Ferrugem!
Um líder partidário disse esta semana que "Se não chegar a Primeiro Ministro tenho que fazer emergir o meu sucessor".
Está tudo errado nisto e subtilmente é a evidência de um sistema partidário que está podre.
1. Frequentemente as hostes partidárias queixam-se da falta de lealdade dos seus companheiros quando invariavelmente o que está em causa são caminhos e opções diferentes e não lealdades.
2. A lealdade é um elemento comportamental da relação entre pessoas. Relação que muitas vezes não existe.
3. A lealdade é pessoalista e sinalagmática. De pessoa para pessoa numa balança de deve e haver. O resto é vassalagem, próprio dos incapazes.
4. Ao exigir de uma estrutura um comportamento leal, não pode esse líder, de seguida, deixar de o ser também.
5. A melhor forma de não o ser é dizer a todos que não tenham aspirações escudando-se na exigência dessa lealdade. Isso é sequestro. É desleal.
Ao dizer o que disse apelou à lealdade das hostes no sentido de voto.
Da pior forma, claro.
6. A tendência dinástica é um cancro dos partidos que os racha em facções e os encaminha para guerras internas que a sociedade não gosta de ver e condena.
7. Parte do pressuposto autofágico e egocêntrico de que as melhores escolhas, mesmo quando deu provas eleitorais de ter tomado escolhas erradas, são as suas.
8. Cerceia a liberdade de uns e premeia a deslealdade dos indecisos.
9. Promove a luta em vez do trabalho.
10. A quantidade em vez da qualidade.
11. O conforto impera sobre a pluralidade e a pureza.
O resultado?
A quantidade diminui por falta de qualidade.
A deslealdade impera no regateio do voto.
Os bons fogem, os maus ficam.
A democracia perde.
No caso, a Direita perde.
E precisa tanto de ganhar como de mudar para o conseguir.