Líbia: Portugal na carneirada
Quando a guerra civil se instalou, Portugal prestou-se a ser indigitado mediador na crise e num primeiro momento a sua neutralidade era séria mas à medida que o conflicto se pronlongou, a independência de Portugal foi-se esfumando: em Março já presidia ao Comité de Sanções à Líbia das Nações Unidas (que no momento em que Tripoli dominava a maior parte do país era claramente parcial contra o regime) e poucas semanas depois, aquilo que era uma operação ad hoc por parte de países que apenas também eram membros da NATO, acabou envolvendo toda a Aliança Atlântica – alguém ouviu um pio da parte das Necessidades?
A semana passada Lisboa foi mais longe e transferiu o seu reconhecimento diplomático de Tripoli para Benghazi.
Eu compreendo que tenhamos aliados com pouca sensatez mas não posso compreender que nós próprios nos demos ao luxo de conduzir a nossa diplomacia ao sabor do vento.
Portugal tem interesses na Líbia! Se o regime de Tripoli sobreviver, os países beneficiados serão aqueles que apoiaram o regime ou se mostraram neutrais. Portugal está a tomar partido num disputa que não só não está resolvida mas na qual tem também muito a perder.
Que ganhamos nós em apoiar os rebeldes? Sim, a narrativa dos rebeldes é a da democracia liberal mas mesmo que eles pratiquem no futuro aquilo que pregam hoje, isso não é desculpa para arriscar tudo aquilo que tem sido construído com Tripoli até agora, em nome de ideais que a nós em nada irão beneficiar.
A verdade por detrás da posição de Portugal é infelizmente que o governo tem cedido recorrentemente à pressão de “aliados” que têm outros interesses no conflicto...