Para Freitas do Amaral existem duas questões a que portugueses têm de responder nas eleições de 5 de Junho: querem continuar com Sócrates como primeiro-ministro? Passos Coelho tem condições para nos retirar da situação em que nos encontramos?
O ex-ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros de Sócrates responde, em duas páginas, às duas perguntas que coloca.
À primeira: "Vamos escolher para nos tirar do buraco negro quem nos atirou para lá?". Num artigo muito crítico para com a gestão que o actual primeiro-ministro fez da crise, Freitas diz que Sócrates "continuou cegamente a negar que Portugal precisasse de ajuda externa mesmo quando os juros da nossa dívida ultrapassaram os fatídicos 7%" e, "quando apareceu a borrasca, em vez de a tornear e conduzir o barco e os passageiros a bom porto, deixou-se levar para o meio da tempestade". A governação socialista, diz o ex-número dois do Governo socialista, "foi indo de mal a pior" e, agora, "está à beira de perder as eleições, recebendo o merecido cartão encarnado".
Quanto a Pedro Passos Coelho, Freitas do Amaral assume que tem uma "impressão francamente positiva" e aponta "pelo menos" cinco razões que tornam o líder do PSD como o mais indicado para suceder a Sócrates: tem capacidade para manter uma cooperação estratégica com Cavaco, Sócrates "recebeu-a mas deitou-a fora"; tem capacidade de diálogo com a oposição "sem arrogância e menosprezo pelo adversário", Sócrates foi perdendo-a "ao longo dos seus anos como primeiro-ministro"; Passos tem possibilidade de alcançar uma concertação social num momento difícil, "Sócrates nunca soube, ou não quis, aproveitar a sério"; Passos está "muito mais à vontade" perante as exigências da troika do que Sócrates que disse que "não estava disponível para governar com o FMI"; e, por fim, Passos Coelho já esclareceu que se coligará com o CDS caso vença as eleições, enquanto Sócrates ainda não encontrou um parceiro.
Freitas termina citando uma ideia de Karl Popper: "a grande vantagem da democracia não está só no direito do povo de escolher aqueles por quem quer ser governado" mas também "mandar embora aqueles por quem não quer continuar a ser governado". Tal como aconteceu nas eleições de 2005 entre Santana e Sócrates, em 2011 o fundador do CDS recorre aos artigos que habitualmente publica na revista "Visão" para dar conta do sentido do seu voto.
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