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PSICOLARANJA

O lado paranóico da política

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O lado paranóico da política

SISU* - I

Essi Silva, 19.04.10

 

 

*Sisu - significando algo como "força de vontade", é a palavra chave que todo o finlandês conhece. Afinal de contas, não haveriam de ter orgulho do factor que lhes permitiu atingir a independência nos finais da Primeira Guerra Mundial, especialmente tendo como rival o Exercito Vermelho. Não confundir com Susi (lobo).

De volta do meu segundo país, tenho mais para reflectir convosco.

 

 

Pescadinha de rabo na boca

 

Um dos problemas que mais preocupa os jovens do nosso Portugal é a insustentabilidade da segurança social e com esta a possibilidade (ou probabilidade) de não termos pensões quando chegarmos à idade de as ter.

 

A nossa segurança social fundamenta-se num sistema em pirâmide (QUE NÃO FUNCIONA!!!) ou seja, salvo erro, a população activa sustenta as pensões da população não activa. Problema: hoje em dia com o envelhecimento da nossa população, com as bonomias que determinadas massas de portugueses que recebem pensões superiores ao que descontaram efectivamente (em contraposição com aqueles cuja pensão ou paga a sua alimentação e alojamento ou paga as despesas de saúde) e em especial com as bonomias que outros sectores da nossa população estão a receber (como é o caso do rendimento social de inserção e afins), a nossa segurança social está a falir por a população activa não conseguir suportar os custos da população não activa, que é superior em número.

 

Ora, porque é que na Finlândia é normal ter mais de 2 filhos? É que garanto-vos que da média que fiz entre os casais que conheço por volta de 1/10 casais só tem um filho. Isto não só permite o suporte mais equilibrado da segurança social, como permite que esta, ao não falir, consiga garantir boas condições às mães e promover a natalidade. Como podem ver, melhorar as condições sociais poderia ter resultado se não fosse só para certos sectores e se tivesse sido pensado condignamente há 2 gerações atrás...mas claro, a geração 25 de Abril estava mais preocupada com as pensões milionárias para os amigos...

 

 

Numa última nota, na Finlândia se tiverem uma deficiência ou uma doença degenerativa, não só têm o Estado através dos municípios a pagar-vos os equipamentos necessários para a vossa mobilidade e bem-estar (cama, cadeira de rodas,etc.), como casas equipadas especialmente para a vossa deficiência (mediante o pagamento da renda da casa), enfermeiros que vos põem na cama, dão banho, etc., um assistente que vos ajude nas tarefas diárias e ainda um táxi para deficientes com um máximo de viagens pagas até determinadas distâncias. Em relação a Portugal, nem se pode comentar.

 

Abrir as asas

 

De todos os meus amigos de infância, e ainda são alguns, só um ainda mora em casa dos pais. Quando disse aos meus amigos que no meu Portugal os jovens saem de casa dos pais por volta dos 25 (não incluindo aqueles que obtém a independência mais cedo ao mudar de cidade devido à universidade) ficaram todos a olhar para mim. É que por lá, por volta dos 19, já está tudo (mesmo os que vivem nas cidades universitárias) a viver em apartamentos ou em residências. Os amigos juntam-se para arrendar apartamentos, trabalhando para os suportar e pedindo créditos para estudar e se sustentar (com alguma ajuda extra dos pais) que pagam uma vez licenciados. Podem não ser já 100% independentes, mas pelo menos vão ganhando um sentido de responsabilidade enquanto gozam a sua juventude.

 

 

 

O que é nacional é bom

 

Samsung? iPhone? Naaa. Por lá vemos Nokias e mais Nokias e ainda mais Nokias. Todas as pessoas têm nem que seja um chapéu de chuva da Marimekko, uma marca de têxteis com padrões nacional, ou uma jarra da Iittala, uma das marcas vidraceiras finlandesas que se inspira em modelos de Alvar Aalto (o arquitecto de renome finlandês) ou na banda desenhada de Tove Jansson, os Muumis (que todas as crianças e pais finlandeses conhecem).

 

Na Finlândia vive-se a cultura e a identidade finlandesa. Os artigos nacionais muitas vezes são caríssimos, mas o orgulho na nação compensa qualquer dúvida orçamental. E fugir ao fisco, está fora de questão!

 

 

A Finlândia está longe da perfeição. Mas se todos nós tivéssemos um pouco mais de susi em Portugal, estou certa que com o bom clima e uma cultura social mais à finlandês, seríamos todos muito mais felizes.

 

3 comentários

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    Essi Silva 19.04.2010

    Vivo com os meus avós. Wish I didn't. E sei engomar e cozinho super bem. Não preciso de ninguém para tomar conta das minhas coisas, sabes? Sou uma mulher a sério e não uma menina que nem sabe estrelar um ovo à espera que venha o namorado cozinhar para ela.
    Além disso, os finlandeses têm aulas de kotihoito, ou seja, domésticas, em que aprendem a engomar, a cozinhar e etc.
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    Essi Silva 19.04.2010

    (das minhas coisas ou de mim própria). Sou a do it yourself girl. Diz a minha mãe que com 9 anos num momento de emergência gritei que bastávamos nós as duas e a nossa força de vontade para nos safarmos, porque afinal de contas as mulheres são capazes de bem mais que os homens. (bem, pelo menos aquelas que não são medricas e que não levam epidural)
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