Verdades de 1º de Abril.
O "bom". Abriram, na 2ª feira, os concursos para os 5000 estágios profissionais na função pública. Num investimento de 55m/€, há vagas para todos os gostos, desde o Direito (1.300), passando pela Gestão e Administração (592), pela Economia (414), até saídas menos universais como a Produção Agrícola Animal (1), Física (2) e Belas-Artes (3). O mau: em 3 dias, candidataram-se 10.000 jovens. Aceitam-se apostas para um número total de candidatos.
O preocupante: a passividade. Fui, no passado ano, a um fórum Novas Fronteiras dedicado á juventude. Ali ouvi José Sócrates a falar da expansão dos estágios profissionais, do quão empenhados estavam em alastrar os mesmos pelos serviços públicos. Na plateia, 99% tinham menos de 30 anos. Da meia dúzia que falei, parte estavam num estágio profissional, outra parte estavam a "escrever a tese" (uma nova classe profissional, aparentemente. Temos os estudantes, os trabalhadores, os desempregados, e os que estão a escrever a tese). Todos aplaudiram, todos estavam extasiados com o discurso de José Sócrates. Grande parte estava desempregada, porém, ou a trabalhar em algo que jamais imaginaram e em condições não propriamente lisonjeadoras. Ninguém fez questões realmente incomodativas. Isto parecia ser razoável.
Não havendo empregos, o Estado que invente algo para colmatar tal. Vamos distribuir estágios profissionais, com salários irreais e poucas ou nenhumas garantias de futuro, e vamos adiando os problemas. Isto quando o desemprego nos jovens com menos de 25 anos já atingiu uma taxa de 21% em Portugal.
O que nos vale é que atingimos o pico do desemprego. Ao menos isso.