Vivo de mi vida! (2)
Passadas mais umas horas sabe-se mais um pouco sobre este negócio.
O BES que rejeitou as primeiras duas propostas à terceira votou a favor.
O "mercado" exprimindo-se em vários jornais por todo o mundo condenou a "inesperada" posição do Governo Português (como assim inesperada pergunto eu?).
Aguarda-se agora uma decisão Europeia acerca do assunto da golden-share. Os pundits alargam-se em comentários cruzando o direito privado interno com o direito comunitário. Os especuladores falam de nova proposta menor ou de uma possível OPA sobre todo o capital da PT pós golden-share.
Relembrando um post aqui deixado pelo nosso Guilherme Diaz-Bérrio comparo o meu espanto com a prévia salvação graças a Joe Berardo, agora à salvação graças a um José Sócrates que nos mostrou um valente e heroico stick it to the Man! Não posso deixar de sorrir pela ironia das coisas. Teve muita coragem o nosso PM. Isto tem de ser visto no contexto, e para isso recordo as palavras do Pedro Santos Guerreiro:
São 6,5 mil milhões de euros. A administração quererá investir, muitos accionistas precisam do dinheiro. Uns estão hipotecados (Ongoing, Joaquim Oliveira, Visabeira, até Berardo ainda lá anda), outros são os donos das hipotecas (BES e Caixa) e estão, eles próprios, sem financiamento. A história pode, pois, estar escrita: são Sarahs Ferguson à volta do pote.
É interessante agora ouvir os tais pundits e todos os analistas que por ai andam. Lembremo-nos sempre de qual é o interesse de cada um que vocifra a sua opinião.
E recordando um pouco mais do Pedro Santos Guerreiro:
Granadeiro e Zeinal deram a PT Multimédia e distribuíram seis mil milhões de euros em dividendos por causa da OPA. Além disso, venderam os anéis. Venderam Marrocos, Botswana, China, e agora o Brasil. O que compraram? Nada. Afinal não foi a Sonae que desmantelou a PT, foi quem lá ficou. Que rica Vivo.
Realmente dá que pensar, e sejam quais forem os próximos capítulos serão certamente emocionantes e marcantes na história do governance Português e neste definitivo velório que agora começa à golden-share.
José Sócrates abanou o sistema. Foi corajoso. E isso só me agrada! Tantos outros que já fizeram o mesmo pela calada e com o recurso a testas de ferro e lobbies duvidosos.
Não me incomoda nada o coro de vozes que hoje, amanha e depois estar-se-ão a referir em menores modos sobre Portugal. Hipócritas!