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PSICOLARANJA

O lado paranóico da política

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O lado paranóico da política

ASAE desrespeita os direitos mais básicos dos Consumidores

Ricardo Campelo de Magalhães, 13.01.12

Público:

A Autoridade de Segurança Alimentar e Económica [ASAE] já apreendeu 240 mil litros de leite, desde que pôs em em marcha, na quinta-feira, uma operação de fiscalização nas grandes superfícies comerciais, para averiguar denúncias dos produtores sobre a prática de dumping (venda abaixo do preço de custo pago aos produtores).

Comentários:

  1. Modus Operandi. Para se averiguar a referida denúncia não era necessário a "apreensão" (é mais destruição, dado o prazo de validade...) do leite. A qualidade do produto não está em causa. Os hipermercados envolvidos só por este motivo, já têm razões para processar o Estado.
  2. Realidade do Desconto. Antes demais, o desconto praticado pelo Continente não é sobre o leite apreendido. O cliente paga a totalidade do Preço e se pretender o desconto terá de voltar em datas posteriores.
  3. Hábito da prática. Estas são práticas promocionais comuns no mercado. Tratando-se de “marcas brancas” outro objectivo será levar o consumidor à experimentação do leite comercializado com a marca do distribuidor (“cross-selling”). Por vezes, produtores também oferecem produtos com semelhante objectivo e não lhe chamam “dumping”.
  4. Orçamento de Promoção da Lactogal. A Lactogal tem gasto bastante em publicidade para convencer consumidores à compra do seu leite. Agora, como as promoções das “marcas brancas” aparentemente estão a ter melhores resultados (não deve ser leite da Lactogal…), fizeram queixa na ASAE. Maus perdedores! Se pudessem voltar atrás, provavelmente teriam usado grande parte desse orçamento para oferecer leite. É que, por exemplo, a oferta de 240 mil litros custaria-lhes apenas 72 mil euros. Quanto é que gastaram em publicidade??!
Mas na minha opinião isto são fait-divers. O que me choca mesmo é:
  1. Quem estava a perder. A haver alguém a queixar-se, deveriam ser os donos de pequenas superfícies que vendem leite. Não conseguem vender porque os supermercados vendem abaixo do custo a que compram nos produtores. São os maiores prejudicados e não me consta que sequer se tenham pronunciado.
  2. Quem perdeu mais. Obviamente os consumidores. Os mesmos que pagam dos impostos mais asfixiantes da Europa e obtêm do Estado benefícios dos mais baixos da Europa, vêm-se agora obrigados a pagar mais caro por um bem essencial!!! 
  3. Masoquistas. Se o Continente pagava 30 cêntimos e, para atrair consumidores, escolhia esse produto para vender mais barato, então vendia mais leite do que venderia em circunstâncias normais, pois os consumidores substituiam outros bens (menos saudáveis, já agora) por leite. Consequência: os consumidores vão consumir menos leite (preço aumentou...), o Continente vai comprar menos leite e, dado o seu poder negocial, vai continuar a pagar 30 cêntimos aos produtores. Produtores vão continuar a receber 30 cêntimos por MENOS litros de leite.
    Na melhor das hipóteses, pois o Continente pode REDUZIR o preço pago aos produtores para passar a cumprir o que lhe é imposto pela ASAE.
  4. ASAE.  A ASAE obtem assim o efeito de diminuir o consumo de leite, substituir o consumo deste por bens menos saudáveis, diminuir o preço pago aos produtores e aumentar o preço cobrado aos produtores, e obrigar o Continente a atrair clientes de outra forma, provavelmente com mais anúncios da Popota ou com aquele actor a quem saiu a sorte grande.
    Menos saúde, menos consumo, menos produção, mais recursos para pessoas de classe alta, menos liberdade económica. Parabéns Estado.
Enquanto isto, os produtores de leite, que foi quem desencadeou esta loucura, rejubila.
E o mais grave é que a população passa ao lado disto como se isto fosse normal, como se isto fosse Cuba. Ao que chegamos...
Este artigo é baseado num original n'O Insurgente: "Vacas Loucas na ASAE".

Obama mostra as suas cores verdadeiras

Ricardo Campelo de Magalhães, 12.01.12

Um "Liberal" - no sentido Americano - que sempre apoiou Obama, abre os olhos devido a Ron Paul. E vocês:

 

Porque Obama tem de considerar o que diz Ron Paul:

 

Vídeos adicionais: Blacks for Ron Paul, Principais Vídeos da CampanhaRon Paul Leading, The Age of Ron Paul.

