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PSICOLARANJA

O lado paranóico da política

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O lado paranóico da política

Obama – “o gajo porreiro” que não fez nada (?)

Isa de Pinho Monteiro, 29.02.12

 

Sem dúvida que até dia 6 de Novembro, muita água irá correr...contudo, neste momento, o entusiasmo com que os Americanos apoiaram Obama em 2008, não se compara com o desinteresse gerado pelo desampontamento de 2012. Quatro anos depois da sua eleição, poucos conseguem justificar a atribuição do Prémio Nobel da Paz em 2009, apenas doze dias após iniciar funções. Parece que o “yes, we can” perdeu a piada, afinal era apenas um  slogan inventado num gabinete de publicidade, sem conteúdo programático, apenas para alegrar as massas, que se traduziu em bem menos do que o esperado. Sem dúvida que Obama gerou simpatia, mas estará à altura para resolver os problemas da América? Obama está claramente em desvantagem porque criou demasiada expectativa. A reforma na saúde levou, indubitavelmente, à queda da popularidade de Obama. A maioria dos Americanos não percebe muito bem todos os detalhes da reforma e não quer pagar pelo tratamento do vizinho, que tem uma doença crónica, cujo tratamento tem custos altíssimos. Os católicos conservadores acham que Obama discursou num sentido “pró-vida”, que se traduziria numa redução do número de abortos, mas as suas acções foram contraditórias ao incluir, na sua equipa, elementos que defendem o aborto, evitando, por diversas vezes, que fossem aprovadas leis que protegem os embriões e decretando que todos os americanos devem ter acesso a seguros de saúde que incluem anticoncepcionais, esterilizacão e fármacos abortivos.

 

Obama é criticado por ter sido uma imagem criada pela máquina do partido, tirando vantagem de ser negro e por nunca ter trabalhado, se não na política...Numa altura de forte crise económica e com o desemprego na América nos 8.3%, a população sente-se frustrada e, com a frustração vem a vontade de mudar. Numa cultura empreendedora e de “help yourself”, um modelo social cria repulsão. Afinal, foi para fugir às regras do socialismo, que muitos imigraram para a América, criando os seus negócios e, os que tiveram mais sorte, construindo as suas fortunas, que reclamam totalmente suas. A América não quer ser socialista ou social democrata, o capitalismo liberal faz parte da sua matriz e identidade. Obama, ao querer implementar medidas típicas do modelo social europeu, nomeadamente na aplicação de taxas aos mais ricos e aos capitais, está a criar constrangimento naqueles que souberam aproveitar o capitalismo americano para prosperar nos seus negócios, criando emprego para outros e contribuindo para a economia do país.

 

Obama é ainda visto por muitos como alguém que não soube ter coragem para enfrentar e resolver rapidamente as situações incómodas, tais como a questão de Guantanamo, a retirada das tropas do Iraque e por fechar os olhos a grandes fraudes financeiras. A data para os soldados americanos voltarem para casa tem sido consecutivamente adiada e, até ao dia de hoje, Guantanamo continua com prisioneiros.

 

Obama só vencerá as próximas presidenciais se o candidato opositor não se mostrar credível e forte, capaz de resolver a crise financeira e criar empregos na América, e tudo isto terá de coincidir com uma fase de crescimento económico. Muitas pessoas começam a prestar mais atenção a Mitt Romney, apesar deste se ter apresentado como um multi-milionário, que dificilmente percebe como algumas pessoas (sobre)vivem na América. A tradição diz que os Americanos gostam de dar uma segunda oportunidade a quem está na Casa Branca. Com excepção de George H.W. Bush e Jimmy Carter, todos os oito últimos presidentes foram reeleitos por mais quatro anos. Já é possível receber em casa, grátis, um autocolante para o carro “Obama-Biden” e até concorrer para tentar jantar com Obama. Uma gigantesca máquina de promoção da imagem do actual e candidato a futuro Presidente, altera o slogan de “change we can believe in” para “change is”, dando a sensação que Obama pede agora uma segunda oportunidade aos Americanos para finalmente concretizar o que não concluiu no primeiro mandato. Passando da esperança e crença para a acção e execução, o trabalho de marketing pode, sem dúvida, ser decisivo nas próximas presidenciais. Resta saber se os Americanos vão cumprir a tradição ou se a frustração consequente da altíssima expectativa inicialmente criada aniquilou qualquer possibilidade de reeleição.

