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PSICOLARANJA

O lado paranóico da política

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O lado paranóico da política

Vira o disco... e toca o mesmo!

Guilherme Diaz-Bérrio, 13.01.10

 

 

Continuamos a confundir o acessório com o essencial, as causas com as consequências:

 

O ministro das Finanças, Teixeira dos Santos, afirmou, à saída do almoço de empresários da Câmara de Comércio e Indústria Luso-Espanhola, que "os nímeros do Banco de Portugal são positivos porque confirmam que as previsões para 2009 nao foram tão profundas e revelam um crescimento positivo já em 2010, e ainda maior em 2011. É um crescimento que importa que seja sustentado, duradouro e capaz de deter o agravamento do desemprego"

 

Portugal deverá crescer 1,4% em 2011

 

Na missiva, os sociais-democratas defendiam que o Governo deve definir uma “trajectória de médio prazo” no Orçamento de Estado deste ano, com o objectivo de inverter a tendência de crescimento do endividamento externo do país e corrigir o desequilíbrio das contas públicas, “através de uma estratégia assente na redução do peso da despesa pública do PIB e não no aumento de impostos”.

 

PSD: carta enviada a Lacão "foca pontos importantes" para "inverter trajectória" económica

 

Algumas breves notas:

Em primeiro lugar, mas qual retoma?! Com os nossos níveis de endividamento global da Economia, temos de crescer 3 a 5 por cento só para manter tudo como está. Até lá estamos a correr atrás de juros! (Favor repetir 100 vezes: Rendimento Nacional Bruto, Rendimento Nacional Bruto,...).

 

Em segundo lugar, meus senhores - do PS e do PSD - importam-se de olhar para o problema base e não tratar os sintomas?

O deficit público é importante. O risco do Estado está a propagar-se pela Economia inteira e, estamos a caminho de um acidente grave em termos fiscais, além de que temos de reduzir o peso do Estado que está a mais onde não deve, mas - há sempre um "mas" nestas coisas - nada disso (façam o favor de escrever isto 100 vezes no quadro) resolve o deficit externo! 

Pela última vez: o deficit externo é crónico e estrutural. É o principal factor do endividamento externo global (público e privado). Deriva da falta de poupança em Portugal mas - e agora prestem bem atenção sff - do desiquilibrio fundamental da Economia Portugal: excessivo peso do sector não transaccionável (protegido) face ao sector transaccionável!

 

E, para o PSD: Apoiar as "piquenas e médias empresas" não resolve, dado que as "piquenas e médias empresas" (e as micro-nano-mini empresas) orientam-se para o sector mais rentavel: bens não transaccionáveis! E é aqui que reside a causa dos desiquilibrios de produtividade e do deficit externo.

 

Por isso, seria pedir muito que parassem de discutir o acessório e fossem à raiz do problema de uma vez por todas? A "gerência" agradece!

 

Hint: Não é com mais regulação, mais direitos adquiridos, boas punchlines e mais investimento público que lá vão!

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