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PSICOLARANJA

O lado paranóico da política

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O lado paranóico da política

Também querem saber quantas vezes vou à WC?

Guilherme Diaz-Bérrio, 25.02.11
 
A ideia já estava prevista no programa Simplex, mas só no dia 25 de Janeiro a Agência para a Modernização Administrativa (AMA) lançou um concurso público para encontrar uma «solução tecnológica de certificação dos atributos profissionais com Cartão do Cidadão». O valor do concurso é de 600 mil euros.
 
(...)
 
E são dados alguns exemplos, explicando que alguém pode ser identificado como gestor público, com «o respectivo papel/competência, instituição e responsabilidades» ou como administrador de uma empresa privada, sendo identificado como «sócio, gerente, responsável financeiro ou responsável de Recursos Humanos».
 
 
Sendo curto e grosso: O Estado já está metido o suficiente na minha vida (e já desamparava a loja em alguns campos) e não tem nada que saber e catalogar a minha informação pessoal ou profissional num documento oficial, ou gastar 600 mil euros dos meus impostos numa "solução tecnológica" para voyerismo profissional!
 
Só faltava quantas vezes me levanto para beber um café ou se fumo ou não, ou o que como ao pequeno almoço, não? Também me parece uma informação fundamental para constar no Cartão do Cidadão!
 
Não espero outra coisa do PSD senão levantar esta questão e perguntar se estes senhores estão loucos...

Já consultou o seu médico homeopata?

Rui C Pinto, 25.02.11

A homeopatia conheceu nos últimos dias uma verdadeira exposição mediática, em grande parte, motivada pelo movimento internacional 10:23, que pretende alertar a sociedade para a falta de sustentação científica de uma industria que cresce e já movimenta milhões de euros a vender açúcar. 

 

Muitos tendem a relativizar o assunto. Porém, o assunto é sério. Primeiro, porque anda por aí quem se defenda diplomado em homeopatia, sem que haja qualquer instituição superior em Portugal que leccione tais matérias. Segundo, porque os medicamentos homeopáticos invadiram o mercado e estão nas prateleiras de farmácias e para-farmácias ao lado de outros medicamentos. Terceiro, porque muitas pessoas, desconhecendo o que é a homeopatia ou as suas terapêuticas, optam pelo medicamento homeopático julgando tratar-se apenas de outra marca. Sintetizando, porque existe um esquema fraudulento montado que reclama cursos universitários que não existem e vendem produtos certificados em teorias de ficção científica em farmácias. 

 

Eu não venho defender que não devam ser usadas estas ou aquelas terapêuticas, por serem cientificamente menos válidas ou por preconceito intelectual. Não. Julgo que as pessoas têm o direito a escolher. Tem todo o direito a procurar a consulta de medicinas alternativas como as medicinas tradicionais chinesas, ou até de procurar as ciências ocultas, vulgos bruxos, feiticeiros, curandeiros, etc.. O que defendo é a clara separação entre ciência e oculto. Imagine que chega a um hospital e tem, no serviço de urgência, um médico devidamente credenciado, um curandeiro de iemanjá, e o bruxo Alexandrino. Que lhe parece a ideia de ser atendido aleatoriamente por qualquer um deles? É mais ou menos o que se passa quando vai à farmácia e tem, lado a lado, na prateleira o Cêgripe e o Oscillococcinum. A diferença é relevante: o primeiro contém 500mg de paracetamol e o segundo eventuais vestígios de extracto de fígado de pato.

