Ventos de leste
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De acordo com a Agência Financeira,
As 500 maiores empresas do país, segundo a lista publicada pela «Exame», mais que duplicaram os lucros em 2010, face a 2009. A Continental Mabor é a melhor empresa do ano e Alexandre Soares dos Santos recebe o troféu anual Excelência na Liderança, segundo a revista.
No seu conjunto, as 500 companhias registaram lucros de 12,2 mil milhões de euros, um aumento de 130,2%, em grande parte impulsionado pela venda da Vivo pela PT. «Mas, mesmo sem considerar esta operação, a expansão dos lucros conjuntos das 500 M&M atingiu 27,8%, dando um pontapé na crise», escreve a «Exame».
O grupo vendeu também mais 13,7% em 2010, revela o estudo «500 M&M», na sua 22ª edição. Este aglomerado de empresas, que representa 71,7% do Produto Interno Bruto (PIB), facturou 124 mil milhões de euros no ano em causa. No ano de 2009, o grupo representava «apenas» 64,7% da riqueza produzida no país.
O sector dos combustíveis continua a liderar, em termos de volume de vendas, representando 13% do total. Este sector registou um acréscimo de vendas de 20,79%. A Petrogal é a empresa que mais factura, seguida pela EDP Serviço Universal e pela EDP Distribuição. Na quarta posição ficou o Modelo Continente e, em quinto, o Pingo Doce.
Também a rentabilidade das vendas (quociente entre resultado operacional e vendas) mais do que duplicou, passando de 6% em 2009 para 13,1%, em 2010. «Um valor que não encontra comparação na última década», revela a «Exame». A tendência foi semelhante ao nível da rentabilidade do activo e do capital próprio.
As 500 M&M empregam 8,7% da população empregada no país, o que ilustra bem a sua influência. Isto significa também que a rentabilidade melhorou sem redução do número de empregados. No ano de 2010, o número global de funcionários atingiu os 432 mil, mais 30 mil que no ano anterior.
Relevante é também o contributo das 500 M&M para os cofres públicos: 1,7 mil milhões de euros em 2010, mais 26% do que no ano anterior.
Estas empresas tiveram, no entanto, de se endividar mais: o endividamento subiu de 66,8 para 72,7%. «Os negócios estão menos sustentáveis», escreve a revista. E o endividamento não é o único indicador que ilustra a maior vulnerabilidade financeira: a solvabilidade (quociente entre capital próprio e passivo) voltou a diminuir, para 37,5%.
A liquidez geral das 500 M&M desceu, ou seja, a sua capacidade para enfrentar compromissos financeiros de curto prazo voltou a cair. A liquidez geral, que relaciona o activo circulante com o passivo circulante, passou de 127,5 para 81,4% em 2010.
No que se refere a localização geográfica, mais de 70% das empresas têm as suas sedes na região de Lisboa e Vale do Tejo, seguindo-se o Norte com 20% e a região Centro com 5,65%. Quanto à origem do capital, 57,6% são maioritariamente nacionais. São estrangeiras 42,4% das empresas presentes no ranking. Os países mais representados são a Espanha (9,4%), França (6%), EUA (5,2%) e Reino Unido (2,6%).
Num regime Corporativista e Estatista como o Português, em que a amizade com o Estado é essencial à sobrevivência económica devido a todos os privilégios que este pode oferecer, as empresas com pouco poder político definham, e as empresas influentes florescem. Crise é para quem não tem peso!
Assim, para as empresas com maior poder político em Portugal:
- Os Lucros variaram +130,2% (Impostos +26%)
- As Vendas variaram +13,7% (Rentabilidade das Vendas duplicaram)
- O peso no PIB atingiu 71,7% do PIB (64,7% em 2009!) (só 8,7% do Emprego)
- Sedes: Lisboa 70%, Porto 20%
- Origem do Capital: Portugal 57,6%, Espanha 9,4%, França 6%, EUA 5,2%, UK 2,6%
A economia real sofre, os empreendedores sofrem, os trabalhadores privados sofrem. Os funcionários públicos "já nos quadros" safam-se bem, os funcionários públicos "de topo" vivem à grande, as empresas com os relacionamentos certos como se vê.
Tudo isto enquanto exportamos "a geração mais bem preparada de sempre", vendemos as empresas Portuguesas ao exterior e baixamos a taxa de natalidade para valores historicamente baixos.
Gostava de ser um optimista. Mas é cada vez mais claro o que é necessário para ser um optimista.