 

 

 

Esta é minha primeira contribuição para o blog Psicolaranja. Agradeço esta oportunidade de publicar os meus textos. Não concordo com todas as normas do acordo ortográfico e, se ainda ontem, Francisco José Viegas afirmou que este acordo ainda será alterado até 2015, e que cada português é livre para escrever como entender, não encontro qualquer razão para escrever de forma diferente de como me foi ensinado na escola.

Esquerdas Coerentes - Aborto Pós-Natal

Ricardo Campelo de Magalhães, 29.02.12

Na reputada revista científica Journal of Medical Ethicsespecialistas na área defendem o Aborto Pós-Natal, ou seja, após o nascimento do feto, como noticiado aqui no Telegraph.

 

Se bem que não é um assunto que tradicionalmente aborde, deixo aqui algumas notas sobre o tema:


1. Discordo em absoluto do Aborto, Pré-Natal ou Pós-Natal.
Na verdade acho mesmo execrável a ideia. E não tenho como humanista quem a defenda...

 

2. Aceito que uma certa esquerda defenda também esta opção, em coerência com o que disse anteriormente.
Obviamente, a minha opinião sobre esta esquerda que concorde com esta medida não vai melhorar...

 

3. Aceito que alguns se comovam e achem isto demais, havendo uma cisão no movimento pró-infanticídio.
Neste caso, estarão a ser incoerentes, mas ao menos terão um mínimo de dignidade...

 

4. Como Minarquista, acho que uma das poucas atribuições do Estado é defender a vida dos cidadãos. Todos.
E sim, a vida começa na concepção pelo que, como Ron Paul, sou a favor da intervenção do Estado aqui!

 

5. Acho deplorável que "cientistas" escrevam o que aqui foi escrito. É de facto uma profissão em crise.
O relativismo instalado está a atingir um ponto que eu penso que terá consequências num futuro próximo.

Pensar que vivi o dia em que Esquerdas mais corajosos e destemidos dizem que matar recém-nascidos é "moralmente equivalente" à interrupção da gravidez, pelo que deve ser permitido...

Vicissitudes feministas

Essi Silva, 27.02.12

 

Não é que goste de antagonizar movimentos, sejam eles quais forem, mas há coisas que acho que extravasam o senso comum.

 

Tenho recebido uns emails das Mulheres Sociais Democratas e ouvido uns burburinhos sobre uma adaptação da lei das quotas aos estatutos do PSD.

 

Há uns longos tempos, escrevi aqui um post sobre a minha revolta no que toca ao dia da mulher.

Sou grata por poder fazer parte de uma sociedade na qual como mulher, tenho os mesmos direitos que o homem, meu par.

 

Somos indivíduos iguais no que toca aos direitos e assim o devemos ser. Fisicamente, anatomicamente, e até certo ponto psico-socialmente somos diferentes. É um facto. Para quê negá-lo quando nos dias de hoje cada um faz o que quer.

 

Em quase 6 anos de JSD, em 4 (salvo erro) enquanto aqutarca, nunca uma única vez me senti inferior, ou limitada, por ser mulher. E para além de ser mulher, ainda sou miúda, com os meus 21 anos.

 

Nunca me senti rebaixada ou ofendida pelo meu sexo.

E isto não aconteceu porque existe uma norma que me proteja, aconteceu porque sempre me esforcei por algo fulcral na dimensão social de todo e qualquer indivíduo – respeito.

 

O respeito não vem por leis de quotas, não advém de movimentos xpto’s, nem tampouco de afastamento da vida política. Vem do que o indivíduo transparece, seja homem ou mulher.

 

Assim, não entendo, porque é que existem Mulheres Sociais Democratas ou Dia da Mulher ou leis de quotas, quando nós, mulheres, não somos nem mais, nem menos do que os homens.

 

Francamente: é horrível andarmos a criar brincadeiras para criar tratamentos diferenciais – que, caso bem me lembro, sempre foi o que as nossas antecessoras tentaram afastar – sujeitando as mulheres a uma imagem terrível que, eu em eleições, pelo menos, não quero ter.