 

Para quem não conhece os princípios da Homeopatia, é importante que saiba a técnica que lhe está subjacente: é uma ciência que se baseia no conceito de memória da água; isto é, imagine que dissolve uma aspirina num garrafão de água. O princípio homeopático defende que se agitar esse garrafão de água durante um determinado tempo, a água que estava no garrafão, por efeito do contacto com as moléculas de ácido acetil salicílico, aprendem o seu comportamento terapêutico, pelo que, basta beber umas gotas de água desse garrafão para que o efeito da aspirina ocorra. Menos mal seria se a homeopatia utilizasse fármacos que conhecemos... Porém, a verdade é que se optar pelo medicamento homeopático para os sintomas gripais (pode fazer download da bula aqui), numa dose de 1g de medicamento estará a tomar 0,01ml de uma solução diluída de extracto de Anas barbariae hepatis et cordis, vulgo fígado de pato, sacarose e lactose, vulgo açúcar. Portanto, da próxima vez que sentir sintomas gripais, opte por um foie gras à Guérande e use açúcar no café. 

Não conheço insulto suficiente para chamar a quem ataca estes guardas

Paulo Colaço, 25.02.11

 

A sociedade criou as prisões para enjaular aqueles com quem não queria conviver.

Para impedir fugas, criou os guardas-prisionais.

Para dar força aos guardas, deu-lhes bastões e armas.

Entretanto, começou a dar direitos estranhos aos presos, como poderem gerir o “negócio” por telemóvel.

Hoje é melhor ser preso que guarda-prisional.

 

Correndo o risco de parecer uma besta sem coração ou um hooligan medieval, pergunto: como chegámos ao ponto de ir atrás de um guarda que cumpriu com escrupuloso profissionalismo e sentido de autoridade o seu dever?

 

Usou uma arma da ficção científica?

Sim, usou.

Preferiam que tivesse usado balas a sério?

Cartuchos de borracha?

Ou de látex?

Ou rebuçados peitorais do Dr. Bayard?

 

Não conheço o texto exacto deste relatório europeu mas suspeito que não usaria as suas páginas sequer para forrar o meu caixote do lixo...

Tudo do avesso

Essi Silva, 24.02.11

 

É dever do Estado garantir uma escola pública, só que...

...quase metade das escolas privadas existentes são apoiadas, embora cada aluno subsidiado (até 50%) custe menos ao Estado que um aluno na escola pública e a vantagem é que têm um acompanhamento maior.

 

Porque é que uns (não estamos a falar de gestores) têm direito a educação melhor e outros não?

 

Como seria se todas as escolas fossem privadas e fossem os alunos a serem subsidiados e não as escolas?

 

 

 

Crónicas de um jovem sem futuro (III)

Rui C Pinto, 24.02.11

Diz que vai haver uma manifestação no dia 12 de Março por parte de uma geração enrascada. É, de facto, uma geração de jovens enrascados que têm todos os motivos para ir para a rua. Para mostrarem que existem. Para que o país saiba que estes jovens, para além de beber uns copos e fumar umas ganzas no Bairro Alto, existem, sentem as suas aspirações frustradas, são politizáveis, e consequentemente, são actores desta sociedade, fazem parte dela, e não são apenas aqueles miúdos alheados e irresponsáveis de que são frequentemente rotulados. 

 

Enganam-se os senhores doutores opinantes e botadores de opinião, nos jornais, nas tv's, nos blogues e redes sociais... Não, caríssimos! Não se trata da geração morangos com açúcar! Tenham tino! Percebem tanto do Portugal em que vivem como da Líbia do Khadafi, e opinam sobre ambas com douta e reverente ligeireza. Ouçam lá, ó Pacheco, ó Sousa Tavares, ó Pulido Valente, não é a geração morangos com açúcar, bolas! É a geração Riscos!! Se ao menos soubessem como é grande a diferença...

 

E eu, que sempre pedi a revolução, vou ficar em casa. Esta não é a minha manifestação. A minha revolução é mais dura. Esta é a manifestação dos desempregados, “quinhentoseuristas” e outros mal remunerados, escravos disfarçados, subcontratados, contratados a prazo, falsos trabalhadores independentes, trabalhadores intermitentes, estagiários, bolseiros, trabalhadores-estudantes, estudantes, mães, pais e filhos de Portugal, que protestam pelo direito ao emprego e pelo direito à educação; pela melhoria das condições de trabalho e o fim da precariedade; pelo reconhecimento das qualificações, competência e experiência, espelhado em salários e contratos dignos.

