Foram cardos foram (p)rosas
O recente caso do BPN e o ainda mais recente "caso Dias Loureiro" vêm, quanto a mim, reanimar uma polémica que me diz muito - a do Arguido político. É que, com os constantes zun-zuns que se ouvem, com as declarações dúbias vindas de toda a parte e com o subsequente aproveitamento político, quer por via tácita, quer por comportamentos explícitos, há um anátema que se cria sobre a pessoa e que dificilmente se supera pela mera explicação da própria.
Não me entendam mal, não estou aqui a defender Dias Loureiro, nem me cabe a mim fazê-lo, muito menos acusá-lo, agora o que me parece inadmissível é que se deixe o lancinante boato crescer ou morrer consoante as necessidades políticas mais abjectas.
Neste sentido, as declarações do deputado socialista Ricardo Rodrigues são tristemente paradigmáticas quando "justifica a decisão por só agora a opinião pública ter manifestado de forma inequívoca motivos para avançar com o inquérito.
«Na verdade ainda não tinha havido na opinião pública e na comunicação social as afirmações dos últimos dias, que são contraditórias e que deixam os portugueses incrédulos sobre quem fala a verdade», afirmou Ricardo Rodrigues."
Portanto, são a opinião pública e a comunicação social a comandar o timing e relevância das comissões parlamentares?! Parece-me um critério assassino, tanto mais que no domínio do direito, quem se sentir violentado por suspeitas, pode pedir para ser constituído arguido (59.º/2 CPP) e ver cabalmente esclarecidas as dúvidas que se levantam sobre si, enquanto que na política mando o critério de César (ser e parecer) e não existe qualquer hipótese de quem vê o seu nome chafurdado na lama defender-se por idêntico instrumento.