 

Seja num emprego, numa eleição, ou em qualquer esfera, antes de ser mulher, sou a Essi Silva, humana, luso-finlandesa, estudante de Direito, autarca, blogger e ser que pensa, aprende e adora escrever.

 

E se a questão é a da discriminação, então esta também é feita a homens, como ocorre frequentemente em processos judiciais de responsabilidades parentais.

 

Nem é por isso que deixámos de ter uma Assunção Esteves como segunda figura do Estado, uma Manuela Ferreira Leite como líder do partido, ou uma Angela Merkel a coordenar a Europa.

PSD para onde caminhas? Que partidos?

Hugo Carneiro, 25.02.12

Nota prévia: Pois é... este é o meu primeiro post neste blog e portanto espero que o texto que em seguida escrevo esteja à altura deste espaço... Alerto, desde ja, os leitores que recuso nos meus escritos a adopção do acordo ortográfico.

 

A pergunta que lanço pode ser vista sob um ponto de vista retórico, ou sob um ponto de vista empírico.

 

Fui surpreendido hoje por uma notícia do jornal Público, que abordando o congresso que aí vem do PSD, escreve em título "Passos descarta contributos de Aguiar-Branco e refaz o programa". Mais adiante, o jornal escreve, a propósito da reforma estatutária, «Aparentemente, explicam as mesmas fontes, dão mais poder aos militantes, mas "na verdade dão mais poder aos controleiros" e a um pequeno grupo de personalidades».

 

Pois é, sem me focar sobre pessoas ou situações, venho constatando que dentro e fora do PSD, portanto, em todos os partidos, a degenerescência do sistema democrático interno dos partidos se vai acentuando, sendo as excepções cada vez mais ocasionais. O sistema ou os sistemas promovem um aparelho que busca o "controlismo" de quem assume os lugares de poder, minando e reduzindo o pouco espaço que vai existindo para o mérito. A tal ponto que a noção de mérito vem a ser confundida e desvirtuada, quando ouvimos alguns afirmarem que fulano X, porque já foi isto e aquilo, desde há 40 anos no partido, é o melhor quadro que em certo momento se tem, mesmo que o X nunca tenha feito mais nada na vida para além de política. Pois é, aqui começa uma falácia terrível, porquanto o mérito não vem tanto pela capacidade de manter o poder num sistema partidário, que vem a proporcionar óbvias oportunidades de assunção de lugares de governação/executivos, mas sim, pela capacidade de um indivíduo se afirmar sem redes de segurança, num mundo altamente competitivo. Levar à exaustão no mercado as capacidades intelectuais, artesanais, em suma, os dons que cada um de nós poderá ter, e, com isso, ser bem sucedido, aí se encontra uma certa aproximação da ideia de mérito.

 

Por aqui se percebe que a defesa e promoção de sindicatos de voto está no extremo oposto a qualquer ideia de promoção do mérito. A este propósito, deixem que vos diga, que uma vez fui surpreendido, depois de uma intervenção pública em que acusava a existência dessas redes de manipulação eleitoral, que na verdade as minhas palavras eram para alguns militantes "ofensivas". E isto só se explica, pelo que me é dado a entender, pela simples razão de que acusar-se o uso dos instrumentos referidos pode colocar em causa a credibilidade de um partido, a imagem das pessoas. Contudo, todos sabem que isso sucede e é promovido.

Falta, diria, um verdadeiro espírito censório do que se passa nos sistemas de partidos, que venha trazer transparência a tudo isto e que produza consequências.

 

Mas consigo exemplificar-vos mais esta minha ideia com um exemplo hipotético.

Numa certa cidade, num certo país, a certa altura, existem uns militantes que são suspensos por um certo partido, pela comissão de ilícitos disciplinares, que em minha opinião de jurista constituem também ilícitos criminais graves. Com isto, ficam esses militantes suspensos do exercício de qualquer direito junto do partido e dos seus órgãos. Contudo, esses militantes, com conhecimento mais do que geral, continuam a assistir a assembleias de secção ou distritais, sem que ninguém diga absolutamente nada, como se tudo fosse normal e nada se passasse. Note-se que por vezes até aplaudem intervenções e que essa forma de expressão é, em si mesma, uma forma de participação activa numa actividade partidária.