Os EUA estão numa Revolução de mentalidades e os meios de comunicação deste burgo ainda estão muito longe de apanhar o comboio.

no céu faz sol. na tv faz chuva

Beatriz Ferreira, 12.01.12

 

Às 11:40 desta manhã foram desligados os emissores de Palmela, Alcácer do Sal, Melides e Sesimbra que fizeram a caixa mágica mexer durante todos estes anos, lançado para a chuva aqueles que, não aderindo a uns serviços pago de televisão por cabo, também não compraram o equipamento que lhes permite continuar a ver televisão.

 

Foram feitas inúmeras críticas à implementação deste sistema em Portugal, por acarretar ainda mais custos para manter um serviço que na prática se apresenta igual (apenas 4 canais. Em Espanha foram oferecidos mais canais com o propósito de integrar os info-excluidos na sociedade da comunicação). A falta de informação também foi um problema pois a informação detalhada foi em massa distribuída pela Internet ou presencialmente, o que exclui uma boa fatia da população portuguesa, especialmente a mais isolada tecnologicamente e que devia ser por isso especialmente protegida.

 

A PT realizou também chamadas telefónicas de esclarecimento, mas como qualquer pessoa que já tenha lido a ficha técnica de uma sondagem ou que seja provida de senso comum sabe, o telefone está muito, mas muito longe de cobrir 100% da população portuguesa. No próprio sítio online que a PT divulga, a informação disponibilizada pode ser facilmente classificada como demasiado técnica para um público-alvo que, mesmo com a escolaridade mínima, sofre de graves problemas de iliteracia.

 

Tudo isto poderia ser um entrave menor à entrada da Televisão Digital Terrestre em Portugal, mas quando estamos a falar em desligar o passatempo da maioria da população Portuguesa, especialmente daquela que já não tem capacidades físicas ou económicas de procurar outra fonte de informação e entretenimento, estes problemas deveriam ter sido ou bem acautelados antes ou impedido agora que a TDT tentasse entrar hoje nas casas dos portugueses.

 

O presidente da PT, Zeinal Bava recusa que exista qualquer conflito de interesses pelo facto da PT ser a empresas responsável pela instalação do sistema de TDT e, simultaneamente, providenciar um serviço pago de televisão. É curioso que quando entramos no sítio online da TDT, a primeira frase com que nos deparamos é “A partir de Janeiro, se não tiver TDT, não vê televisão”. A segunda, uma pergunta feita durante o processo de avaliação da nossa situação é “Tem TV paga?” e quem tem, problemas não terá.

 

Hoje na cerimónia de lançamento da TDT, Miguel Relvas reforçou a importância do um dos objectivos da TDT: “que seja um serviço universal, que chege a 100% dos portugueses” e que a valorização tecnológica contribua para uma maior coesão social e cultural do País. Objectivo falhado, resta-nos a garantia de melhor qualidade de imagem para os mesmos de sempre. Mais do que o lançamento da TDT, esta foi a cerimónia do desligar de milhões de televisões em Portugal.

 

 

Vendo esta imagem do sítio da TDT, ficamos a saber que nos vão oferecer a bola que salta para a bancada ou uma bailarina a esvoaçar pela sala de estar fora
 

O povo maça-se demasiado com a maçonaria...

Rui C Pinto, 06.01.12

Se há titulares de cargos públicos que pertencem a ordens/ grémios/ grupos transparentes ou obscuros/ seitas/ religiões/ associações/ corporações/ <acrescente o ajuntamento interesseiro que lhe aprouver criticar> que lesam o interesse dos seus representantes em detrimento das suas lealdades pessoais, só há uma coisa a fazer: retirar-lhes a confiança política depositada no voto. 

 

Agora, defender que um representante político tem que ver a sua vida privada totalmente depravada é mais uma punhalada na liberdade individual em nome da maldita "transparência" que não é mais que puritanismo de adro de igreja. 

 

Li, hoje, através de um link do Facebook que Marques Mendes defende que os titulares de cargos públicos devem dizer se pertencem à maçonaria. A mim não me preocupa nada que um deputado pertença à maçonaria. Tal como não me preocupa que um deputado pertença à opus dei, a um escritório de advogados, a um conselho de administração, a um executivo camarário, a uma religião, a esta ou aquela famíla, etc., etc., etc. Juro que não preocupa!

 

O que me preocupa é que as listas de candidatos a deputados sejam feitas com o intuito de beneficiar os irmãos da loja maçónica, o primo lá da terra, o vereador lá da câmara, o filho do amigo ou o administrador lá da empresa... E preocupa-me que o deputado lese o interesse de quem representa em função da lealdade que o elegeu. 

 

Portanto, sejamos mais rigorosos na avaliação do serviço público que nos prestam os nossos representantes e menos cuscuvilheiros da vida uns dos outros. Que me importa a mim que um indíviduo adulto queira ir fazer o pino de avental enquanto lhe coçam as costas? O que me importa é saber se esse indíviduo usurpou os seus poderes para beneficiar quem lhe coçou as costas. Se sim, interessa-me que esses dois sejam responsabilizados por tal, e não saber os nomes de todos os outros que também fazem o pino e de todos os outros que coçam costas... 

