Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

PSICOLARANJA

O lado paranóico da política

PSICOLARANJA

O lado paranóico da política

SER TRABALHA/EMPREENDE-dor não doí!

Isa de Pinho Monteiro, 18.03.12

A mudança de paradigma no empreendedorismo português - do patrão quase analfabeto às spin-offs de tecnologia de ponta.



 

Na edição deste ano da Revista Forbes, Américo Amorim volta a ser o primeiro Português a aparecer na lista dos mais ricos. Posicionado mundialmente no lugar 242, a sua fortuna é estimada em 4400 milhões de dólares. Numa altura em que é desesperante a situação de elevado desemprego entre jovens portugueses licenciados e qualificados, torna-se interessante perceber por que é que, apesar de nunca ter estudado para além do ensino básico, Américo Amorim, não só, nunca teve problemas em ter emprego, como emprega há décadas centenas de doutores e engenheiros. “Não sou rico, sou trabalhador”, é como se define o homem que transformou uma pequena fábrica de cortiça implementada pelo seu avô, no maior produtor mundial de cortiça, a Corticeira Amorim. Hoje também com negócios na área da energia, imobiliário, banca e turismo, e com o seu mérito reconhecido pela atribuição de um doutoramento honoris causa pela Universidade de  St. John’s Nova York, o “Sr. Américo” não precisou de fazer um MBA (Master of Business and Administration) para fazer da sorte apenas a junção da preparação com a oportunidade, e estabelecer relações comerciais com todo o mundo globalizado. Américo Amorim não é o único empresário português de sucesso sem estudos universitários. Rui Nabeiro, fundador do Grupo Delta não estudou para além da quarta classe. São apenas dois exemplos que espelham o tecido empreendedor português.

Dados do Instituto Nacional de Estatística (INE) de 2008, mostram que 81% dos patrões portugueses possuem habilitações inferiores ao ensino secundário, 10% detêm o ensino secundário e apenas 9% estudaram na Universidade. O padrão português não coincide, contudo, com a média dos 27 na União Europeia, em que 27% dos patrões têm estudos superiores, 45% concluíram o secundário e apenas 28% têm habilitações inferiores ao secundário.

O homem classificado pela revista Forbes como o homem mais rico do mundo, pela terceira vez consecutiva, o mexicano Carlos Slim Helu, concluiu a Licenciatura na Universidade Autónoma do México. Os mais ricos dos Estados Unidos passaram por Harvard, Stanford, Columbia, Penn, Chicago, MIT, entre outras universidades de peso...Torna-se pertinente a questão: faz diferença ou não estudar para ser um líder de sucesso? A mim, parece-me óbvio que uma empresa com uma base de conhecimento sólido, forte em técnica e com uma estratégia inovadora tem condições muito mais competitivas para ser mais organizada, produtiva e eficiente. Muitas das empresas de sucesso em Portugal começaram com pequenos negócios familiares, são baseadas na transformação e na mão de obra (tendo muitas vezes que importar toda a matéria prima necessária ao fabrico dos produtos) e limitam-se a reproduzir algum produto ou serviço que viram no estrangeiro. O que está errado em Portugal para a maioria dos líderes serem “self made men” e não terem precisado das universidades para vencer? Por que é que as Universidades portuguesas não fabricam líderes? Será o problema cultural dos brandos costumes ou a teoria que não se fazem líderes, mas nasce-se líder? Ou será que as universidades, na verdade, não estão a ensinar nada que interesse para o mundo real? Hoje fala-se muito mais em ensinar os alunos a ser empreendedores, mas como?

 

- Os cursos em Portugal não ensinam a FAZER, há mais teoria que prática, após três anos no ensino superior, a maioria dos alunos acha que ainda não aprendeu a fazer/concretizar nada em concreto. No mundo real não basta aprender como se faz. O aluno tem de saber fazer e fazê-lo. Uma solução para este aspecto seria integrar durante o curso, estágios de curta duração em empresas da área de estudo, em que os alunos teriam de resolver problemas da empresa, fazendo um estudo de análise, pesquisa e teste.  A maior proximidade e  coordenação das empresas com as universidades é crucial. Compensa investir nesta sinergia pois ambas as partes lucram: a empresa conseguiria inovar e resolver alguns dos seus problemas e os alunos aprendiam com a experiência, que poderia abrir portas para um futuro emprego ou, por exemplo, a empresa poderia pagar parte ou a totalidade do valor da propina ao aluno.

 

- As licenciaturas e mestrados em gestão, economia e engenharia deviam incluir obrigatoriamente uma disciplina de empreendedorismo, em que os alunos teriam de simular todas as etapas da criação de uma empresa e no final fazer um teste de viabilidade. No caso da ideia ser viável, a Universidade devia providenciar as ferramentas e instalações necessárias ao início da empresa.

