... a usar tecla Esc.
Foi a nossa psico-amiga e deputada Joana Barata Lopes, que me relembrou há umas semanas, que o tema da Procriação Medicamente Assistida estava em discussão. (para quem não reparou, não faz mal... outros escândalos se sobrepuseram à Comunicação Social)
Se não o comentei antes devido a problemas de agenda, agora ainda vou a tempo.
Um dos motivos que me levam a ser da JSD/PSD é ter a liberdade de pensar out-of-the-box, ou seja, penso como quero e tento não ter palas nos olhos.
A Assembleia da República rejeitou na passada sexta-feira os diplomas do Bloco de Esquerda e "da JS" que diziam respeito à alteração da Lei nº 32/2006 sobre a Procriação Medicamente Assistida. Se isto não parece novidade, destaco que não só a bancada do PS estava dividida, mas também a nossa contou com várias abstenções. Especialmente no âmbito da maternidade de substituição.
Pois, é uma daquelas coisas que mereciam um Esc.
Sim, é discutível todo o regime dos beneficiários da PMA e o estado civil destes. Para mim é bastante simples até: temos de proteger algo muito importante - as crianças- e um casamento (união de facto inclusive pelas disposições específicas), pelo regime que tem, dá algum jeito para as proteger juridicamente.
Mais discutível é abrir portas à legalização da maternidade de substituição.
Ninguém no Parlamento tem tempo para ver aquelas séries americanas em que aparecem um número simbólico de casos bicudos que incidem sobre as barrigas de aluguer? Quando os pais biológicos não querem abortar, mesmo que implique um risco de saúde para a mãe biológica; quando tudo se resume a $$$$$$ dólares que as mães biológicas ganham para parir um filho como se estivessem a prestar um serviço?
Até há filmes sobre isso!
é um daqueles buracos negros jurídicos e éticos que acabam sempre em stresses tremendos para todas as partes que contratam o "serviço".
E concentrarem-se na adopção? Não?!
Eu até percebo que muitos casais queiram ter o seu próprio filho. Sangue do seu sangue. Mas para os meus olhos, um filho não é um animal de estimação. E os laços de amor sobrepõem-se aos laços de sangue - que quando a coisa dá para o torto equivalem a 0.
Fiquei chocadíssima com uma reportagem passada na TVI sobre o número de crianças para adopção devolvidas ao sistema.
Pais que, ignorando completamente que as crianças a partir de determinada idade têm bagagem, traumas e problemas, as devolvem. A pergunta óbvia da jornalista na reportagem, foi tão simplesmente esta: desistiriam vós (os pais para adopção) dos vossos filhos biológicos se estes também fossem problemáticos?
Estamos a brincar com coisas sérias. E a gastarmos papel com leis quando se calhar, se calhar digo eu, devíamos concentrar-nos a remodelar outras?
Não há filhos perfeitos porque, pura e simplesmente, não existem pessoas perfeitas. Mas ser pai é isso mesmo, amar incondicionalmente (e há muitas crianças no sistema que merecem esse amor, por falta de pais biológicos à altura).
Com a legalização da maternidade de substituição pergunto-me, quem será a mãe da criança quando as coisas não correrem bem.
Há sempre uma alternativa para quem quer dar vida a um filho - nem todas as vias têm de implicar o acompanhamento de uma gravidez. E continuamos com um problema de dar oportunidade a casais homossexuais femininos de terem crianças e retiramos a oportunidade aos de sexo masculino porque legislar sobre a adopção é muito complicado.
(lembrei-me agora da parábola do filho pródigo, a respeito desta matéria)
Posto isto, podem voltar a concentrar-se nos malandros maçons e no Alberto João. ;)