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PSICOLARANJA

O lado paranóico da política

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O lado paranóico da política

Endemismos futebolísticos e a palhaçada do costume

Rui C Pinto, 29.11.11

Declaração de interesses: não sou adepto de nenhum clube, tão pouco aprecio futebol. 

 

Um jogo de futebol é antecedido por uma guerra tensa entre os responsáveis institucionais de dois clubes de futebol... Um punhado de criminosos neo-nazis travestidos de adeptos sportinguistas provocam disturbios e vandalizam o Estádio da Luz. Os dirigentes desportivos trocam acusações imbecis entre si. 

 

Horas depois dos ditos incidentes tive oportunidade de ler, no meu mural do Facebook, reacções inflamadas de adeptos de ambos os clubes trocando acusações. E eu pergunto: até quando os adeptos de futebol vão branquar as atitudes criminosas das claques de futebol confundindo-as com actos de paixão desportiva? Até quando é que os adeptos vão contaminar o debate desportivo com a violência e a irracionalidade provocada por uma minoria? Cabe aos adeptos distinguir o desporto da ignorância e violência, já que, os dirigentes desportivos têm demonstrado ser mais irracionais que as próprias claques! Parece-me evidente o que diz Rui Santos: ou se acaba com as claques ou as claques acabam com o futebol

 

Os dirigentes do Sporting e do Benfica deviam ter unido as vozes em apelo ao fim da violência das claques. Os jogadores deviam, no final do jogo, ter condenado os actos de vandalismo que desviaram as atenções do próprio jogo. Continuando a alimentar a irracionalidade e a ignorância resta-nos esperar para ver a extensão do incêndio quando o "derby" se disputar em Alvalade... 

Itália: O próximo alvo

Ricardo Campelo de Magalhães, 27.11.11

E Espanha safou-se, por agora. Neste momento, o FMI está fixado em Itália.

 

Ora, a os 600 000 Milhões são mais do que os 4 pacotes anteriores (GR, IE, PT e GR2) juntos.

Está em causa a Zona Euro e a política de "fomentar dívida para estimular a Economia".

 

A Itália cai?

A Zona Euro desmantela-se?

As políticas liberais são finalmente abraçadas?

 

Ficam as questões. As respostas seguem nas próximas semanas.

 

O fiasco alemão?

Guilherme Diaz-Bérrio, 25.11.11

[Aviso à navegação: segue-se uma explicação de Economia, logo, um post longo]

 

Na Quarta Feira, a Alemanha emitiu dívida pública em leilão. Um leilão que, a avaliar pela imprensa e comunidade de bloggers, falhou. "Um fiasco" disseram uns. "A Alemanha provou do seu próprio remédio", comentaram outros.

Se de Bloggers ainda aceito in extremis a reacção, em especial dos "não economistas", da imprensa (económica) já não. Esta demonstrou-se tão desleixada como sempre foi. Tinham obrigação de, ou saber como funciona um Mercado de Crédito, e a especificidade alemã, ou, como me ensinou o meu antigo director da revista Carteira, "Um jornalista quando não sabe, pega no telefone e arranja quem saiba e cita". [Tecnicamente ele era mais duro ainda, e exigia-me 3 fontes independentes, mas isso são outras conversas].

 

Os Países quando fazem emissões de dívida soberana, fazem-no em sistema de leilão, com a excepção de alguns países que também fazem "sindicancia" (como o Reino Únido, e já vamos ao quê e porquê mais abaixo). Até aqui tudo bem, e já tem sido largamente explicado. O que tem de ser explicado é que, um Banco Central, quando quer alterar uma taxa de juro (ou mais importante, mantê-la onde acha que ela deva estar) não pode simplesmente ditar admnistrativamente a taxa. Antes, fa-lo via "Operações em Mercado Aberto". E para o conseguir, o que um banco central faz é comprar ou vender Dívida Pública aos bancos. Quando se quer aumentar as taxas de juro, vende-se dívida pública aos bancos (que dão dinheiro em troca, reduzindo o dinheiro em circulação) e vice versa.

 

Especificidade Alemã?

 

Normalmente, os bancos centrais fazem isto a "descoberto". Ou seja, não têm as obrigações com eles. Têm antes uma "facilidade sombra" para o fazer, e depois ajustam contas com o Tesouro do país em questão. No entanto, se quiserem ver um banqueiro alemão a tremer, junte "Banco Central" e "Sombra" na mesma frase, e ele terá pesadelos que começam com a palavra "Weimar".