 

- Sendo a inovação a essência do desenvolvimento tecnológico, é crucial saber proteger a invenção. Patentear ainda não é muito popular em Portugal e a grande maioria dos alunos universitários não são ensinados a preencher uma patente ou por onde começar no processo de protecção da propriedade intelectual. É fundamental a inclusão desta matéria nos programas obrigatórios.

 

- A intervenção na produção de novas ideias deve começar cedo e ser incentivada. Não existe melhor forma de aprender, senão fazendo. Um artigo publicado na edição de Fevereiro da revista The Scientist enfatiza que a incorporação do trabalho científico e experimental no currículo obrigatório dos alunos que estão a começar  a universidade, não só melhora a sua aprendizagem, como aumenta o número de alunos interessados em seguir uma carreira com uma forte componente tecnológica e científica.

 

- O compromisso deve ser privilegiado, há muitas ideias boas que acabam por morrer por ninguém querer tomar conta delas. O financiamento de spin-offs deveria implicar um compromisso dos responsáveis em permanecer na empresa por um determinado período de tempo e ao cumprimento de objectivos concretos, de forma a evitar o abandono do projecto após término do financiamento inicial ou a má gestão dos recursos.

 

Apesar de ainda não estarmos ao nível de países como a Suíça, Alemanha ou Estados Unidos que apostam fortemente na inovação, verifica-se uma evolução muito favorável. A “crise” e a falta de emprego imediato dos jovens qualificados tem levado a que aqueles que conseguem financiamento permaneçam nas universidades e desenvolvam tecnologias, que muitas vezes levam a criação de novas empresas, criando assim os seus próprios empregos. Em geral, a criação de spin-offs nunca foi tão incentivada como agora, com a abertura de parques tecnológicos e incubadoras de empresas, bem como a crescente organização de competições para obtenção de financiamento inicial. Existem ainda alguns (bons) exemplos em que a investigação é a base da empresa, como é o caso da Bial. A farmacêutica desenvolveu o primeiro medicamento 100% português a ser exportado para a Europa e Estados Unidos. A Bial financia investigação através da sua fundação e abriu recentemente uma nova unidade de investigação e produção de vacinas antialérgicas e meios de diagnostico.

 

Investir na inovação custa tempo e dinheiro, mas leva à criação de produtos únicos e de alto valor acrescentado, sendo essencial uma mão de obra altamente especializada. Em Portugal, é preciso arriscar mais e ser-se mais agressivo, haver mais ousadia e coragem para acreditar numa ideia , optimismo e perseverança para a transformar em realidade. Deixámos de ser um país de mão de obra barata onde outros países localizavam a sua produção. O nosso alvo terá agora que ser saber fazer o que mais ninguém sabe, produzir e exportar.  Apesar de não sermos um país rico em recursos naturais, somos um povo inovador e criativo, começámos a globalização, fomos primeiro “por mares nunca dantes navegados”. Está mais que na hora de aproveitar todo o potencial dos jovens portugueses.

The Call of the Entrepreneur

Ricardo Campelo de Magalhães, 17.03.12

Como é fim-de-semana, deixo-vos para pensar um bocado um dos melhores vídeos de sempre para compreender a Economia.

[youtube=http://www.youtube.com/watch?feature=player_embedded&v=ROFJKd9hkkA]

Conta a história de 3 Empreendedores: um agricultor em Evart, um financeiro em Nova Iorque e um refugiado Comunista em Hong Kong. Robert Sirico, Michael Novak, George Gilder e outros membros do Instituto Acton usam aqueles 3 exemplos para exemplificar como os Empreendedores mudam o mundo.

Quem quiser ver o vídeo fale comigo pois eu fiquei com ele após o Campo da Liberdade Porto 2010.

Links Recomendados: Site (Trailer - R), no Blogtrepreneur Instituto Acton (Princípios) (Brasileiro)

Elegância em Política

Diogo Agostinho, 15.03.12

Sabemos que vivemos tempos em que o que mais conta é o “eu”, em detrimento do “nós”. Tem sido assim e acentua-se a cada dia que passa. No mundo da política então é prática mais que recorrente.

 

É vê-los assassinar pessoas bem vivas. É vê-los deitar abaixo, espezinhar, não contentes, mesmo quando já não estão no cargo, continua-se a bater. Ora, como se sabe, é através de um alvo que se unem as hostes. E eles lá andam por aí... bem presentes, em cafés ou prefácios, em almoços ou encontros.

