretende investir na saúde metal dos portugueses. Porque sim a saúde mental vai ser a doença deste século. Alguém pensou nas consequências de um segundo estado de emergência?

 

As pessoas vivem numa incerteza e ainda levam com um primeiro-ministro numa entrevista a uma estação de rádio que quando questionado sobre a duração do estado de emergência, defende que “no limite até ao fim da pandemia. Não quer dizer que as medidas depois, em concreto, durem permanentemente.” Tendo em conta que não existe previsão do fim da pandemia, será caso para diz “Calado era um santo”. Acho que só veio causar mais distúrbios e na minha opinião um primeiro-ministro que diz isto não sabe o que anda a fazer. Se o estado de emergia durar até ao final da pandemia significa que o primeiro-ministro e o seu governo foram incompetentes no combate à pandemia e que não zelaram pelos interesses das pessoas.