Logo, no caso Alemão, o Bundesbank fica sempre com uma parte da emissão para si. Isto é um pormenor importante de reter. Em primeiro lugar, não é monetização de dívida, porque o Bundensbank não paga ao Tesouro. Reserva é na sua conta um número de obrigações ("bunds"). Em segundo lugar, isto quer dizer que, face à definição tradicional, os leilões alemães "falham" sempre, devido ao valor reservado para o Bundensbank.

 

Business as unsual...

 

Isto não quer dizer que o Leilão de quarta feira não tenha sido preocupante. Apenas que não o foi pelas razões enunciadas. Não há contagio para a Alemanha. O que há é a constatação dum facto que se suspeitava há muito: o BCE está a perder a capacidade manter as taxas de juro onde quer, e o Budensbank está a tentar manter uma "última linha de defesa", de modo a que o BCE consiga operar normalmente. E para o perceber, é preciso entender um conceito: Repo Rate.

De modo a alterar a massa monetária, um Banco Central vende ou compra Dívida Pública. E para dar incentivos aos bancos a fazer a operação no sentido que quer, um Banco Central usa a Repo Rate. Ou seja, é a taxa usada para a troca "bunds" por "euros".

E aqui é que temos os problemas. É que, devido à crise, ninguém confia em ninguém no mercado interbancário europeu (o mercado que estabelece a taxa Euribor). Logo, não há empréstimos sem garantia, entre bancos. E a única garantia que toda a gente aceita, é a Bund Alemã. Isto quer dizer que, se o BCE quer manter as taxas de juro a <inserir aqui a taxa desejada>, já só tem um mercado funcional para o fazer. Porque é que é ainda não demos por nada? Duas razões: a dimensão enorme do mercado e a acção do Bundensbank.

Este está, de proposito, a acumular bunds em massa, de modo a conseguir manter a taxa de Repo sob controlo, e conseguir que o BCE consiga não perder o controlo da política monetária europeia. Em especial, quando as taxas estão encostadas a zero. Isto também aconteceu nos EUA, em 2008. A Reserva Federal, in extremis, ia perdendo o controlo sobre as taxas de juro.

Obviamente que o anúncio dos planos para as Eurobonds, antes do leilão, não ajudou. Mas no big picture do funcionamento do Sistema Monetário Europeu, foi uma gota no Oceano.

 

E o grave é que o Bundensbank está a ter de conservar uma fatia cada vez maior de Bunds de modo a manter o Mercado de Crédito alemão sob controlo e manter o BCE ao volante, com um acelerador e travão funcionais. A "especialidade" da Bund não está a ajudar, pois torna mais dificil aos Bancos que vão a leilão operar. Uma lição que o Reino Unido aprendeu, estando a vender parte da sua dívida ("Gilts") em "sindicancia", ou seja, da mesma forma que se faz uma introdução em Bolsa: quase directamente aos investidores, saltando o leilão.

Brinkmanship na Madeira!

Guilherme Diaz-Bérrio, 24.11.11

 

Brinkmanship é uma estratégia que consiste em forçar uma situação inerentemente perigosa até à iminência de um desastre, por forma a alcançar o resultado mais vantajoso. 

 Wikipédia

 

Alberto João Jardim vai endurecer o braço-de-ferro com Lisboa. Contrariando condições aceites nas audiências com o primeiro-ministro e ministro das Finanças, está a retardar a sua proposta de cortes nas despesas e medidas para aumentar receitas, para não ter de assumir perante os madeirenses o “ónus” das inevitáveis medidas de austeridade que tem vindo a negar. Por seu lado, não disposto a assumir as responsabilidades da dívida regional, Vítor Gaspar mostra-se intransigente, mantendo que, até haver plano de resgate, as transferências continuam suspensas e não haverá dinheiro para fazer face à falta de liquidez. 

 

(...)

 

Para pressionar Lisboa a ceder, o Governo regional está a elaborar um memorando sobre a situação financeira, para enviar aos embaixadores em Lisboa dos países da União Europeia, visando a informação “distorcida ou mesmo manipulada” do Terreiro do Paço. 

Público

 

Memorando a entregar aos embaixadores de outros países da UE, em Lisboa? Estamos a jogar o quê? Um jogo em que o primeiro a pestanejar, perde!?

A mulher de César, senhores, a mulher de César!

