Avante não é política
Conheço bem o PCP e os seus militantes. Partilhámos os mesmos espaços do Poder Local nos 10 anos em que fui autarca em Almada. Respeito-os como raramente me respeitaram. Respeito-os pelo seu passado, pela sua dedicação e rigor na forma de fazer política.
Se de política estivéssemos a falar, estaríamos prestes a assistir ao comício de abertura de Jerónimo de Sousa, a estudar o programa das inúmeras conferências ou a aguardar pela mensagem do discurso de encerramento.
Hoje o partido mais antigo de Portugal decidiu resumir-se a bancas de comida, a campismo, duches ao ar livre, casas de banho portáteis e a concertos de música pop rock.
Hoje o partido mais antigo de Portugal, fundado por homens e mulheres que passaram mais tempo de vida na prisão do que em suas casas, decidiu arrastar os seus compatriotas para a incerteza da doença, sobre a qual se conhece tão pouco.
Hoje Portugal perdeu uma voz, uma representação e mais um pouco da sua parca credibilidade.
Obrigada.