 

Este é o protesto de uma geração que quer partilhar das fatias do bolo. O meu protesto é mais dramático e exige mais consequências. Eu não peço um contracto para a vida e o fim da precariedade dos contractos a termo. Eu peço é que aqueles que os têm os deixem de ter para que eu possa competir com eles. Eu não peço um salário mais elevado e um contracto digno, como reconhecimento das minhas qualificações, mas que sejam todos avaliados pelo seu mérito e capacidade de trabalho tenham eles os graus académicos que tiverem, sejam gordos ou magros. Eu reivindico um mercado de trabalho que permita a um jovem, que apostou na qualificação, dar provas de competência e de capacidade de trabalho. Um mercado de trabalho onde o salário é função da produtividade e da mais valia do trabalhador. Um mercado de trabalho que potencie perspectivas de progressão nos salários e nas responsabilidades em função do mérito e da competência.

 

Isto é o mesmo que dizer: eu, ao contrário destes jovens que vão marchar no dia 12, não quero que o meu chefe me dê a assinar um contracto de trabalho para a vida com salário tabelado à categoria de licenciado e carreira tipificada em meia dúzia de escalões de progressão mediante bom comportamento. Eu quero que me seja dada a oportunidade de provar que tenho muito mais competências do que o meu chefe e que não só mereço o lugar dele como o mereço com um melhor salário. A quem vai marchar no dia 12 eu digo: se é para fazer parte do sistema que marcham, marcham por pouco! O que vocês reivindicam não é uma solução, é fazer parte do problema.

Diz-me com quem andas...

Diogo Agostinho, 24.02.11

Após os comentários de Santana Lopes sobre a liderança do actual Presidente do PSD, quando se referiu ao pensamento dos portugueses, apareceram logo dois acérrimos defensores a terreiro. E quem foram e o que disseram?

 

 

António Nogueira Leite: "É sempre curioso quase divertido ouvir Santana Lopes tecer considerações sobre a capacidade de alguém ser ou não primeiro ministro"

 

e Luís Filipe Menezes: "Há coisas que não são para levar a sério".

 

Deixem-me ver se entendi. Portanto o ex-Secretário de Estado do pior Governo do País, sim o Governo do Eng. Guterres, que tem uma moral enorme em Finanças, manda esta curiosidade, interrogo-me eu, como é curioso ter esse senhor como conselheiro do Partido e por outro temos o Presidente-foguete que zigue-zagueou de um lado para o outro como referencial de seriedade?

 

Sim. Acho que entendi!

Bem-vindos Sandra e Ricardo

Diogo Agostinho, 23.02.11

                               

 

Venho hoje anunciar-vos duas novas contratações psicóticas! São eles Sandra Gomes e Ricardo Campelo de Magalhães. Duas pessoas que já tinham sido psicoconvidadas e que se juntam a nós nesta psicose saudável.

 

Sejam muito bem-vindos a esta agora vossa casa!

E Tudo o Vento Levou

Miguel Nunes Silva, 23.02.11

 

 

 

Se há algo que esta crise no mundo Árabe prova, é que decididamente muito de aquilo que os media apelidam de ‘comunidade internacional’ é na verdade ‘comunidade ocidental’. A cobertura tem sido lamentável com uma clara parcialidade por parte dos jornalistas ocidentais e mesmo dos Árabes, que oriundos das classes altas e médias altas, educados em universidades ocidentais – ou com currículos ocidentais – tomam claramente o partido dos manifestantes.

 

 

Mas não nos enganemos, se as revoluções são muito populares no mundo árabe, isso deve-se não só às elites mas também aos preconceitos da dita ‘rua Árabe’. A rua Árabe é anti-americana, terceiro-mundista em política externa e mesmo antisemita. A irem em frente estas revoluções trarão regimes muito ambíguos em relação ao ocidente se não mesmo antagonistas.