Quer isto dizer que a estipulação de normas disciplinares, que visam coibir a prática de ilícitos, pouca utilidade terão, quando estas situações são admissíveis e permitidas à vista de todos.

 

Mas, deixem-me dizer-vos mais. Imagine-se que há um certo presidente de mesa hipotético, de um hipotético partido, que se vem batendo pela regularidade das assinaturas de candidaturas e respectivos termos de subscrição, quando verifica que possam existir fortes indícios de irregularidades, para não utilizar outro adjectivo. Questiona-se esse presidente de mesa sobre o porquê de não ver que o seu partido e alguns dos outros estabeleçam formas de controlo de assinaturas, para que os processos eleitorais possam ser, para além de toda a dúvida, regulares. Veja-se o caso dos Bancos, em que através de um sistema informático básico de reconhecimento de assinaturas é possível o confronto das mesmas, para aferir certa informação. Porque não existe, por exemplo, um sistema destes alojado nas sedes distritais dos partidos com vista a que um simples presidente de mesa possa exercer as suas competências com tranquilidade de espírito? Pois é, perguntam, mas eu não sei a resposta, estou apenas a especular. 

 

Estes hipotéticos casos e outros plausíveis deixam-me, então, a pensar sobre a notícia do público e sobre os controleiros, e sobre o mérito, para concluir que enquanto não existir um grito de ipiranga contra isto, não esperem que as pessoas passem a acreditar mais nos partidos. Vejo, portanto, com bons olhos algumas sugestões de certa juventude partidária e de certos militantes de certos partidos, quando apresentam algumas propostas que vêm conferir transparência ao sistema. Contudo, todos devem intervir.

 

Afinal, usando algumas ideias de Cícero, embora outras se pudessem acrescentar, o "principal é respeitar a honestidade fundada na prática das virtudes essenciais: a sabedoria, a justiça, a firmeza, a moderação".


Primárias no PSD (para as Autárquicas)

Ricardo Campelo de Magalhães, 23.02.12

Pedro Passos Coelho também surpreende pela positiva. Agora foi a vez de propor a introdução de uma boa-prática Americana:

Primárias nas Autárquicas

Ganham...
... os candidatos que não têm medo de ir a votos
... a transparência do processo e, assim, a qualidade dos candidatos
... as populações que beneficiarão da qualidade dos candidatos

Perdem...
... as elites caciques que até agora tinham maior peso na escolha dos nomes
... os partidos que não sigam o exemplo (algo me diz que o PC não vai mudar...)
... os candidatos que apostam simplesmente em "conhecimentos" para serem candidatos

Outras propostas incluem;
- Reforço dos poderes das distritais na escolha dos deputados
- Quotas para as mulheres nos Órgãos Internos
- Criação de uma Comunidade Virtual (fórum político através da internet para discussão de vários temas, entre militantes e simpatizantes)
- Criação do estatuto de simpatizante

O Congresso do PSD está marcado para 23 a 25 de Março.

Iustitia? O que é isso? - Parte II

Essi Silva, 23.02.12

 

25 de Novembro de 2002

Carlos Silvino - Bibi - funcionário da Casa Pia, é detido por suspeitas de abusos sexuais, no seguimento das denúncias de um escândalo de pedofilia na instituição feitas pelo Expresso.

 

1 de Fevereiro de 2003

Carlos Cruz, Hugo Marçal e Ferreira Diniz detidos pela PJ.

 

21 de Maio de 2003

Um dia após a detenção de Jorge Ritto, Rui Teixeira, juiz de instrução do processo, pede na AR o levantamento da imunidade parlamentar de Paulo Pedroso, que é detido e fica em prisão preventiva.

 

1 de Setembro de 2003

É cancelada a audição por videoconferência para memória futura das 32 vítimas da Casa Pia, com os advogados dos arguidos a pedirem o afastamento do juiz do inquérito, Rui Teixeira.

 

8 de Outubro de 2003

Paulo Pedroso é libertado pelo Tribunal da Relação de Lisboa, já que é questionada a credibilidade dos indícios que haviam levado à detenção do ex-ministro do PS.

