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PSICOLARANJA

O lado paranóico da política

PSICOLARANJA

O lado paranóico da política

Vivo de mi vida! (2)

jfd, 30.06.10

 

Passadas mais umas horas sabe-se mais um pouco sobre este negócio.

O BES que rejeitou as primeiras duas propostas à terceira votou a favor.

O "mercado" exprimindo-se em vários jornais por todo o mundo condenou a "inesperada" posição do Governo Português (como assim inesperada pergunto eu?).

Aguarda-se agora uma decisão Europeia acerca do assunto da golden-share. Os pundits alargam-se em comentários cruzando o direito privado interno com o direito comunitário. Os especuladores falam de nova proposta menor ou de uma possível OPA sobre todo o capital da PT pós golden-share.

Relembrando um post aqui deixado pelo nosso Guilherme Diaz-Bérrio comparo o meu espanto com a prévia salvação graças a Joe Berardo, agora à salvação graças a um José Sócrates que nos mostrou um valente e heroico stick it to the Man! Não posso deixar de sorrir pela ironia das coisas. Teve muita coragem o nosso PM. Isto tem de ser visto no contexto, e para isso recordo as palavras do Pedro Santos Guerreiro:

São 6,5 mil milhões de euros. A administração quererá investir, muitos accionistas precisam do dinheiro. Uns estão hipotecados (Ongoing, Joaquim Oliveira, Visabeira, até Berardo ainda lá anda), outros são os donos das hipotecas (BES e Caixa) e estão, eles próprios, sem financiamento. A história pode, pois, estar escrita: são Sarahs Ferguson à volta do pote.

É interessante agora ouvir os tais pundits e todos os analistas que por ai andam. Lembremo-nos sempre de qual é o interesse de cada um que vocifra a sua opinião.

 E recordando um pouco mais do Pedro Santos Guerreiro:

Granadeiro e Zeinal deram a PT Multimédia e distribuíram seis mil milhões de euros em dividendos por causa da OPA. Além disso, venderam os anéis. Venderam Marrocos, Botswana, China, e agora o Brasil. O que compraram? Nada. Afinal não foi a Sonae que desmantelou a PT, foi quem lá ficou. Que rica Vivo.

Realmente dá que pensar, e sejam quais forem os próximos capítulos serão certamente emocionantes e marcantes na história do governance Português e neste definitivo velório que agora começa à golden-share.

José Sócrates abanou o sistema. Foi corajoso. E isso só me agrada! Tantos outros que já fizeram o mesmo pela calada e com o recurso a testas de ferro e lobbies duvidosos.

Não me incomoda nada o coro de vozes que hoje, amanha e depois estar-se-ão a referir em menores modos sobre Portugal. Hipócritas!

 

 

Liderança

Diogo Agostinho, 30.06.10

 

José Mourinho: “Por ser meu jogador (Ronaldo), tenho o direito de fazer o que não fiz desde o início do Mundial, um único e simples comentário: Nas minhas equipas, quando ganhamos, ganhamos todos, quando perdermos, perco eu… por isso Ronaldo pode estar tranquilo e gozar as suas ferias que na próxima época não deixarei que ninguém ponha sobre ele as responsabilidades de uma equipa”

 

Simples e eficaz. Isto são palavras de um líder. E estas palavras não valem apenas para o Futebol. É transversal a organizações e sobretudo Partidos. Mais uma lição de José Mourinho

Ouch!!!

jfd, 30.06.10

 

(...)"Não vamos ignorar, não estamos aqui para sermos amigos dos jogadores. Se precisar de levar toda a minha vida para ensinar as pessoas que as frustações têm de ser contidas, fá-lo-ei".(...)

 

(...) "Portugal precisa do Cristiano Ronaldo e Cristiano Ronaldo precisa da selecção. Agora, se o tamanho da camisola for pequeno de mais para algum corpo, não precisa de estar aqui".(...)