A tal da 'Diplomacia Económica'...

Miguel Nunes Silva, 05.01.12

 

Esta quarta-feira foi a vez de Paulo Portas se revelar enquanto ministro do novo governo. Depois de Assunção Cristas foi a vez de o MNE vir a público tentar melhorar a imagem do governo com mais uma reforma inovadora e um Ministro dinâmico jovem e energético - aonde é que já vimos isto? Ah pois...

Pelo menos foi essa a intenção ao se criar uma oportunidade mediática com Portas e o corpo diplomático que obteve ampla difusão - em directo em vários canais de televisão por cabo.

 

Enquanto internacionalista residente, este Psicótico vê a responsabilidade de comentar o espectáculo como implícita. Mais importante ainda, vejo esta análise como a mim consignada porque durante a era Socrática fiz questão de comentar a actuação do governo em política externa e tenho agora que ser consequente com o meu percurso.

 

Infelizmente, por muito que eu gostasse de poder afirmar que uma nova era se apresenta na condução da política externa do nosso país, as minhas conclusões são na sua maioria negativas. No entanto, por muito que me custe observar os mesmos erros de sempre a serem cometidos (e custa, acreditem), posso pelo menos orgulhar-me de ser consequente com opiniões que tenho expressado ao longo dos anos.

 

O Ministro Portas fez um discurso longo em prol da diplomacia económica mas enganem-se aqueles que pretendam elogiar uma nova abordagem à diplomacia pois não só não é a diplomacia económica algo de novo - o termo já nos é transmitido bem gasto, pelos sectores económicos Americano e asiático - mas não é tão pouco algo de novo em Portugal. Os governos Sócrates sempre pugnaram pela abordagem económica à política externa e só quem não recorda os périplos de Sócrates e Amado pelo mundo Árabe, pela América Latina e pela China é que poderia sequer sonhar em atribuir a Portas e ao XIX Governo Constitucional o mérito do conceito.

 

Pois bem, nenhuma novidade mas se o conceito é bom aonde está motivo para crítica? O conceito é desde logo problemático porque eu comento de acordo com uma perspectiva política e o termo é técnico. Há uma grande diferença entre diplomacia e política externa: a primeira é táctica e técnica, a segunda é (ou deveria ser) estratégica e política. Mas deixando a semântica de lado, o problema que se põe de imediato é saber qual a estratégia por detrás desta política e a minha análise é negativa sobretudo devido ao facto de o discurso do governo não ter deixado antever qualquer estratégia - muito pelo contrário, parece não querer dar importância à necessidade de uma.

A intenção é simples: fazer negócio o mais possível. Mas o Estado Português não é uma empresa, é uma entidade política. Não sou contra abrir oportunidades ao empreendedorismo e facilitá-lo mas essa é a função do Ministério da Economia. Os diplomatas Portugueses podem ajudar mas não são treinados (nem devem) para ser gestores.

Passo a explicar: que aconteceria se empresas Chinesas e Americanas estivessem ambas interessadas na aquisição da EDP? Aparentemente, de acordo com o paradigma aestratégico do governo, o critério seria 'first come, first served'. Ora isto é ausência de visão. Isto é imediatismo irresponsável e desprezo para com o interesse nacional - o qual é intrinsecamente de longo prazo. Isto é diplomacia de manga de vento pois significa governar ao sabor do vento.

 

Um dos pontos que foi corajosa e orgulhosamente avançado foi o de que a avaliação das missões diplomáticas de Portugal seria agora regido pelo critério das relações comerciais. Uma vez mais isto revela a total ausência de visão ou planeamento estratégico pois vejamos o exemplo do massacre de Santa Cruz: se fosse hoje, Portugal não se bateria pela independência de Timor-leste pois o volume de negócios com a Indonésia é e será sempre superior ao das trocas comerciais com o pequeno Timor.

 

Tudo isto resulta claro da falta de um Conceito Estratégico Nacional. Claro que quando se decide ser escravo da narrativa politicamente correcta de fim-de-História demo-liberal, percebe-se que haja alguma ...'hesitação' em definir ameaças, imperativos estratégicos e critérios de política externa; é chato fazer escolhas pois escolhas implicam decisões, decisões implicam riscos e tomar riscos exige coragem. É tão mais confortável andar ao sabor da maré e esperar pelo melhor...

Mas a outra principal razão não é estrutural e sim de liderança: como avisei ao longo dos últimos anos, o percurso de alguns dos líderes deste governo nunca me inspirou esperança em ver grandes estadistas dali emergir. Detesto dizê-lo mas ...'eu avisei'.