 

Existe de facto, falta de ética na política, mas não vou entrar nesse caminho. Existe sobretudo falta de elegância e sinceridade. Pois. Elegância nos actos e na nobreza de não atacar o outro de forma gratuita ou muitas vezes pessoal. Sinceridade porque cada vez mais vemos ratos no esgoto a combinar e descombinar sem se assumirem. Posturas... Obviamente que o segredo é por vezes a alma do negócio, já diziam os entendidos. Porém a conspiração e a falta de coragem de enfrentar é gritante nos dias que correm.

 

Elegância precisa-se...

Tão longe e tão perto...

Diogo Agostinho, 12.03.12

 

 

Parece que falta uma eternidade, mas já temos os jornais a falarem muito sobre o tema. É um tema quente, sobre pessoas, sobre vontades e capacidades, um tema que, pela actual envolvente, também serve para enfraquecer quem ocupa o lugar.

 

Belém parece estar longe, mas estas semanas têm sido atribuladas em recados e recadinhos. Agora sabemos que um dos eternos putativos escolheu a "Casa de Bragança" a Belém. O eterno quase tudo parece não perder esse caminho, quase foi, quase avançou, quase. Mas vai ser uma campanha muito interessante. Espero por diversidade e liberdade. De todos os lados, quadrantes e sectores e de todos os eleitores. Que se apresentem todos, que tenham coragem de fazer o seu caminho, venham de onde quiserem, de Bruxelas ou da Faculdade, de Fundações ou Parlamentos, dos Paços do Concelho ou de Paris. Venham a jogo!

 

Os tempos requerem pessoas de fibra e com... coragem!

SIMOTAN VI

Ricardo Campelo de Magalhães, 11.03.12

Segue um e-mail que recebi sobre a próxima Simulação da NATO em Portugal:

Caros(as) e distintos(as) colegas,

É com imenso prazer que envio este e-mail para vos convidar a candidatarem-se a uma iniciativa da autoria da Associação da Juventude Portuguesa do Atlântico e da Comissão Portuguesa do Atlântico: SIMOTAN - Uma Simulação de Crise do Conselho da NATO.

Não tendo havido nenhuma edição deste evento usualmente anual em 2011, devido a restrições orçamentais e assuntos de logística derivados da organização da NATO Atlantic Youth Summit (NATO's YAS) em Lisboa, é uma honra anunciar que este ano já nos vemos capazes de vos convidar a todos a tentarem participar nesta entusiasmante e dinâmica VI edição da nossa 'Council Crisis Simulation', que ocorrerá em Lisboa, no Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas, de 24 de Maio a 27 de Maio.

Os detalhes particulares encontram-se melhor explicados na Carta de Convite em anexo, assim como o resto da informação necessária. O Formulário para Inscrição também se encontra em anexo.

Esta iniciativa provar-se-á certamente como um evento internacional cuja participação deveria ser uma prioridade para qualquer jovem académico(a), ou profissional, que trabalhe ou deseje trabalhar nas áreas relacionadas com Defesa, Segurança, Organizações Internacionais e Geopolítica e que queira experimentar de perto a tensão inerente a negociações diplomáticas, processos de consenso e de comprometimento, e às 'negociatas' políticas que ocorrem quando a integridade da Ordem Internacional é colocada em questão e/ou perigo.

De igual forma, todos os participantes terão a oportunidade única de conhecerem novas perspectivas advindas de toda uma panóplia de culturas, nacionalidades e escolas académicas - algo que irá certamente enriquecer as visões e conhecimento de cada um(a).

Para todos aqueles que não conseguirão participar de todo, e mesmo para aqueles que conseguirão, pedimos-vos que reencaminhei este convite e respectivos anexos para quem conheçam e que tenha interesse em participar num evento deste género. É efectivamente uma iniciativa que serve o propósito de promover conhecimento e experiência nas áreas supracitadas de forma dinâmica, 'divertida' e o mais realista possível.

Espero ver-vos na SIMOTAN VI.

Com os melhores cumprimentos,

João Teixeira de Freitas

President

Portuguese Atlantic Youth Association

PS: A língua oficial (working language) do evento será o Inglês, dada a natureza e estrutura das temáticas da SIMOTAN, assim como a envolvência de outras nacionalidades.

Se são jovens e vos interessam áreas como Defesa, Segurança, Organizações Internacionais e Geopolítica, recomendo vivamente.

Estive na V edição, em 2010 e recomendo-vos pessoalmente a presença neste evento.

Olhe que não, dr. Mexia!

Guilherme Diaz-Bérrio, 08.03.12

presidente executivo da EDP afirmou hoje que "a questão da existência de rendas é um falso problema", negando haver ganhos excessivos da empresa, ao contrário do que o Governo e a 'troika' têm afirmado. 

i Online

Até gosto de António Mexia, mas gostava mais de não ser "roubado" quando pago a minha conta de electricidade.