Vivo de mi vida!

jfd, 30.06.10

 

Este assunto diz-me muito, não apenas porque trabalho numa das maiores empresas de Portugal, mas também porque sou Portguês e tenho de ter orgulho nos nossos negócios. Mas os negócios não têm fronteira. E sendo este um mau negócio para a PT para PT e para os portugueses, fico contente pelo recurso à golden share para vetar aquilo que fora aprovado por cerca de 74% dos accionistas. Gente que se move por dinheiro. E nada mais. E a mais não são obrigados. Cada posição que tomemos no mercado, ou é para se ser longo ou curto, ou então conforme der jeito. Por isso é que eu penso que o governance deveria de mudar. Os stakeholders têm pesos muitos diferentes na ponderação de diferentes assuntos. Cada vez mais, e atenção à viragem da conversa no que toca à esquerda, os trabalhadores deverão ser listados na parte do balanço correspondente ao activo. A empresa não é apenas o núcleo duro de accionistas, o seu CE e o seu CA e todos os garimpeiros detentores de acções. A empresa é antes de tudo, o seu activo e o seu passivo. E no primeiro terão de se incluir de futuro quem contribuiu para a riqueza da mesma, a par do investimento dos investidores...

Terrorismo especializado

Paulo Colaço, 29.06.10

Provocam motins, atacam polícias, destroem lojas, incendeiam carros.

São terroristas especializados: vão atrás das Cimeiras do G (do 7 ao 20) e só têm um pensamento - levar tudo à frente.

Quando vejo estes motins e esses inúteis, lembro-me de uma tirada de Ronald Reagan que já aqui citei.

Uma vez, confrontado com um cartaz "make love not war", empunhado por um grupo de hippies que o criticavam, o falecido estadista declarou:

- Esta gente não me parece capaz de fazer nem uma coisa nem outra!

Pessoalmente, o que esta gente merece é ser tratada não pela polícia mas pelo exército, e tido como terroristas.

 

Reflectindo sobre a Psico-refeição com MFL

Miguel Nunes Silva, 29.06.10

O privilégio de poder conversar abertamente com figuras políticas como Manuela Ferreira Leite é a possibilidade de se poder vislumbrar o seu pensamento. Ferreira Leite é uma figura muito lúcida no seu pensamento político, e como poucos em Portugal, a sua integridade ideológica passou quase incólume durante as últimas décadas de evolução política em Portugal.


No centro dos seus ideais está a classe média. Sem uma classe média, a Drª Ferreira Leite não acredita que um estado possa prosperar. A social-democracia para si exige um estado, e um estado forte mas não um estado morbidamente abrangente e centralizador. A experiência dos regimes socialistas demonstra que o aparelho estado é eficaz na diminuição do abismo social, mas nunca para cima. O aparelho estado consegue uniformizar por decreto as diferenças sócio-económicas mas é pouco eficaz na potenciação da sociedade para a prosperidade. Ou seja, o estado é desejável enquanto regulador mas não enquanto produtor. 

 

Para a ex-líder do PSD, a protecção sócio-económica do estado justifica-se apenas para as classes mais desfavorecidas. O estado social deve, para si, ser um estado social mínimo.

 

O período da liderança Ferreirista no PSD caracterizou-se por uma profunda divisão ideológica entre a oposição e o governo. Esta divisão não era apenas política mas também pessoal pois o perfil de José Sócrates e o de Ferreira Leite não poderiam ser mais diferentes. As medidas anti-crise e as medidas pós-crise que os governos Sócrates tomaram contaram sempre com a oposição acérrima de Manuela Ferreira Leite porque elas se destinavam a beneficiar camadas da população dependentes do governo e a taxar as camadas da população que sendo mais independentes, perdiam a capacidade de suportar qualquer retoma económica. Este modelo perdedor persiste hoje: o governo expande a abrangência fiscal para fazer face ao endividamento que foi liderado pelo sector público nas últimas décadas – responsabilidade primária dos governos PS.