De acordo com a Wikipedia, Dumping é:
"uma prática comercial que consiste em uma ou mais empresas de um país venderem seus produtos, mercadorias ou serviços por preços extraordinariamente abaixo de seu valor justo para outro país (preço que geralmente se considera menor do que se cobra pelo produto dentro do país exportador), por um tempo, visando prejudicar e eliminar os fabricantes de produtos similares concorrentes no local, passando então a dominar o mercado e impondo preços altos. É um termo usado em comércio internacional e é reprimido pelos governos nacionais, quando comprovado. Esta técnica é utilizada como forma de ganhar quotas de mercado."
Por exemplo, no caso da produção de móveis, isto significaria que uma empresa com algum capital financeiro resolveria em vez de tentar melhorar o produto ou o processo produtivo, vender móveis abaixo do preço de custo para levar os concorrentes à falência e, depois de se tornar a única produtora da zona, obter lucros de monopólio.
Quem Ganha:
- Consumidores: Com a baixa de Preços, vêm aumentar o seu Poder de Compra
- Fornecedores: Com o aumento do Poder de Compra dos consumidores, aqueles compram mais e portanto os fornecedores vendem mais do seu produto, ao mesmo preço
Quem Perde:
- Concorrentes: Os consumidores deslocam as suas compras de quem não faz dumping para quem o faz. Em determinados casos, estes concorrentes podem falir e os que tinham ficado a ganhar no Curto Prazo, perdem no Médio e Longo Prazos
- Executor da Prática: Enfrenta prejuízos para ganhar posição de mercado. Se conseguir falir os concorrentes, obtém poderes de Monopolista e passa a ser o único que ganha
Note-se que a prática de dumping deve ser dissociada de estratégias promocionais, sob pena de não se poderem fazer descontos ou ofertas! Isto poderá conseguido, por exemplo, comparando médias de preço de venda e o custo num período suficientemente longo para ver se constitui dumping (em vez de analisar preço vs custo a cada momento). Só aí a ASAE poderá actuar.
Por fim, fica uma das anedotas preferidas de Ayn Rand:
3 empresários encontram-se numa prisão e, como todos os presidiários, começa a falar sobre o motivo pelo qual estão ali:
1º: - Eu estou aqui porque pratiquei Preços Muito Altos, e me acusaram de abuso de Poder de Monopólio.
2º: - Eu estou aqui porque pratiquei Preços Muito Baixos, e me acusaram de Dumping.
3º: - Eu estou aqui porque pratiquei Preços Iguais a Todo o Mundo, e me acusaram de Cartelização.
Pois...
Impõe-se algumas palavras sobre um caso que tem sido muito badalado nestes dias: o mercado da distribuição do Leite. Neste processo a Lactogal queixou-se ao Estado de que o Continente estava a cobrar preços abaixo dos 30 cêntimos que o Continente a que o Continente tinha o leite à Lactogal.
Ao contrário do que seria de supor, quem fez a queixa não foram os concorrentes do Continente (por exemplo, associações de pequenos comerciantes) mas os fornecedores, os tais que venderão mais do que numa situação normal e receberão o mesmo preço.
Mais estranho ainda, o medo da Lactogal não é a falência do restante canal de distribuição (que a afectaria mais tarde...), pois os restantes distribuidores vendem muitos outros bens e, depois de uns dias a vender menos leite, voltarão a vender a quantidade normal quando a promoção terminar.
De acordo com quem "anda no terreno", o motivo pelo qual a Lactogal intentou esta queixa foi porque, no "competitivo mercado da distribuição", se o Continente vender abaixo um "produto bandeira" como o leite, os outros grandes distribuidores vão ter de "responder" e portanto vão "exigir" que a Lactogal faça um "desconto significativo", levando a "perdas insuportáveis" por parte da Lactogal.
Recordo que mesmo que outros distribuidores tivessem tentado obrigar a Lactogal a fazer preços mais baixos, esta última pode não o fazer devido à sua situação de "monopólio com franja competitiva" (marcas Lactogal) que possui. E se o fizesse, a perda de Curto Prazo será compensada por ganhos de Médio e Longo Prazo em termos de maiores vendas, a preços "normais".
No Longo Prazo, é natural que os clientes prefiram produtos de qualidade semelhante e preços muito inferiores mas isso meus caros, já sabem de quem é a culpa, não é?
Se a ASAE aceitar esta situação, terá de o fazer sempre que um fornecedor se queixe de situações idênticas, pois a lei é igual para todos. O que é abrir uma Caixa de Pandora...
Editorial de hoje, do Público
"O PÚBLICO destacou ontem, em manchete, um trabalho sobre as nomeações feitas pelos vários governos nos últimos dez anos, no qual se noticiava que o actual Governo fez mais nomeações do que o primeiro executivo de José Sócrates.
