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PSICOLARANJA

O lado paranóico da política

PSICOLARANJA

O lado paranóico da política

Ferrugem!

Psicolaranja, 13.01.20

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Um líder partidário disse esta semana que "Se não chegar a Primeiro Ministro tenho que fazer emergir o meu sucessor".

Está tudo errado nisto e subtilmente é a evidência de um sistema partidário que está podre.

1. Frequentemente as hostes partidárias queixam-se da falta de lealdade dos seus companheiros quando invariavelmente o que está em causa são caminhos e opções diferentes e não lealdades.

2. A lealdade é um elemento comportamental da relação entre pessoas. Relação que muitas vezes não existe.

3. A lealdade é pessoalista e sinalagmática. De pessoa para pessoa numa balança de deve e haver. O resto é vassalagem, próprio dos incapazes.

4. Ao exigir de uma estrutura um comportamento leal, não pode esse líder, de seguida, deixar de o ser também.

5. A melhor forma de não o ser é dizer a todos que não tenham aspirações escudando-se na exigência dessa lealdade. Isso é sequestro. É desleal.

Ao dizer o que disse apelou à lealdade das hostes no sentido de voto.

Da pior forma, claro.

6. A tendência dinástica é um cancro dos partidos que os racha em facções e os encaminha para guerras internas que a sociedade não gosta de ver e condena.

7. Parte do pressuposto autofágico e egocêntrico de que as melhores escolhas, mesmo quando deu provas eleitorais de ter tomado escolhas erradas, são as suas.

8. Cerceia a liberdade de uns e premeia a deslealdade dos indecisos.

9. Promove a luta em vez do trabalho.

10. A quantidade em vez da qualidade.

11. O conforto impera sobre a pluralidade e a pureza.

O resultado?

A quantidade diminui por falta de qualidade.

A deslealdade impera no regateio do voto.

Os bons fogem, os maus ficam.

A democracia perde.

No caso, a Direita perde.

E precisa tanto de ganhar como de mudar para o conseguir.