Obama – “o gajo porreiro” que não fez nada (?)
Sem dúvida que até dia 6 de Novembro, muita água irá correr...contudo, neste momento, o entusiasmo com que os Americanos apoiaram Obama em 2008, não se compara com o desinteresse gerado pelo desampontamento de 2012. Quatro anos depois da sua eleição, poucos conseguem justificar a atribuição do Prémio Nobel da Paz em 2009, apenas doze dias após iniciar funções. Parece que o “yes, we can” perdeu a piada, afinal era apenas um slogan inventado num gabinete de publicidade, sem conteúdo programático, apenas para alegrar as massas, que se traduziu em bem menos do que o esperado. Sem dúvida que Obama gerou simpatia, mas estará à altura para resolver os problemas da América? Obama está claramente em desvantagem porque criou demasiada expectativa. A reforma na saúde levou, indubitavelmente, à queda da popularidade de Obama. A maioria dos Americanos não percebe muito bem todos os detalhes da reforma e não quer pagar pelo tratamento do vizinho, que tem uma doença crónica, cujo tratamento tem custos altíssimos. Os católicos conservadores acham que Obama discursou num sentido “pró-vida”, que se traduziria numa redução do número de abortos, mas as suas acções foram contraditórias ao incluir, na sua equipa, elementos que defendem o aborto, evitando, por diversas vezes, que fossem aprovadas leis que protegem os embriões e decretando que todos os americanos devem ter acesso a seguros de saúde que incluem anticoncepcionais, esterilizacão e fármacos abortivos.
Obama é criticado por ter sido uma imagem criada pela máquina do partido, tirando vantagem de ser negro e por nunca ter trabalhado, se não na política...Numa altura de forte crise económica e com o desemprego na América nos 8.3%, a população sente-se frustrada e, com a frustração vem a vontade de mudar. Numa cultura empreendedora e de “help yourself”, um modelo social cria repulsão. Afinal, foi para fugir às regras do socialismo, que muitos imigraram para a América, criando os seus negócios e, os que tiveram mais sorte, construindo as suas fortunas, que reclamam totalmente suas. A América não quer ser socialista ou social democrata, o capitalismo liberal faz parte da sua matriz e identidade. Obama, ao querer implementar medidas típicas do modelo social europeu, nomeadamente na aplicação de taxas aos mais ricos e aos capitais, está a criar constrangimento naqueles que souberam aproveitar o capitalismo americano para prosperar nos seus negócios, criando emprego para outros e contribuindo para a economia do país.
Obama é ainda visto por muitos como alguém que não soube ter coragem para enfrentar e resolver rapidamente as situações incómodas, tais como a questão de Guantanamo, a retirada das tropas do Iraque e por fechar os olhos a grandes fraudes financeiras. A data para os soldados americanos voltarem para casa tem sido consecutivamente adiada e, até ao dia de hoje, Guantanamo continua com prisioneiros.
Obama só vencerá as próximas presidenciais se o candidato opositor não se mostrar credível e forte, capaz de resolver a crise financeira e criar empregos na América, e tudo isto terá de coincidir com uma fase de crescimento económico. Muitas pessoas começam a prestar mais atenção a Mitt Romney, apesar deste se ter apresentado como um multi-milionário, que dificilmente percebe como algumas pessoas (sobre)vivem na América. A tradição diz que os Americanos gostam de dar uma segunda oportunidade a quem está na Casa Branca. Com excepção de George H.W. Bush e Jimmy Carter, todos os oito últimos presidentes foram reeleitos por mais quatro anos. Já é possível receber em casa, grátis, um autocolante para o carro “Obama-Biden” e até concorrer para tentar jantar com Obama. Uma gigantesca máquina de promoção da imagem do actual e candidato a futuro Presidente, altera o slogan de “change we can believe in” para “change is”, dando a sensação que Obama pede agora uma segunda oportunidade aos Americanos para finalmente concretizar o que não concluiu no primeiro mandato. Passando da esperança e crença para a acção e execução, o trabalho de marketing pode, sem dúvida, ser decisivo nas próximas presidenciais. Resta saber se os Americanos vão cumprir a tradição ou se a frustração consequente da altíssima expectativa inicialmente criada aniquilou qualquer possibilidade de reeleição.
Esta é minha primeira contribuição para o blog Psicolaranja. Agradeço esta oportunidade de publicar os meus textos. Não concordo com todas as normas do acordo ortográfico e, se ainda ontem, Francisco José Viegas afirmou que este acordo ainda será alterado até 2015, e que cada português é livre para escrever como entender, não encontro qualquer razão para escrever de forma diferente de como me foi ensinado na escola.