 

29 de Dezembro de 2003

O MP acusa dez arguidos - Carlos Cruz, Herman José, Paulo Pedroso, Carlos Silvino, Ferreira Diniz, Jorge Ritto, Hugo Marçal, Manuel Abrantes, o Francisco Alves e Gertrudes Nunes.

 

31 de Maio de 2004

A juíza de instrução Ana Teixeira e Silva decide levar a julgamento sete dos dez arguidos no processo de pedofilia.

 

25 de Novembro de 2004

Tem início no Tribunal da Boa-Hora, em Lisboa, o julgamento, cujo colectivo é chefiado pela juíza Ana Peres. Carlos Silvino, colabora com a acusação e implica todos os arguidos. Carlos Cruz e Manuel Abrantes, os únicos que prestam depoimento, negam as acusações.

 

25 de Novembro de 2005

Bibi é libertado, por ter sido atingido o limite legal de três anos de prisão preventiva, sem haver sentença de julgamento.

O ex-motorista da Casa Pia passa a ser escoltado por três agentes da PSP.

 

24 de Novembro de 2008

Após 407 sessões, iniciam-se as alegações finais do processo.

 

5 de Agosto de 2010

Data agendada para a leitura da sentença. Seis anos, mil testemunhas, centenas de requerimentos processuais e quatro tribunais depois, é marcado o dia para o fim do julgamento.

 

03 Setembro 2010

Tribunal condena seis arguidos a penas de prisão efectiva.

 

23 de Fevereiro 2012

Tribunal anula as penas a Carlos Cruz, Hugo Marçal e Carlos Silvino.

 

 

2002 - 2011

Dez anos de processo para isto?!

 

 

 

 

 

All eyes on Syria

Essi Silva, 23.02.12

 

 

 

Marie Colvin percorrera já muitos cenários complicados na sua carreira jornalística exemplar. Foi modelo para muitos e a sua última peça merece a atenção de todos. (e segundo o NY Post a sua morte foi intencional - apesar da negação do regime de Assad)

 

O facto é que a Síria tem merecido um olhar atento da comunidade internacional. Há quem pense que deverá ser um loop do que se passou no Líbano - não só Clinton abana a cabeça à analogia, como esta é errónea.

 

Defender os civis é uma preocupação clara, mas intervir é um risco. E é um risco não só pela localização geopolítica perigosa da Síria - com possíveis repercussões sobre a Turquia - que partilha 900km de fronteira - já preocupada com a situação, ou Israel, bem como o Irão e os países do Golfo; mas sobretudo porque o vazio que poderá suceder a Assad implica um perigo radicalmente diferente do líbio, com um back-fire devido a um potencial envolvimento de sunitas e do Hezbollah, que já pressiona suficientemente Israel.

 

De um lado, a jihad tem-se preparado ao apoiar a oposição ao regime, de outro, os aliados de Assad como o Irão, a China ou a Rússia têm enviado delegações e feito movimentos armados preocupantes. Conflitos com estes três países são um risco level 5.

Aliás, fervilhar da situação do ponto de vista internacional adensou-se com o veto por parte da China e Rússia a uma moção do Conselho de Segurança da ONU, que pedia um refreamento de Assad, o que lhe deu conforto para bombardear e recuperar território perdido.

Só na passada Terça-feira contavam-se 30 mortos.

Aparentemente, a única solução a adoptar será a de, por um lado os países ocidentais pressionarem e oferecerem ajuda humanitária, por outro os demais Estados opositores, sob a égide da Liga Árabe, a preparar uma resolução, armarem os rebeldes.
Infelizmente, a memória histórica é curta. Também se armaram os afegãos e deu no que deu.

A comunidade internacional, a meu ver, só deve assistir humanitariamente, com o mínimo de intervenção militar possível. Há que respeitar a soberania, conceito esse, que com crises do euro e comunidades e organizações e etc., é um conceito profundamente manietado.


Iustitia? O que é isso?

Essi Silva, 22.02.12

 

Sara Norte foi detida no dia 8 de Fevereiro e sentenciada no dia 21 de Fevereiro. Passaram-se praticamente 15 dias. Isto em Espanha.