O PÚBLICO reconhece, porém, que essa conclusão apresentada numa notícia publicada na segunda-feira se baseou numa comparação que não podia ser feita, uma vez que punha em paralelo períodos de tempo diferentes para cada um dos casos.
Se o período comparado fosse o mesmo, o executivo de Passos Coelho teria um menor número de nomeações. Por essa falha, que suscitou protestos de inúmeros leitores, apresentamos as nossas desculpas."
Adenda: aguardam-se, consequentemente, os pedidos de desculpas de Marques Mendes, Paulo Rangel, Pacheco Pereira e António Lobo Xavier, por terem surfado a onda, e já agora, ao grupo parlamentar do Bloco de Esquerda que levou este discurso mentiroso à Assembleia da República
Nunca a CGTP teve tanta razão. Propor, na prática, mais sete dias de trabalho à borla é, no mínimo, um ataque óbvio a quem produz valor neste país. O país vai, mais uma vez, assobiar para o lado e fazer de conta que resolve os seus problemas. Quem, em sua consciência, pode dizer que em Portugal os trabalhadores ganham mais do que merecem? Como é que um país de salários miseráveis pode admitir que se apresente como solução para a saída da crise a redução real dos salários?
A solução para a crise é que a Maria de Fátima que trabalha na fábrica de peúgas de Famalicão trabalhe mais 4, 7, 20, 40 dias/ano pelo mesmo salário minimo? É esta a solução para a crise? Este é, claramente, o caminho da desvalorização dos salários e está aberto o caminho para uma economia de mão de obra barata. Talvez por isso se admita que a única solução para os jovens qualificados seja a emigração.
Eu sei que a flexibilização do mercado de trabalho estava prevista no memorando da troika e que era preciso fazer alguma coisa para por a economia a crescer. Mas não é esta, obviamente, a solução. Só alguém muito desligado da realidade ou muito iludido na sua ideologia política pode pensar que o país vais crescer obrigando quem já ganha mal a trabalhar mais pela mesma miséria enquanto paga mais cuidados por cuidados de saúde, de educação, de passes de transporte, de alimentação, etc., etc., etc. Receio que este acordo em sede de concertação social seja o primeiro tiro nos pés deste governo pela simples razão que transfere capital político de reivindicação à esquerda.
Todos nós andamos a dizer, há anos, que é preciso reformar a economia portuguesa. Todos sabemos, há anos, que essa reforma é essencial para a sobrevivência económica do Estado Social. Todos sabemos que é irrealista manter o Serviço Nacional de Saúde, educação gratuita, ensino universitário a propinas mínimas, se continuarmos a competir em sectores produtivos assentes em mão de obra barata porque não temos como competir com os mercados emergentes. Estamos todos fartos de discutir este assunto. Para tal é preciso inundar a economia de crédito. Para tal, é preciso credibilizar o país junto de quem empresta dinheiro. Tudo o que se pede ao governo do país é que mantenha as contas públicas em ordem e que de caminho reforme a administração pública e os serviços públicos por forma a que consumam menos recursos à economia, vulgo impostos. Assim, é mais importante que o Estado reduza o seu peso e os seus gastos por forma a reduzir os impostos às empresas que sobrecarregar os trabalhadores com o preço da ineficiência da economia provocada por um Estado despesista e desmesurado.
Este acordo é um erro político. É puro faz de conta que apenas capitaliza a contestação social à esquerda. Lembremo-nos todos os dias que o problema da economia portuguesa não é ganhar-se demais, o problema é gastar-se demais!
É conhecida a opinião favorável de Bill Maher por Ron Paul, sobretudo em Política Externa.
Ao menos este esquerda credita no que diz e é coerente.
Não há verdade mais evidente. Com a idade percebemos que uma relação consiste na partilha de afectos e sentimentos nascidos no respeito mútuo entre dois indivíduos e que contribuem para a valorização individual de cada um dos participantes. Quando somos jovens acreditamos que, numa relação, ambos devem ceder o suficiente para construir uma convivência pacífica em casal. A vida ensina-nos o contrário. Ensina-nos que a partilha de intimidade no conforto do amor é um catalisador para a realização pessoal pela superação de medos, receios e fraquezas, em suma, um catalisador para o crescimento pessoal. A descoberta do amor faz-se nesta aprendizagem: a diferença entre convivência e cumplicidade.
É importante que todos nós estejamos atentos a situações de abuso, a amigos ou familiares próximos. Situações que estão muitas vezes na base de inseguranças e medos que marcam a vida adulta e levam à tolerância de abuso e violência doméstica. Por isso, passem a palavra: se não te respeita, não te merece. Uma sociedade construída por indivíduos confiantes e seguros na sua auto-estima será, necessariamente, uma sociedade melhor e mais preparada para vencer o futuro.
