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PSICOLARANJA

O lado paranóico da política

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O lado paranóico da política

"Revolutionary Road"

Essi Silva, 30.12.10

 

 

Ontem assisti e comentei o debate entre Manuel Alegre e Cavaco Silva no Minuto a minuto (blog da Sic).

No final do debate recebi uma chamada de um velho conhecido meu. Dava-me os parabéns pelo meu candidato e por tudo me estar a correr bem, mas afirmou que ia claramente votar no seu candidato revolucionário.

Meia atordoada com a resposta, afinal de contas a sua costela laranja sempre o tinha levado a votar no PSD, perguntei-lhe o que quereria ele dizer com revolucionário.

 

Ele respondeu-me que Alegre sempre tinha sido um dissidente, uma voz da verdade, da impassividade. Um político diferente que não engolia sapos e não um carneiro de ideologia ou propaganda política.

Muito calmamente, sem tentar demonstrar desrespeito pelo candidato ou pelo meu interlocutor, perguntei-lhe se o seu patrão o continuaria a empregar, caso ele andasse a difamar a empresa e a passar informações à concorrência. Ele não percebeu a minha metáfora portanto decidi explicá-la: como é que Alegre conseguia o apoio de um Partido como o PS, onde as vozes dissidentes são desvalorizadas e afastadas, quando ao longo dos anos de governação socrática sempre desrespeitou e criticou em força as tomadas de posição do Governo? Como é que alguém como ele podia apontar o dedo a Cavaco ao ter "apoiantes" manchados pelo caso BPN, ou acusar Cavaco de permitir a destruição do Estado Social, quando Alegre, o próprio Alegre, é apoiado por aqueles que directamente deixaram/levaram o Estado (Social) chegar a ruínas tais que a sua destruição é praticamente impossível de travar?

 

Do outro lado da linha, silêncio.

 

Decidi ir mais longe. Perguntei-lhe se o novo modelo de desenvolvimento do candidato revolucionário, apoiado pela Esquerda, seria um projecto semelhante ao dos grandes revolucionários de Esquerda como Castro, Estaline ou Mao-Tsé. Se a miséria deveria passar a constituir a maioria, ao invés da (actual, esperemos) minoria?

 

A chamada acabou ali. Se fiz o meu conhecido pensar no seu voto, não sei ao certo. Mas estou certa que me relembrei das razões pelas quais a Esquerda não me convence. A Revolução, quando o caminho tem como sentido obrigatório a esquerda nunca poderá trazer a solução que precisamos para o nosso país. E um candidato que de crítico e resistente passa a instrumento de um partido, não é a solução para o Presidente da República neutro e responsável que precisamos.

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