Guilherme Diaz-Bérrio, 24.11.11

Se há Partido, em Portugal, que devia ser um case study de comunicação, é o PSD. Não nos está nos genes. A postura sempre foi "primeiro faz-se, depois explica-se", e mantêm-se inalterada. Arrisco-me mesmo a dizer que somos, na ausência de "corpo ideológico", um Partido eminentemente Tecnocrata. E por muito que goste de técnicos - dos bons pelo menos - liderança política faz falta.

 

E o PSD tem bons técnicos. Tem bons avaliadores, bons economistas, até temos boas equipas de comunicação. Paradoxal, não? Falta é um toque de "Bom Senso Político". 

 

Vou dar um exemplo, prático. Estamos a apresentar um dos Orçamentos mais duros dos últimos anos. A realidade assim nos obriga. E, por muito que não goste de ver parte do meu subsidio de Natal a voar para os cofres do Estado, tenho de admitir que é um Orçamento equilibrado, dadas as exigências da Troika e da situação financeira do País. Resta saber se vai ser executado como previsto, mas essa é a conclusão que terá de ser tirada à posteriori. Como documento "fundador de intenções políticas", está bom. 

 

E, a equipa de comunicação do PSD, até fez um bonito video a explicar alguns pontos. Está bem feito. Curto. Ao ponto. Como mandam as regras. 

 

 

Bem conseguido, com bons técnicos. Mas há um problema com os "bons técnicos", e governos "tecnocráticos": Falta de bom senso e sensibilidade políticas!

 

Se há verdade em Política que aprendi, essa foi, "lidera pelo exemplo, pois assim nunca corres o risco de ser apanhado em contra-mão com o que dizes e fazes!".  Não há melhor forma de "Comunicação". As acções falam sempre mais alto que as palavras. Demonstram compromisso, e compreensão. (E, para os mais "técnicos" da nobre arte da Comunicação, 90 por cento das mensagens são lidas pela parte não verbal).

 

Há um ditado muito antigo em Portugal: "À mulher de César, não basta ser séria. É preciso parecer séria!". ´Por parecer, não se leia "hipócrita". Leia-se, com acções congruentes com o que se diz e se está a tentar exigir de outros.

 

Exemplo prático?

 

A decisão foi tomada pelo primeiro-ministro Passos Coelho a 11 de Novembro, já depois da polémica em torno da atribuição de subsídios em tempos de crise.

O secretário de Estado da Economia e Desenvolvimento Regional, Almeida Henriques, e o secretário de Estado do Empreendedorismo, Carlos Oliveira, são dois dos contemplados, ambos do ‘superministério’ de Santos Pereira. O secretário de Estado da Defesa, Paulo Braga Lino, também tem subsídio.

 

(...)

 

No total, são dez governantes com subsídio, atribuído a quem tenha residência fixa a mais de 100 km de Lisboa. Em Outubro, os ministros Miguel Macedo e Aguiar-Branco e o secretário de Estado José Cesário renunciaram ao subsídio. Já os governantes Juvenal Peneda, Paulo Júlio, Cecília Meireles, Daniel Campelo, Marco António e Vânia Barros mantêm a ajuda.

Correio da Manhã

 

 É ilegal? Não. Não é. E vou mais longe. Podiam cortar os salários todos de Ministros e Deputados, e respectivos subsídios, e não se solucionava o Défice. É uma gota num imenso Oceano. Mas demonstra uma enorme falta de bom senso político.

 

Liderar pelo Exemplo: Sim, estamos a exigir sacrifícios de todos. O ano de 2011 foi duro, o de 2012 vai ser mais. É necessário. É o caminho correcto. E, damos o exemplo. Em 2012, não há destes subsídios para nenhum governante. 

 

Custava muito? Vão me dizer que alguns dos subsidiados não conseguem pagar uma renda? Volto a repetir: Bom senso político na transmissão da mensagem! Ninguém, seja numa empresa, repartição, autarquia, clube local de berlinde ou <inserir aqui uma organização há vossa escolha> está disposto a aceitar, a bem, sacrifícios, se não vir que quem os pede também os faz. Tecnicamente resolve algo? Não. Mas Politicamente, é uma transmissão de mensagem muito forte. Dá o "Moral High Ground" a quem lidera. E mostra também força de quem está no topo. 

