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PSICOLARANJA

O lado paranóico da política

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O lado paranóico da política

Ringue de Ideias do PSD: António Pinto Leite

PsicoConvidado, 28.10.09

A QUESTÃO GERACIONAL NO PSD

Há uma tese no PSD no sentido de que é necessário fazer um corte geracional. Uma outra visão das coisas, outras caras, outro discurso.

A ideia de renovação, e até de regeneração, é positiva, em si mesma, mas já não faz sentido quando tida como condição prévia de eleição de um líder partidário e, ainda por cima, de um candidato a primeiro ministro.

Esta ideia de que só há escolhas possíveis abaixo dos quarenta e cinco anos é artificial e perigosa.

Artificial, porque não compara a verdadeira idade das pessoas, a sua juventude de espírito e a sua energia vital.

Perigosa, porque exclui, pelo bilhete de identidade, pessoas com competências acumuladas, com notoriedade solidamente construída e com valor acrescentado em termos de credibilidade.

Depois, faz passar a ideia de que há um PSD dos velhos e outro dos novos, os ultrapassados e os “modernos”, aqueles que os portugueses hão-de perceber e aqueles que os portugueses já não suportam. Parece que não há PSD, houve um e há-de haver outro.

Nada disto corresponde à realidade e, muito menos, ao interesse do PSD.

A selecção geracional faz-se naturalmente, por mérito e por ideias políticas, não por decreto.

O ideal é que surjam pessoas novas, sem dúvida, com elevado potencial, sustentado em talentos firmados.

Com densidade cultural, com testada visão de Estado, com obra suficiente na vida que assegure capacidade de realização e com esse pequeno detalhe, para além da capacidade de vencer eleições, de serem verdadeiros líderes.

Tenho, não escondo, atracção pelos processos contínuos de rejuvenescimento das organizações, pela tensão criadora e pelos altos resultados que esses ambientes produzem.

Mas também sou drasticamente contra, por achar uma estupidez, desdenhar e afastar do espaço decisivo das organizações pessoas excepcionais, mais velhas mas com energia e talento dificilmente repetíveis.

O PSD não deve ter medo de uma mudança geracional, mas não deve promovê-la num quadro dicotómico geracional.

Francisco Sá Carneiro foi líder com pouco mais de 40 anos, Cavaco Silva foi perto dos 45 e Mota Pinto também. Francisco Balsemão, em 1980, pouco mais de 40 anos tinha e José Manuel Durão Barroso, em 2002, tinha 45 anos. Pedro Santana Lopes substituiu-o, em 2004, com 47 anos. Alberto João Jardim chegou a líder da Madeira ainda na casa dos 30.

A história demonstra que não há qualquer drama no factor idade, antes pelo contrário, a história do PSD está associada a líderes jovens.

Mas não façamos tudo de pernas para o ar: é o mérito, a visão, a autoridade natural, a paixão e o carisma que distinguem os líderes e os distinguem desde jovens.

É-se líder jovem não porque se é jovem mas porque se é líder.

 

António Pinto Leite

 

* Artigo publicado também no Expresso, que o autor gentilmente utilizou para o nosso desafio.

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