 

Confesso que durante algum tempo mantive alguma esperança de que este governo pudesse ser diferente quando ao apresentar os seus planos de governo decidiu pôr o vector da Lusofonia à frente de o do Atlantismo e de o da Europa. Gostaria que quem quer que seja que tenha sido pro-activo o suficiente para argumentar a favor de uma hierarquia estratégica diferente para a nossa política externa, fosse agora coerentemente mantido à frente de uma reforma do MNE. Gostaria...

Indignações típicas!

Guilherme Diaz-Bérrio, 03.01.12

 

Hoje anda tudo muito indignado com o "Pingo Doce", que parece que virou "Tulipa Doce". Alexandre Soares dos Santos vai ser acusado de tudo, de causar os males do país a fuga ao fisco. Normal num país em que somos todos muito europeistas até à altura em que usa a Liberdade de Circulação de Capitais.

 

Infelizmente os indignados não leram a notícia com olhos de ler. O que vai para a Holanda é a Holding privada da familia que controla a Jerónimo Martins, SGPS, SA, e respectivas acções - e tecnicamente o controlo vai continuar na holding portuguesa.

 

Ou, em "tuguês corrente": O Pingo Doce vai continuar a pagar impostos em Portugal! Vão é para a Holanda porque o Direito Comercial holandês está a anos luz do Portugal (em especial em diferendos entre sócios)... e o país em questão não está falido.

 

Ou esqueceram-se todos que a Jeronimo Martins é uma Multinacional?

 

Como adoro estas indignações tipicas do português... 

Quem tramou o Euro?

Ricardo Campelo de Magalhães, 03.01.12

Muito se escreverá sobre quem tramou o Euro entre 2010 e 2012.

Os Americanos, sempre desejosos de manter a sua hegemonia, dirão uns.

Os Chineses, pois são os novos donos do mundo e só eles têm agora esse poder, dirão outros.

Os malvados especuladores, que num dia não muito longínquo vão aproveitar a fraqueza da moeda única e atacá-la consecutivamente, dirão outros ainda.

Os comerciantes egoístas, que na ânsia de lucros cada vez maiores foram aumentando cada vez mais os preços nos últimos tempos, dirão outros por fim.

Mas não.

Quem matou o Euro foi quem fui incumbido de o defender. De lutar por ele. De o proteger de todos os perigos. O seu tutor: o BCE

 

Atente-se nesta notícia.

Texto da notícia:

O BCE anunciou hoje ter comprado 462 milhões de euros de dívida soberana na última semana do ano, mais do que na semana anterior mas, ainda assim, longe dos valores recordes já atingidos.

Na semana anterior ao Natal, a autoridade monetária tinha comprado 19 milhões de euros em dívida, valor que foi agora superado largamente. 
Contudo, os 462 milhões de euros em compras na última semana do ano revelam-se bem inferiores a outras aquisições feitas pelo BCE. Em operações anteriores, as compras chegaram aos 3 ou 5 mil milhões de euros e, no início de Agosto, a autoridade monetária chegou mesmo a desembolsar 22 mil milhões de euros numa única semana.
O total de dívida pública no balanço do Banco Central Europeu (BCE) atinge, assim, os 211,5 mil milhões de euros
A instituição lançou o seu programa extraordinário de compra de dívida em Maio de 2010, para ajudar a baixar as taxas de juro das obrigações dos países periféricos do euro no mercado secundário. Na altura, o francês Jean-Claude Trichet estava à frente da instituição sedeada em Frankfurt. O novo presidente, Mario Draghi, deu continuidade ao programa, que tem gerado várias divisões internas dentro do banco central e já levou mesmo à saída de dois altos responsáveis alemães da instituição.

Se nos estatutos do BCE, este era proibido de comprar dívida estatal, acham que isso era por acaso?

O que acontece se ele viola essa regra e compra dívida estatal... nesta escala? (Têm noção do que são 211 500 000 000€?)

Quando o número de Euros em circulação cresce desta maneira, o que é que acham que acontece ao seu valor/poder de compra?

 

A moeda única exigia disciplina orçamental.

Sem ela, a dívida multiplicou-se.

Com esta multiplicação, o BCE acabou a comprar a dívida.

Com esta compra, o Euro está fraco.

Muitos temem pelo seu futuro. Só espero que a culpa não morra solteira  ou acabe nos ombros de quem não a teve.

Para criar uma nova moeda forte, não basta deixar cair a fraca: é preciso perceber o que a tornou fraca.

 

PS: O Euro ainda não morreu e ainda pode ser salvo. Não sei é se há vontade para isso e sinceramente cada vez vejo mais laxismo de quem deveria dar a carreira para o defender. A continuar assim, em alguns anos...

 

Draghi, o homem que enterrou o Euro 

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