 

A dicotomia dos governos gastadores e dos governos de poupança é velha mas o pecado das últimas décadas socialistas foi terem-se demitido da responsabilidade de fazer reformas que implicassem a contenção do sector-estado.

Na III República enquanto porta-estandarte da esquerda e dos ‘trabalhadores’ – justamente ou não – e enquanto parte do arco da governabilidade e detentor de sentido de estado, o PS tem tido a missão de fazer as reformas difíceis, as reformas defendidas ...pelo PSD. O PSD tem ao longo do tempo sido esvaziado da sua legitimidade de representante dos ‘trabalhadores’ e dos ‘pobres’ pela esquerda Portuguesa pelo que quando uma reforma particularmente difícil se apresenta, a norma e a tradição – em quase todos os países aonde o espectro político pende para a esquerda – ditam que o PSD pressione a partir da oposição e que um governo PS as leva a cabo, por ser insuspeito de defender o ‘patronato’.

 

A maior vergonha não é que o governo populista de Sócrates não tenha tido a coragem ou a responsabilidade de as fazer. A maior vergonha é que o PS centralizado, estagnado e podre não tenha deixado de apoiar incondicionalmente os governos Sócrates, sabendo ainda melhor que o PSD, da irresponsabilidade com que o país tem sido governado.

 

Manuela Ferreira Leite foi há poucos dias comparada a Francisco Sá Carneiro pela sua integridade e visão … e justamente!

Finalmente

João Marques, 29.06.10

Por altura da campanha interna para a liderança do partido disse que mais importante que discutirmos nomes e alternativas de estilo, era essencial recentrar o PSD ideologicamente. A notícia do avanço da revisão do programa é uma excelente novidade e deve servir para mobilizar os militantes para a reflexão sobre os problemas do futuro. Como deve o PSD enfrentar as novas realidades éticas, falo de eutanásia, testamento vital, células estaminais. Qual o modelo de desenvolvimento que defendemos para o país, a economia do mar, ambiente, turismo. Como entendemos as lógicas de solidariedade nacional, ou os desafios da dignidade da pessoa humana. Tudo isto será discutido num âmbito ideológico, âmbito esse que carece também de um desempoeirado esclarecimento.

É oficial: deixei de saber fazer contas!

Guilherme Diaz-Bérrio, 29.06.10

Eu claramente deixei de saber fazer contas. E deixei de saber ler também.

 

Senão vejamos:

Passos Coelho diz que o pagamento das SCUT já este ano teria evitado a subida dos impostos hoje promulgada por Cavaco Silva.

(...)

"se as SCUT tivessem sido pagas este ano pelos utilizadores, os impostos não teriam subido"

Pedro Passos Coelho, lançamento do processo de revisão do programa do PSD, Diario Economico

 

Estou confuso. As SCUTs custam 700 milhões de euros por ano, ao contribuinte. O defice português é de 9,3 por cento do PIB em 2009, ou seja, cerca de 15 mil milhões de euros. Tivemos de cortar o defice de 9,3 por cento, para 7,3 por cento com dois PECs. Ou seja, foi preciso arranjar mais de 3 mil milhões de euros.

 

Em parte, foi por isso que aumentamos os IVA: cada ponto percentual de subida rende mais de 500 milhões por ano. Mais o IRS, mais outros impostos, mais outros cortes. No conjunto dos dois PECs, que não são mais que aumento de impostos (não há grandes medidas do lado da despesa), as SCUTs valem cerca de 25%.

 

Logo, a conclusão brilhante do PSD e de PPC é que, "se as SCUT tivessem sido pagas este ano pelos utilizadores, os impostos não teriam subido"? Alguém faz o obséquio de me explicar o grande pensamento aqui?!

 

É que, a ver pela subida dos juros de dívida pública, os 700 milhões das SCUTs não servem nem para cubrir o aumento dos custos com a dívida pública (vai uma aposta que no final de 2010 vamos estar a discutir um Orçamento Rectificativo que está pelo menos 1 por cento fora das previsões, cerca de 1,5 mil milhões de euros só em aumento de juros e despesas de Capital?!)

