"Em questões sociais sinto-me à esquerda do PSD". E propostas, CDS?
Já todos estamos habituados aos chavões do CDS em campanha. Aliás, justiça lhes seja feita, é no que são bons: a inventar chavões. Senão tomemos esta campanha como exemplo.
Alguém consegue nomear uma proposta concreta do CDS para resolver os problemas do país? Não. Porquê? Porque o CDS chega às campanhas eleitorais e vira megafone de lugares comuns. Uns chavões que encaixam em tudo e um par de botas. O CDS não apresenta um programa claro e concreto ao eleitorado, antes define o seu discurso em função das propostas do PS e do PSD. A estratégia é clara. O CDS está lá para o desempate. E o seu adversário é claramente uma maioria absoluta do PSD. É esse cenário que tem combatido e que tem marcado a sua campanha.
O PSD veio propor privatizações... O CDS moderou o discurso: "Somos moderados e equilibrados, não temos uma fúria privatizadora". O PSD veio propor a redução drástica do tamanho do executivo para dez ministros... O CDS rejeita.
O Paulo Portas, imagine-se, até se sente à esquerda do PSD em questões sociais! Senão vejamos: sempre foi a favor de leis progressivas de legalização de imigrantes e integração étnica, sobretudo da comunidade cigana. Tem mostrado insistentemente a sua preocupação com as bolsas de pobreza e, por isso, defendido o Rendimento Mínimo de Inserção. Tem demonstrado total abertura para que as mulheres possam, com segurança e acompanhamento, proceder à Interrupção Voluntária da Gravidez. Faz campanha pelo direito à igualdade de acesso ao casamento civil por casais homossexuais. Tem vindo a fazer lobi para a discussão em torno da morte medicamente assistida e o testamento vital. Em suma, Portas que diz que não tem uma agenda liberal como a do PSD e reclama-se à sua esquerda. Devemos inferir que o CDS é o novo Partido conservador de centro-esquerda? O CDS já esteve mais longe do PCP...