Aí está o programa eleitoral do PSD...
Finalmente, foi apresentado as grandes linhas que irão nortear o discurso político de Ferreira Leite. Primeira surpresa: fracõ impacto mediático devido à inexistência de surpresas ou soundbytes. Na verdade, o Programa reúne as posições políticas que Ferreira Leite foi assumindo casusisticamente ao longo da sua presidência.
Há que reconhecer, por outro lado, que a apresentação do programa foi tímida - não permite detectar ou prever se o posicionamento político do partido é mais à esquerda ou mais à direita, optando por centrar-se em matérias relativamente incontroversas.
O acento tónico foi posto na economia, com destaque para as políticas de apoio às pequenas e médias empresas, incentivando a diminuição dos custos e um novo modleo para o Pagamento Especial por Conta ( medidas muito positivas) e na Justiça com a introdução de prazos de duração para os processos judiciais(proposto que merece ser aplaudida).
Da leitura do programa resulta evidente a marca Pacheco Pereira, que há muito preconiza a teoria das medidas de curto prazo - os eleitores devem saber aquilo que a candidatura vencedora fará assim que ganhe e não projectos estruturais ou de longa duração.
Por último, agora percebe-se melhor por que razão Ferreira Leite excluiu Passos Coelho da lista de deputados: é que, como já aqui referi, o programa é claramente centrista no que concerne à área económica, geneticamente social-democrata e sabemos que o pensamento de Ferreira Leite (embora o programa neste ponto seja omisso) é mais conservadora a nível de costumes. Já Passos Coelho é o contrário: é de direita na economia, defendendo sem precedentes na história do partido, o liberalismo puro e liberal em matéria de costumes, defendendo o casamento homossexual e outras "causas fracturantes". Donde, por incrível que pareça, o programa de Sócrates aproxima-se mais, do ponto de vista político-ideológico, de Ferreira Leite do que o de Passos Coelho. Passos Coelho está longe da actual linha do partido - mais longe do que Sócrates. Como é que um militante nestas condições pode defender o nosso projecto par ao país? - pensou Ferreira Leite, agindo em conformidade.
Por último, ressalvo que a aproximação entre o programa do PS e o do PSD não é problema dos sociais-democratas, não é problema nosso. O problema é do PS - Sócrates desfigurou o partido, dando uma forte guinada à direita inicialmente e, depois, centrizando-o. Nós permanecemos no mesmo lugar político há cerca de 30 anos - é agradável sentir que o PS, para ganhar eleições, tem que nos dar razão...