 

No caso do Egipto por exemplo, as elites capitalistas que defendem a revolução fazem-no por interesse próprio pois querem que a economia Egípcia seja menos aberta. As empresas nacionais que o regime favoreceu e cultivou durante muito tempo cresceram ao ponto em que o investimento directo estrangeiro se tornou uma ameaça para o corporativismo doméstico.

Igualmente importante: as elites ‘liberais’ que neste momento apelam ao derrube dos regimes são as mesmas que se aliam aos Europeus de esquerda no anti-americanismo anti-globalização. São os descendentes dos Nasseritas que impulsionaram o Movimento dos Não-Alinhados ou a Liga Árabe – instituições que toleraram os maiores massacres da Guerra Fria mas sobretudo os maiores ataques aos interesses e valores do Ocidente. Afinal, não é a Al-Jazeera anti-Israel e anti-EUA?

 

Quem olhar para o mapa político da Europa observará que os governos de esquerda se acumulam no sul da Europa (Portugal, Espanha, Grécia). Isto não é aleatório já que o espectro político pende mais para a esquerda nos países mediterrânicos. Pessoalmente já pude observar o horror nos olhos dos estrangeiros a quem conto que comunistas e trotskistas dominam 1/5 do parlamento. Se no sul da Europa isto é tão patente, que dizer do sul do Mediterrâneo?

Evidentemente cada caso é um caso: se a revolução resultasse na Líbia, provavelmente o novo regime seria muito mais favorável ao ocidente, a crise na Jordânia não estará tão relacionada com as elites capitalistas.

 

Mas aquilo que é crucial compreender é que os regimes que resultarão destas revoluções serão muito menos favoráveis ao ocidente. Tal como as independências Árabes do pós-guerra nacionalizaram o petróleo e levaram o mundo Árabe para uma maior proximidade com o bloco soviético, também agora os Iranianos esfregam as mãos por verem os regimes que mantinham uma estabilidade pró Ocidental caírem. Não quer dizer que amanhã haja regimes islâmicos favoráveis a Teerão no poder. Mas significa sim que serão mais compreensíveis para com a República Islâmica. É muito claro que com os ditadores irá também o paradigma estratégico que nos favorecia até agora.

 

As alternativas estão a oriente. A Rússia tenta há uma década influenciar o abastecimento energético da Europa. Fê-lo a leste – mérito de Putin – e as companhias Russas persistem em continuar a mesma política no norte de África (ver Gazprom na Argélia por exemplo).

Ora é espectável que as elites terceiro-mundistas, isolacionistas e anti-Americanas prossigam as boas relações comerciais com os interesses Americanos e Europeus? É óbvio que não. E que dizer dos contractos das indústrias de defesa ou da preferência financeira das elites? Será de esperar que estas elites privilegiem ou tratem justamente os países que apoiaram os regimes prévios? A alternativa em matéria de armamento continua a ser a Ásia. O mesmo se pode dizer da moeda de referência.

 

A Turquia é um bom exemplo – até porque a sua população é mais educada e menos vulnerável ao populismo. Mesmo a Turquia, com um governo islâmico acabou por cair numa ambiguidade ocidentofóbica. É membro da NATO mas mantém exercícios militares com a China. Quer entrar para a UE mas oferece apoio à Líbia e ao Irão. Permite o projecto Europeu de pipeline Nabucco mas também o South-Stream Russo – em concorrência um com o outro.

 

Quando será que o Ocidente compreenderá que num mundo cada vez mais competitivo e multipolar não se pode dar ao luxo de perder aliados e que a democracia não traz compatibilidade estratégica mas sim frequentemente o contrário? Quando nos deixaremos do ridículo de servirmos de claque a eventos que beneficiarão todos menos nós?

 

Fechem o guarda-chuva - não dêem cobertura aos nossos rivais - ou deixem-se levar pelo temporal…