 

O problema da Energia em Portugal é até razoavelmente simples de entender:

Um terço da factura de electricidade são "Custos de Interesse Económico Geral" - leia-se, pagar o "sonho das renovaveis" e investimentos que as empresas de energia fizeram nos últimos anos  - e a existência de um Monopólio Privado num mercado liberalizado de "faz de conta".

  

Não preciso de dizer a um economista como António Mexia que, isto tem um nome em Economia: "Rent seeking Monopoly" e é o principal custo social de um monopólio! Se eu fosse dono de uma empresa, e pudesse transferir os custos dos meus investimentos totalmente para o consumidor, que não teria alternativa, também eu saberia gerir uma empresa muito bem!

 

PS(D): Gosto do timming de comunicação do resultado da auditoria aos preços da energia, e da intenção do governo de intervir: depois de já terem arrecadado o dinheiro da venda aos chineses. 

Governo e as Fundações

Ricardo Campelo de Magalhães, 04.03.12

Fundações vão ser reduzidas a metade. (Como era em 2009)

Uma medida que só peca por tardia. Mas estamos a falar da função pública. ;)

Seja como for, conhecer onde é gasto o dinheiro e diminuir os gastos têm de ser 2 prioridades deste governo.

 

 

Pedro Passos Coelho volta a surpreender pela positiva. Já sabia que ele ia ser melhor que o Sócrates (óbvio), mas que ele estaria disposto a ir contra interesses instalados e, mais ainda, atacar modos de satisfazer clientelas (que também podiam ser usados pelas suas) e logo no 1º ano de mandato, é algo que eu não estava à espera. Este liberal aqui vai passar melhor o fim-de-semana. :)

A dívida pública e a dívida privada ... o caso das autarquias!

Hugo Carneiro, 01.03.12

 

 

 

 

Costuma-se falar muito da dívida pública e da necessidade de Portugal cumprir o que fixou no memorando com a troika. Contudo, tantas vezes se esquece uma questão muito importante, que se prende com o stock de dívida privada, seja esta detida pelas famílias ou pelas empresas privadas. E no gráfico conseguimos perceber que o assunto ganha, também, especial relevo no caso português, uma vez que Portugal se apresenta com um dos maiores níveis de endividamento privado em percentagem do PIB, na Europa.

 

Mas vamos aos números... a dívida pública portuguesa representa 138% do PIB, incluindo o sector empresarial do Estado (27%) e excluindo o sector financeiro do Estado. Aquele valor significa qualquer coisa como 235 mil milhões de euros.

 

Contudo, a dívida privada assume uma percentagem manifestamente mais assustadora... 280,3% PIB, isto é, famílias e empresas privadas são responsáveis por 479 mil milhões de euros (excluindo-se o sector financeiro privado).

Por aqui se percebe que qualquer medida de ordem fiscal deve ser muito bem ponderada, porquanto se depreende dos dados apresentados que os portugueses estão sobreendividados, muito para lá do que seria desejável. 

E, note-se que se a Itália, por exemplo, se apresenta também com um endividamento público elevado, esta dívida está porém internalizada, sendo detida pelos italianos. O mesmo não sucede com Portugal, onde quer o sector público, quer o sector privado estão muito endividados, encontrando-se os seus credores no exterior.

 

Um outro assunto que merece, igualmente, apontamento é o que se prende com o endividamento das autarquias e regiões, tantas vezes apelidadas de responsáveis pela crise portuguesa. Contudo, vistos os dados, a dívida pública da responsabilidade das autarquias e regiões é de apenas 8,2% PIB, isto é 14 mil milhões de euros. Note-se que quando comparado com as empresas públicas (RTP, REFER, Estradas de Portugal,...), falamos de um valor muito inferior.

 

Os dados evidenciados demonstram a necessidade de políticas que estimulem a poupança, visto que a taxa de poupança em Portugal ronda os 8% do PIB, contrastando com os cerca de 22% da Alemanha, Áustria, Holanda e Luxemburgo.

 

 

Fonte: dados do Banco de Portugal e gráfico do Eurostat.

 

Bem dito!

Diogo Agostinho, 01.03.12

 

Neste deserto de pessoas interessantes e apelativas na faixa dos 40 e 30 anos, é bem-vindo José Eduardo Martins com a sua assertividade.

 

De facto, quando existe uma limitação, não podemos dançar para outra cadeira. 3 mandatos são mais que suficientes para se deixar obra. Nesse sentido, quem cumpre os seus 3 mandatos deixa o legado a outro. Novas ideias, novas filosofias. Refrescar que faz tão bem.

 

Ora, espero que se perceba que isto de limitação não é brincadeira para distrair. É mesmo para...Renovar e não rodar!

Pág. 2/2