 

Cada vez mais sou alérgico aos chamados "Governos Tecnocráticos". Falta-lhes este bom senso, e sensibilidade. Senhor Dr. Passos Coelho, até está a ir bem. Importa-se de não fazer estes erros estúpidos e não transformar o Governo de Portugal num bando de tecnocratas que falam línguas estranhas? "Faz o que eu digo, não faças o que eu faço" é um ditado muito giro, mas não é uma maneira inteligente de se gerir em Política! 

Lobotomias - II - Está tudo louco

Essi Silva, 23.11.11

 

A Assembleia Regional da Madeira, por proposta do PSD ontem aprovada com votos contra de toda a oposição, decidiu que nos plenários “os votos de cada partido presente são contados como representando o universo de votos do respectivo partido ou grupo parlamentar”. Ou seja, cada deputado passará a valer por 25, inviabilizando qualquer aprovação de propostas da oposição durante ausência de deputados sociais-democratas na bancada. 



O PSD alterou também a definição de quórum, ao definir que a assembleia pode funcionar em plenário com um mínimo de “um terço do número de deputados em efectividade de funções”, norma esta que viola até o próprio Estatuto Politico-Administrativo da Madeira, segundo o qual “a Assembleia considera-se constituída em reunião plenária encontrando-se presente a maioria dos seus membros [art. 52º]”.

 

Que que saiba o PSD é um partido democrata, pró democracia. Ou seja, deveríamos promover a democracia.

 

Parece-vos o caso?

Pois, a mim também não.

Lobotomias

Essi Silva, 23.11.11

 

 

Na véspera da greve geral, Vítor Gaspar, Ministro das Finanças veio defender que não é tempo de “concentrar a atenção em interesses particulares e corporativos”.


Não é que seja a pessoa mais anti-funcionarismo público aqui do blog, mas reconheço a importância e os direitos essenciais que a escolha que os funcionários fizeram ao contratar com o Estado fizeram.


Como é óbvio, escolher trabalhar para o Estado em comparação com o sector privado tem de ter alguns benefícios, que compensem a diferença, por vezes substancial, de rendimento a que o público tem direito face ao privado.
Percebe-se então, que num país no qual uma larga população pertence ao sector público, cuja expressão mais significativa se enquadra em salários abaixo dos 800€, percebe-se porque é que uma consulta num dentista possa custar ao funcionário 2,49€. Ou que as garantias de duração contratual sejam reforçadas. Etc. Etc.


É claro que um dos maiores problemas do nosso funcionarismo público, é que devido às contratações extensivas nas gerações anteriores, algumas derivadas da famosa "cunha", muitos dos nossos funcionários públicos, caso se vissem confrontados com o desemprego e a procura de emprego no privado, estivessem muito aquém das competências procuradas no privado. Ora, assim a única viabilidade do nosso funcionarismo público, na sua maioria, é manter as garantias que tem: emprego e salário certos.


O que eu, de facto, não percebo, é a justificação de uma greve.


Aliás, até percebo: andaram a fazer lobotomias às escondidas aos nossos funcionários públicos.
Quer dizer, há anos que sabemos que os sindicatos têm uma utilidade marginal nula. Defendem muito mal os interesses daqueles que devem proteger e representar, querem sempre fechar a porta a acordos que diminuam as garantias salariais e as mordomias mas mantenham os empregos, e acreditam (ou será que é só bluff) que uma greve vai mesmo obrigar o Governo a mudar de ideias.
Estamos numa CRISE. Não podemos voltar atrás numa máquina e corrigir os erros. Temos de cauterizar as feridas do Estado antes que se esvaia definitivamente de sangue.


Uma greve, por mais injustas que pareçam as medidas, só trará mais consequências e mais dificuldades. Os privados sofrerão com ela, implicando uma perda de milhões não só para o Estado como para o sector Privado, e com ela perda do poder de compra e um golpe duro às finanças de quem também tem sofrido com a crise e que não tem emprego ad eternum garantido e as benesses do costume.
E quanto mais dinheiro o Estado perder, quantos menos impostos puder colectar do sector privado (que com cada vez menos lucro, menor pode ser a colecta), até porque o sector Privado não é todo composto por Soares dos Santos, Belmiros e companhia, mais duras serão as medidas.

 

Portanto um conselho rápido: deixem-se de mariquices e virem-se para o vosso trabalho. Porque só com muita produtividade é que Portugal poderá recuperar o que perdeu rapidamente.

Nota de rodapé: E deixem as pessoas irem para os seus empregos que quem verdadeiramente tem contas para pagar (e não tem carro por causa disso), não se pode dar ao luxo de faltar ao emprego por causa de greves.

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