Autêntico
Hoje em dia não há políticos que não estejam preocupados com a câmara de televisão e a imagem pública. Mas a maioria soa-me a falso. Os políticos autênticos não precisam de um tratamento de imagem, se o político for autêntico vai sair-se bem. As pessoas apercebem-se quando está a mentir, não são ignorantes. Nunca devemos pensar que se pode construir uma imagem de alguém, fugindo àquilo que ela é.
O CEO da Euro RSCG, uma agência de imagem, disse-nos esta enorme verdade. De facto, é um dos enormes erros dos políticos. Mudar o que são e sobretudo como são. Mudar de registos, mudar as poses, fazer o papel de actor. Ser plástico. E não se trata apenas do recurso ao teleponto ou de colocação de voz. Trata-se de espontaneidade.
Trata-se de ser um ser humano que tem qualidades e defeitos. Que tem sentimentos. Na política observar as entrevistas que os nossos "actores políticos" dão, perceber que o discurso é treinado e adaptado para x momento ou y jantar é cada vez mais usual. Acho obviamente que as pessoas devem ter preparação, devem saber estar, devem ter um domínio de dossiers e temas em que irão ser abordados. Mas inventar "registos", inventar poses é não ser a pessoa como é. O CEO desta empresa fala de Lula. E tem razão, o fenómeno Lula é ele. Por mais agências de imagem, por mais tratamento que lhe façam ele passa a sua imagem. Quem diz Lula, diz Bush, com as suas limitações e expressões.
Viu-se em Menezes, a tentar discursos de Estado. Viu-se em Santana na sua tomada de posse como Primeiro-Ministro. Viu-se em Marcelo Rebelo de Sousa que perdeu a chama e a argúcia quando foi líder do PSD. Viu-se Manuela Ferreira Leite que não é de todo a imagem que deixou nas últimas campanhas.
As pessoas são o que são. E é nas suas características que está claramente o seu potencial.