A moda é o empreendedorismo. Surgiu há uns anos, estava eu a acabar a licenciatura. Multiplicaram-se cadeiras de empreendedorismo e gestão de risco pelas universidades. Era preciso que os meninos empreendessem. A nós, alunos, aquilo soava a evangelização. Diziam-nos que não importava se havíamos estudado química, informática ou estudos africanos, tinham oportunidades únicas de franchising para nós. A nós, alunos, aquilo soava a televendas.
Houve quem agarrasse a "oportunidade". Há dias encontrei o Rogério, um antigo colega de faculdade, numa conferência sobre empreendedorismo. Engenheiro mecânico, um ano mais velho que eu. Apresentou-se como empreendedor. Empreendeu abrindo uma loja de produtos tradicionais portugueses "modernizados" na ribeira do Porto. Uma espécie de loja de souvenirs onde vende sabonetes Ach Brito e galos de Barcelos todos pintados de preto. A mim, o Rogério parece um comum empresário que investiu na criação do seu próprio posto de trabalho, abrindo a milionésima nano-mili-micro-pequena empresa do sector terciário. O Rogério falou-nos de gestão de risco. De como se deve apostar em nichos de mercado, na diferenciação de produto, na criação de empatia no cliente fazendo a ponte entre produtos tradicionais com valor afectivo e a sua comercialização para novos mercados (leiam-se turistas) através de design inovador e da sua reinterpretação. A mim, aquilo tudo soou a banha da cobra, sobretudo vindo de quem se limita a vender um galo de Barcelos preto, sem que tenha sido sua a ideia de o pintar assim. Mas são estes os empreendedores modernos. Uma espécie de empresário que aprendeu a teoria e cuida da aparência. Por si só, uma notável evolução!
Costumo dizer que o empreendedorismo se faz no balcão do banco. Não é em cadeiras de inovação nos planos curriculares de cursos universitários nem em conferências dedicadas ao tema, nem em sessões evangelizadoras desses espertalhões da vida moderna que se dedicam ao "entrepreneur coaching". O Rogério é um deles. É um "entrepreneur coach", sem que nunca na vida tenha empreendido nada, a não ser abrir uma loja de souvenirs.
Devíamos estar todos, jovens nascidos na década de 80, preocupados com a inovação e o empreendedorismo. Mas sem deixar que o tema seja, mais uma vez, deturpado pelo chico-espertismo português onde, invariavelmente, quem tem olho é rei e atira areia aos olhos dos outros... Devemos todos ser mais exigentes, afinal arrogamo-nos a "geração mais qualificada de sempre". Nós, jovens nascidos na década de 80, temos de endereçar o ponto fulcral. Temos de exigir que o Estado controle a despesa pública e liberte para a economia o crédito necessário para que possamos "empreender". Temos de lutar por condições fiscais vantajosas para quem cria o seu posto de trabalho. Temos de lutar por garantir a quem arrisca o direito ao subsídio de desemprego no caso de insucesso.
Por enquanto aceitamos que nos digam que temos de ser empreendedores, ainda que nenhum banco esteja em condições de correr esse risco connosco.
A campanha eleitoral à concelhia do PSD Porto está envolta em polémica...
O candidato, Ricardo Almeida, reagiu mal ao escrutínio do seu curriculum e ameaça com os tribunais quem coloca em causa a sua idoneidade. As críticas têm sido publicadas no blogue "A baixa do Porto". Quanto às dúvidas levantadas sobre o seu percurso académico, Ricardo Almeida esclareceu cabalmente a situação. Uma vez que desconheço a veracidade quanto às restantes suspeitas que lhe são apontadas presumo a sua idoneidade. Porém, é inexpicável esta reacção através das redes sociais perante o óbvio escrutínio a que deve estar sujeito ao apresentar uma candidatura à liderança de uma estrutura partidária. Não é aceitável que um candidato a uma das concelhias mais relevantes do partido responda com linguagem menos própria através de caixas de comentários do facebook a quem alegadamente o denigre.
Não sendo militante no Porto, desconheço as alegadas guerras entre facções apoiantes de Luís Filipe Menezes ou de Rui Rio. O que espero enquanto militante é que as eleições decorram com transparência e honestidade, sem notícias sobre falsificações de assinaturas que são absolutamente lamentáveis e vexatórias para todos os militantes do partido.
Quanto a outras notícias que descrevem este caso como mais um episódio da recente escalada maçon no PSD, eu tenho apenas a dizer a futuros interessados que para tomar de assalto uma estrutura partidária basta reunirem um grupo de 10 pessoas altamente motivadas numa esplanada qualquer do Guincho e delinear um plano, escusam o ridículo dos aventais e dos rituais de iniciação...