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PSICOLARANJA

O lado paranóico da política

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O lado paranóico da política

A virilidade dos 70

Rui Pinto Reis, 09.05.20

Somos um país com amor próprio suficiente para brincarmos com as nossas características. Mesmo com as piores. 

Quando ouvi as declarações de António Costa, sobre a possibilidade da realização da Festa do Avante, pensei, automaticamente, em Otelo Saraiva de Carvalho. Intriga-me a opinião do histórico histérico do 25 de Abril. A verdade é que, usando da boçalidade que o fez famoso, é justo dizermos: Era meter os comunistas todos no Avante. 

 

O país caminha para uma crise de tamanho colossal. A dependência crónica do exterior e a consequente necessidade de entrada de divisa vinda do estrangeiro, até para manutenção de empregos é o primeiro problema. Mas existe também a a questão da orfandade produtiva que nos tornou reféns dos preços praticados pelo mercado externo. 

 

A capacidade produtiva necessita de planeamento e anos para correcta implementação. Neste momento, não há tempo, pelo que, urge fazer controlo de danos e minorar os efeitos da pandemia. Em nome da integridade nacional é obrigatório acabar com a união nacional e começar a chamar os burros pelos nomes. Portanto, voltando ao PCP. Pior do que o Primeiro-ministro querer “dar um jeitinho” a Jerónimo, é o Partido Comunista demonstrar, uma vez mais, a cegueira ideológica que lhe tolda aqueles raciocínios ao qual alguns chamam pensamento.

 

O PCP vive ancorado ao que vale e angustiado pelo que nunca foi. Sequestrado por radicais que bebem de um Marxismo estagnado, escusando o extenso trabalho da reflexão. Seguiram pelos 46 anos de democracia como os mais iguais entre iguais e, por consequência e desígnio divino, proprietários absolutos e herdeiros da liberdade. Os portugueses, apesar da comicidade constante das atitudes, foram suportando a K7 e a inércia. A verdade é que ninguém quis, em tempo algum, saber o que (ou se) pensam os Camaradas. Foram-se mantendo como a tralha que temos na garagem.

 

Tudo bem. O verdadeiro problema é quando a “tralha” se torna tóxica. A conjugação de factores, neste plano político obliquo em que vivemos, fez do PCP um mal necessário para António Costa. Os comunistas, pela soma do vácuo ideológico com o vazio de propostas exequíveis apresentadas, são os mais fáceis de agradar. A quem nunca foi acarinhado pelo país, bastam umas festinhas.

Assinala-se a troca de regime e põe-se de parte o Dia de Portugal. Num país onde existem mais católicos do que trabalhadores, expia-se  Fátima para se realizar o Dia do Trabalhador e por fim, e mais importante, pára-se uma indústria de milhões em nome da saúde pública, mas permitimos a Festa do Avante. Estamos a semear muito mais do que poderemos colher e esta factura será paga em vidas de compatriotas.

 

Bem sei que, apesar da avançada idade, Jerónimo Martins se tem comparado a um vigoroso garanhão, capaz de cumprir, com sucesso, as missões que lhe propõem. O grande problema é que quando a mula parir, sobrar-nos-ão problemas, fruto das vastas e intrépidas investidas do femeeiro português. 

 

Ainda há tempo para fazer o que beneficia o país. Só o mais sábio e o mais burro dos homens nunca muda de ideias. Se o primeiro não serão, espero que não se comportem como o segundo.