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PSICOLARANJA

O lado paranóico da política

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O lado paranóico da política

DISCURSO DA RENTRÉE - não vos disse?

João Lemos Esteves, 30.08.09

 

                                    

 

Após dois meses de praticamente interrupção política, dominados pela euforia em torno do cada vez mais forte Benfica, eis que finalmente o período político decisivo chega. Chega com o discurso de Ferreira leite a encerrar a Universidade de Verão 2009. E  - apraz-me dizê-lo - chega bem para o PSD.

 

O discurso dividiu-se em duas partes: primeiro, diagnosticou os eros mais salientes da governação socrática;depois, sublinhou as propostas programáticas mais emblemáticas do partido. Certeira na crítica ao governo, insistindo no domínio do Estado pela máquina do PS, na conversão do Estado(aquilo que é de todos nós) numa coutada do PS, onde domina a cultura dos favorzinhos. Por outro lado, realçou novamente aquilo que mais distingue o nosso partido do PS - a defesa intransigente da família e dos valores, como contraponto à defesa irresponsável do PS do casamento e (adopção muito brevemente) entre homossexuais e, no âmbito económico, redução do peso de Estado, mais apoio às pequenas e médias empresas. Balanço globalmente positivo.

 

Em termos oratórios, a líder mantém o (fraco) nível, o que -ao contrário do que a a maioria dos comentadores julgava - vai ser uma vantagem: os eleitores estão fartos da propaganda e da política de mentira de Sócrates e, por conseguinte, querem algo que seja diametralmente diferente. Neste sentido, a naturalidade e uma certa ingenuidade de Ferreira Leite, rejeitando consultores de imagem, teleponto(e não powerpoint), é um trunfo forte - e não um óbice.

 

Por último, é agradável constatar que o tempo confirmou a minha tese, ao contrário do que alguns aqui comentaram: o essencial da estratégia política e o programa do PSD foram revelados por Alexandre Relvas no discurso de abertura da universidade de verão, na segunda-feira (que estranhamente passou ao lado da comunicação social). Ao centro na economia; mais à direita, nos costumes e aspectos comportamentais. A antever e preparar uma coligação governativa com o CDS/PP. Ou, nas palavras de Marcelo Rebelo de Sousa, um programa não para uma, mas para duas eleições.   

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