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PSICOLARANJA

O lado paranóico da política

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O lado paranóico da política

"O mais pobre da Europa Ocidental"

Essi Silva, 09.11.10

 

Se as democracias valem o que vale a classe média, então é evidente que a democracia portuguesa está a cometer suicídio - Boaventura Sousa Santos

 

 

Somos nós.

Pobres em dinheiro, pobres em ética, pobres em política, pobres em tudo.

No que toca a princípios é ridículo. O Direito Fiscal que é conhecido por não permitir a retroactividade de impostos, tem o IRS em risco de se tornar um capricho do Governo porque os juízes do Tribunal Constitucional dividem-se à custa...de questões partidárias (?!).

 

As nossas freguesias e municípios têm cada vez menos verbas, até porque o Estado é um caloteiro portanto os seus serviços têm uma utilidade para o cidadão cada vez menor e uma margem de manobra de 0.

 

Os juros da dívida pública não param de subir e descer, como se estivéssemos num elevador em que já sabemos que com Sócrates no mesmo elevador só podemos ir para o último andar.

 

A Justiça é uma palhaçada, já que o caso Casa Pia pode ter de ser julgado de novo, o que é um mimo para ilibar todos os arguidos e uma simpatia para os jovens que passaram pelas sevícias e que as lembrarão novamente.

 

O secretário de Estado adjunto das Obras Públicas, Transportes e Comunicações nomeou para a administração dos CTT dois antigos sócios de uma produtora de espectáculos que detinha.

 

Mas a verdadeira pobreza que me preocupa e que para pessoas que têm rendimento para pagarem mais de 800€ em impostos sem problemas não entende, é a da (ex-)classe média.

 

Segundo os cálculos de Manuel Lemos, presidente das Misericórdias, a procura dos refeitórios comunitários, os tais conhecidos como "sopa dos pobres" aumentou "entre 200 a 250 por cento" e as médias etárias baixaram "dos 65 ou mais para os 42 anos ou menos".

Os pedidos à Cáritas muitas vezes chegam por email. "Desde o ano passado que nos chegam pedidos de professores, advogados, engenheiros: profissões que nada fazia prever que precisariam de ajuda institucional".

 

Em 2003, o INE dizia que 20,4 por cento da população estava em risco de pobreza, ou seja, tinha rendimentos inferiores a 414 euros mensais. Em 2008, José Sócrates orgulhava-se de ter reduzido essa taxa para os 18,9 por cento. Se tivéssemos olhado para aqueles números antes das transferências sociais, percebíamos que a taxa de pobreza tinha aumentado na realidade de 41,3 por cento, em 2003, para os 41,5 em 2008

 

Em Agosto, o incumprimento no crédito à habitação ascendia aos 1.957 milhões, e a casa é sempre a última coisa que as pessoas deixam de pagar - viver debaixo da ponte não é uma opção mesmo que a fome passe a ser hóspede.

Uma excelente análise é feita pelo sociólogo Boaventura Sousa Santos. "A classe média é composta por aqueles que conseguem planear a vida, a ida dos filhos para a universidade, a compra do carro, as férias. Ora, as condições que tornaram possível o seu aparecimento estão a ser destruídas".

 

É esta a nossa maior pobreza: quem vai poder estudar quando não tem como comer? Quem vai vender quando não há quem possa comprar?

Quem consegue sobreviver, num país que se está a afundar?

 

Sugiro esta fotoreportagem e consciencializo-os para o facto, que às caras velhas das imagens, hoje juntam-se caras mais novas, mais compostas, muito mais envergonhadas. A pobreza é vergonha, quando o pai tem de dizer aos filhos que naquele mês, só poderão almoçar.

 

 

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