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PSICOLARANJA

O lado paranóico da política

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O lado paranóico da política

Servir

Essi Silva, 12.07.11

 

Parece-me cada vez mais, que as gerações do presente, têm vindo a perder uma qualidade essencial para a vida em sociedade - civismo.

Num panorama no qual a entre-ajuda é cada vez menor, onde existe um distanciamento entre o cidadão e o Estado, resumindo-se a relação à dependência do cidadão do Estado, servir a sociedade, devolver ao Estado o que ele nos dá ou simplesmente servir por servir, é um conceito longínquo na mente da maioria.

 

Hoje perguntaram-me o porquê de Passos Coelho e dos ministros que o seguiram para o Governo, terem aceite circunstâncias tão díficeis para governar.

Gostaria de estar certa quanto à minha resposta: para além do poder, temos de servir o país. Servir o Estado. Servir o povo.

 

É certo que muitos não entendem esta ideia de servir. O conceito de civismo.

A crise tem unido um pouco os portugueses, mas ao mesmo tempo a distância adensa-se: o egoísmo é um mal comum. Mas pior que não ajudar um vizinho ou um familiar, é não ajudar o seu povo.

 

É claro que porventura posso não ser compreendida. Entendo-o. Tenho uma outra terra mais jovem, cuja independência, cuja liberdade custou sangue, fome e um tecto a muitos. E não há muito tempo. Ter um Estado que os proteja, uma nação e uma língua que considerem deles, une-os e cria uma obrigação quase que natural em servir o Estado, tal como na velhice dos nossos pais cuidamos deles como estes cuidaram de nós.

O Estado é nosso pai, pai de todos. E momentos há em que temos de agradecer a sua existência e a sua protecção.

 

Num país no qual o serviço militar já não é obrigatório e as Forças Armadas são um aglomerado de contratados, não é por dinheiro que se empunha uma arma e se afirma servir o Estado.

Servir é, hoje, participar por vontade. É querer investir no povo e na sociedade. É ter como principal objectivo o bem estar da comunidade.

 

Infelizmente, dados como a abstenção das últimas legislativas, esquemas quotidianos de fuga ao fisco que se afiguram aos olhos de quem compra e quem vende, votos em partidos com comentários tão irracionais como "ele pode ser ladrão mas vou votar nele na mesma", são tudo menos servir a comunidade.

As agências de rating são muito maus? Não. Os maus somos nós que queremos dos outros mas não estamos dispostos a dar depois de receber.

Num país significativamente cristão, dar sem receber, ou sobretudo DAR deveria ter algum significado.

 

Dá-me pena não assitir a um verdadeiro investimento na comunidade, dar sem troca, ou dar porque se recebeu. Uma profunda tristeza em assistir a um hiato entre o cidadão e a sociedade. Assistir à perda da cidadania.

Urge apostarmos no nosso país, darmos ao nosso povo. Indirectamente serviremos os nossos vizinhos, filhos, netos, amigos, colegas, professores, etc.

 

Cidadania não é só exercer um direito. Não é só voto, não é só beneficiar de RSI, de um sistema de saúde com custos diminutos quando se quer.

Cidadania é agradecer e devolver o que se recebeu. Participar. Pagar impostos. Assistir a assembleias públicas e intervir. Questionar. Produzir. Incrementar a produtividade. Ajudar os menos favorecidos. Etc. Etc. Etc.

Mas é servir pela comunidade. Não o típico tachismo do dia-a-dia português, com cunhas à mistura. Mais mérito, mais vontade, mais serviço à comunidade. Kant aquando os seus discursos sobre a moral era apologista da moral pela moral, sem incremento de volta (fosse patrimonial ou não). Nós devemos servir por servir. Por querermos o bem-estar da sociedade.

 

Há mil e uma formas de servir, de praticar a nossa cidadania (com os direitos e os deveres que ela comporta). Guardem na vossa mente um objectivo: servir a comunidade. E lembrem-se que um dia, o sangue do vosso sangue irá agradecer o futuro que escolherem para eles. Servir mal no presente trará consequências infelizes para o amanhã.

 

Somos todos um.

 

 

 

 

4 comentários

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    Essi Silva 12.07.2011

    LOL eu não estou na cabeça de todos. Daí que gostaria que a minha resposta estivesse certa. Não implica que ache que a resposta não esteja. Esclarecido? =)
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    jfd 12.07.2011

    Exactamente.
    Mas a tua boa fé não colocaria essa questão á priori :P
    Mas eu tenho um faro especial para estas questões e acho bem que sejas exigente.
  • Imagem de perfil

    Essi Silva 12.07.2011

    Sabes que quero sempre provas e sou a miss exigência (acredita que fui muito má em relação a um tipo que é adjunto muito criticado ultimamente)
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