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PSICOLARANJA

O lado paranóico da política

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O lado paranóico da política

MAIL ABERTO A MANUELA FERREIRA LEITE

João Lemos Esteves, 09.08.09

 

                         

 

Cara Dr. Manuela Ferreira Leite, Presidente do Partido Social-democrata,

 

Começo por confessar que não considero que tenha o perfil de líder que o PSD precisava neste momento decisivo para o futuro do país. Acrescento também que não sou um indefectível ou um seu apoiante incondicional - de facto, não a apoiei nas últimas directas (com um trio de candidatos, aliás, fraco tendo em conta a necessidade de revitalização do partido na altura). Todavia, entendo que na vida política, salvaguardando sempre a liberdade de exprimirmos aquilo que pensamos a cada momento, há momentos para discordar e momentos para caminharmos lado a lado, procurando defender a imagem do partido a que temos o  orgulho e e a convicção de pertencer, pois sabemos que só o PSD pode ser a alavanca para um futuro melhor para os portugueses.

 

Pois bem, a semana que agora termina foi - acredito! - muito penosa para si. Elaborar listas para as legislativas é, no actual quadro da vida partidária, como passar o cabo das tormentas - há sempre um Monstro disposto a aparecer para aterrorizar quem ousa afrontá-lo. Desce lugar, sobe lougar, tira este, mete aquele - é um corropio de trocas de nomes, de finca-pé de distritais, de demonstrações de forças dos que pensam que serão qualquer dia presidentes do partido (porque, talvez, está escrito nas estrelas, como diria um nosso companheiro noutros tempos), enfim, uma verdadeira luta fratricida que acaba por não dignificar ninguém. Nem a senhora, nem os seus declarados e escondidos (e afecta até os de circunstância) adversários internos que, em vez, de construirem uma estratégia que lhes dê uma visibilidade exterior, apresentando ideias e propostas para o país, insistem em concretizar os seus planos pessoais de poder numa lógica interna, de derrube do poder actual. Não vou nominalizar, mas decerto que, nesta matéria, a Dr.ª e eu estamos em plena sintonia mental, verdadeira telepatia (será Passos Coelho? será Morais Sarmento?). 

 

Obviamnete - e porque não podemos negar a evidência - cometeram-se alguns erros (evitáveis) no processo de constituição das listas. Por que integrou Maria José Nogueira Pinto (que não é certo que seja uma mais valia) e não mais independentes, mais ao centro, numa lógica de abertura à sociedade civil? Assim, para que serviram as muitas sessões do Portugal de Verdade e onde fica o papel do instituto Francisco Sá Carneiro, que se pretendia valorizar? Deixa a sensação de mais do mesmo. Por outro lado, é verdade que há um reforço da aposta nos jovens, mas mesmo assim com opções difícil de explicar como , por exemplo, no distrito de Lisboa, o presidente da distrital da JSD aparecer atrás de Joaquim Biancard Cruz, que apareceu nas listas das europeias e que irá substituir Rangel dadas as ambições políticas nacionais deste último (e que não faz questão de esconder). Sei que aqui as responsabilidades não são (exclusiva ou principalmente) suas, mas das duas uma: ou se acha que o Presidente da distrital de Lisboa é muito mau para ser deputado ou faz parte de uma estratégia política da nacional ,concertada com a distrital, muito sofisticada- tão sofisticada que ainda não percebi.

Já para não falar da inclusão de António Preto e Helena Lopes da Costa - erro crasso. Em política, não nos podemos mover apenas (nem sobretudo) por sentimentos pessoais, na lógica da amizade. Com esta escolha (que tem a sua marca, cara dr.ª Ferreira Leite) a sua imagem de credibilidade, de seriedade, de líder de uma só palavra foi objectivamente beliscada. Não lhe ficou bem - e tenho a certeza que ainda hoje tem remorsos ou arrependimentos súbitos e ligeiros por essa escolha...

 

Compreendo que se sinta agastada com as críticas que lhe têm sido dirigidas nos últimos dias. A mais fundamentada de todas terá sido a do Professor Marcelo Rebelo de Sousa no SOL, cujas opiniões levamos sempre muito a sério e ouvimos com atenção. As palavras do professor devem ser encaradas como um alerta, um aviso de que devemos cimentar a união no partido - e não aprofundar a divisão. Sei que a Dr.ª mantém uma relação de amizade com o Professor desde há muito e admira a sua inteligência analítica - decerto vai reflectir nas palavras que o professor proferiu acerca das listas.

 

Concluo com o essencial: há discordâncias, há divergências. Ainda bem que assim é: o pluralismo só fortalece o PSD. O que importa é que temos todos (passos  coelhistas, santanistas ou outros istas) um denominador comum: queremos o melhor para Portugal e sabemos que o país se afunda dia após dia enquanto o Primeiro-Ministro se chamar José Sócrates. Por minha parte, Dr.ª Ferreira Leite, estarei a seu lado, relevando aquilo que nos une e relativizando as divergências que mantenho em relação á sua estratégia política. Porquê? Porque não quero ficar com o trauma moral de, desgastando-a a um mês das eleições, contribuir para a vitória de Sócrates e do moribundo Partido Socialista - ou seja, contribuir para um verdadeira tragédia nacional. 

 

Respeitosamente,

 

João Lemos Esteves

 

 

 

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