 

Devo ter perdido algum episódio nesta "novela orçamental"!

Soares, o Federalista

Miguel Nunes Silva, 28.06.10

Mário Soares, não tendo já um papel nacional a desempenhar se não o de fundador poeirento do PS, tem tentado nos últimos anos afirmar-se como a voz do federalismo europeu, em Portugal e na Europa.

 

Na homenagem que lhe foi feita em Arcos de Valdevez, Soares fez-se acompanhar dos espanhóis Frederico Mayor Zagaroza e Raul Morodo para proclamar que a Europa se encontra 'sem rumo'.

 

 

A 'visão' de Soares indica-lhe que é necessário haver 'políticas convergentes' entre Portugal e Espanha e que 'a Europa ou é federalista ou não é Europa'.

O ex-Presidente acrescenta ainda que a menos que a Europa se federalize totalmente '(...)vamos ser o extremo ocidental da Ásia, uma região pobre e sem influência'.

 

Mas como sempre, há algo de profundamente errado com a visão de Soares:

 

- A Europa só foi federalista no século XX e conseguiu sobreviver vários milénios sem união política. MAIS: todas as tentativas de união, directas ou indirectas foram sempre tentadas a favor de uma potência Europeia em especial e geralmente em detrimento das demais.

 

- Se a Europa tem sido federalista e está agora sem rumo, mais federalismo vai resolver o problema como?...

E que dizer da estrondosa vitória de partidos xenófobos e ultra-nacionalistas como clara oposição à mensagem federalista de centro-esquerda?

Só me ocorre prenunciar que se continuarmos a federalizar a Europa, o faremos até a extrema-direita dominar os governos da Europa e fizer um 'opting-out' total e final ...

 

- Soares e a sua tese da marginalização da Europa têm razão de ser. A Ásia, pela sua dimensão e localização, será o próximo centro do comércio mundial, substituindo o Atlântico.

Mas os ventos da história - que neste caso são soprados pela evolução tecnológica - não vão mudar, quer a Europa se federalize, quer não.

 

Outra coisa: repararam na contradição implícita? Se a Europa, enquanto extremo ocidental da Ásia, se vai tornar pobre e sem influência, que dizer então de Portugal se transportarmos esta analogia para o continente Europeu?

Não é justo dizer que Portugal é uma periferia ocidental pobre e sem influência na Europa?

Então e posto isto, vamos federalizar a Europa?! o que significaria uma devolução ainda maior de soberania a Bruxelas?!...

 

Uma outra contradição é o sentido de emergência e ansiedade que a ascenção das potências asiáticas provoca nos europeístas.

O problema é que as potências asiáticas não baseiam o seu poder em estruturas federais ou confederais, apesar de cooperarem em vários fóruns e organizações de cooperação política, comercial, etc.

Ora, se é na Ásia que se encontra o dinamismo geopolítico e este não faz uso de pseudo-federalizações pós-modernas, a Europa deve tentar unificar-se e tentar construir o que nenhuma potência - por alguma razão - não conseguiu até hoje porque ...

 

Finalizo sem sequer ousar ameaçar o tabu que existe na sociedade Portuguesa em relação a Espanha mas no qual peço que reflictam.

Imigrantes a la carte.

nunodc, 28.06.10

Diz Peter Trapp, do CDU de Angela Merkel, sobre a imigração na Alemanha: “Devemos introduzir critérios que sirvam verdadeiramente o nosso Estado. Além de uma boa formação e de uma qualificação profissional, a inteligência deve entrar em consideração. Eu defendo testes de inteligência. Esta questão não deve ser mais um tabu”.

 

Porque não testes de altura, ou peso, também? E o que fazer se alguém tiver uma inteligência elevada e trabalhar num café?

 

Será muito complicado perceber que, num futuro bem próximo, nós (Europa) vamos ter que atrair imigrantes? E iremos consegui-lo, ao pensar em exigir testes de inteligência e outros que tal?

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