 

Foram precisos 13 anos para se julgar alguém, culpado ou inocente, pelo desaprecimento de Rui Pedro.

Os trabalhadores da Têxtil Nórdica demoraram 12 anos a receberem as indemnizações devidas.

 

Há 3 anos, Paula Teixeira da Cruz afirmou com toda a clareza que (a Justiça) não funciona porque os agentes políticos não querem. É que o sistema de justiça depende em primeira linha de actuação do poder político e do poder legislativo, se olharmos para aquilo que modela o sistema judicial é o poder político e o poder legislativo, em particular a legislação criada pelo poder político, ou seja estamos a falar de instituições por um lado e de agentes. Um poder político sem ideias, ou pior muita vezes sob suspeição como claramente agora acontece, só pode fragilizar intencionalmente ou não o sistema judicial, e isto não se deve por acaso. É por isso que os agentes políticos e os programas para a justiça tem que revestir particulares qualidades, os agentes tem de ser não só referenciais como exemplo da própria sociedade e os programas sérios articulários, uma governação cuja legalidade seja contestável, esteja debaixo de suspeita tenderá sempre a matar a justiça, não tenhamos nenhuma dúvida sobre isso e o exemplo da governação Sócrates já lá irei e darei exemplos muito concretos, é muito clara, entanto sempre em conflito com ela e prejudicando o sistema a que Platão chamou a saúde do estado, Platão considerava a justiça a saúde do estado. [..] tenho muita pena de o dizer mas nenhum partido tem dado exemplo nessa matéria, todas as escolhas a que temos assistido para a Assembleia da República, aos agentes que nos representam tem tido todos os critérios menos os critérios fundamentais, escolher aqueles que tenham competência para legislar nas mais diversas matérias… Possivelmente continuamos a não eleger exemplos ou competentes. 

Quanto aos processos judiciais que se eternizam, pois eternizam como é que não se haviam de eternizar? O Ministério Publico é quem tem o exercício da acção penal, quem investiga são os órgãos de polícia criminal. O Ministério Público não manda nos órgãos de polícia criminal, os órgãos de polícia criminal não estão dependentes dos órgãos do Ministério Público. Embora a morosidade não afecte so os processos criminais, mas enfim.

 

Há Justiça em Portugal?

Se calhar até há, mas uma década é muito tempo para aguardar por ela. Veremos quis são os novos passos do nosso Ministério da Justiça. É preciso muita reformulação, e esta reformulação tem de ser para ontem!

 

 

Parlamento e a sua Realidade Paralela

Ricardo Campelo de Magalhães, 21.02.12

Parlamento rejeita beber água da torneira porque sai 30 vezes mais cara.

Como se consegue isto?

 Num documento enviado aos deputados, o Conselho de Administração do Parlamento sustenta que a água engarrafada servida nas reuniões da comissão custa 259,20 euros por mês. Para a água da torneira, o valor a que se chegou foi muito maior. O cálculo incluiu os custos de pessoal “para o enchimento, limpeza, colocação e arrumo dos vasilhames” e chegou à cifra de 2730 euros – cerca de dez vezes o valor para a água mineral. O Conselho de Administração também considerou o custo dos jarros em si, avaliados em 4680 euros – o equivalente a 18 meses de água mineral.

Ou seja: basta na água engarrafada não considerar custo nenhum a não ser a garrafa e na água da torneira considerar os custos com o pessoal (10x o preço das garafinhas) e dos jarros em si (18x o custo das garrafinhas, TODOS OS MESES).

Face a isto:

“Face aos encargos evidenciados, o Conselho de Administração pronunciou-se favoravelmente à utilização de água engarrafada, considerando que o respectivo uso, enquanto recurso geológico nacional distribuído por empresas portuguesas, assegura as melhores condições aos utilizadores internos e aos convidados da Assembleia da República, a um custo sem significado financeiro”, conclui o documento.

Os Senhores Deputados da Comissão de Ambiente elevam a arte de forjar Controles de Custos a uma Arte!

Pormenor de classe: Nunca garrafas médias ou grandes, mas sempre das pequeninas. Sempre em duplicado. Assim se poupa dinheiro em São Bento.

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