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PSICOLARANJA

O lado paranóico da política

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O lado paranóico da política

Os números da gripe

Rui Cepeda, 02.03.10

De acordo com um artigo publicado no jornal Expresso da semana passada, a ultima vez que foi detectado um caso de gripe sasonal foi á 7 meses.

 

São apontados 2 milhões de casos de gripe A nesta "época", um valor muito acima dos 200 a 500 mil habituais.

Vale tudo?

Diogo Agostinho, 02.03.10

 

Eu esperei. Esperei este tempo todo depois das declarações que ouvi do Director do SOL, José António Saraiva. Ora, o que ele disse na comissão de inquérito serve para quê? Eu não consigo compreender a facilidade com que acusações gravissimas passam como se nada fosse. Quais ameaças de morte, de falência de jornais, quais Varas perdidas a tentar enconbrir o SOL. Não se passa nada.

 

Este país virou pagode. Virou circo. Lá foi a Madeira a servir de manto para a oculta face, lá vêm os tipos do PSD à bulha pelo lugar de Presidente. Agora, tranquilos. Acusações graves? Naa, deixa lá isso! Desmentidos? Não, que chatice agora essas coisas, de comunicados de imprensa ou conferências de imprensa com papelinhos A5.

 

Isto é rosas senhor. Rosas. O cheirinho a estrume que sai de cada processo onde Sócrates meteu a mão? Põe-se mais perfume. Agarra-se o partido e motiva-se as tropas de elite. E que elite: de Almeida Santos a Edite Estrela. Todos a aparecerem a comentarem e a protegerem o menino de oiro.

 

Nada acontece de grave neste país, como diria a coluna do Arq. José António Saraiva: Política à Portuguesa!

Zoran Djindjic – Um Sá Carneiro dos Balcãs? (I)

Miguel Nunes Silva, 02.03.10

 

 

Assisti há alguns dias à apresentação de um livro (“Hajka” de Velimir Ćurgus Kazimir) sobre este estadista Sérvio e decidi escrever sobre ele pois julgo que o seu percurso tem algumas lições valiosas para o PSD. 

 

Um nome estranho para os Portugueses, Djindjic foi PM da Sérvia/Jugoslávia e foi um dos principais responsáveis pela queda de Slobodan Milošević, defendendo reformas democráticas e a resistência pacífica ao regime socialista autoritário.

 

 

Depois da queda de Milošević, ele ascendeu rapidamente por entre as fileiras do então caótico panorama político em Belgrado até chegar a PM e primeiro líder de governo da era democrática. Djindjic era um intelectual mas também um visionário dinâmico que promoveu grandes programas dirigidos à juventude e que facilmente seduziu um eleitorado que clamava por novas caras e ideias.

 

 

É difícil imaginar que outra personalidade melhor pudesse ter simbolizado a transição democrática neste país, mas a dimensão icónica de Zoran Djindjic não teve tempo de ascender aos níveis de Mandela ou de Wałęsa, devido à sua morte prematura por assassinato em 2003.

 

 

A queda de Djindjic no entanto, não pode ser apercebida simplisticamentecomoa derrota dos idealistas depois da revolução – epifenómeno reflectido em Kerensky, Gandhi ou Benazir Bhutto. Djindjic era ele próprio um orador de brio, que sabia encantar o público.Comoqualquer personalidade revolucionária, a sua coragem perante o perigo, para além de inspirar as massas, também revelava algum idealismo, mas não foi a sua ingenuidade que motivou o seu assassinato político e sim aquilo que apenas podemos designar por amadorismo.

           

Kazimir, o autor do livro, observa que Djindjic enfrentou muitos problemas – muitos, os mesmos que os nossos líderes Portugueses – nomeadamente os interesses instalados, o crime organizado e as corporações. Não é surpresa pois que uma grande campanha negativa tenha sido facilmente levada a cabo pelos seus rivais políticos.

 

 

Em Djindjic existe o seu quê de amadorismo. Certamente que o idealismo e a sua credulidade tiveram consequências mas Djindjic era um político, tinha contactos e tinha ambições. Entre as muitas críticas que lhe foram feitas, o pragmatismo figurava entre as principais, isto é que ele não escolhia o caminho mais fácil mas também não optava pelo caminho mais difícil e intransigente, sabia entrar em compromissos políticos. O seu fim trágico fica a dever-se à sua incapacidade de exercer autoridade sobre um aparelho de estado oriundo de quatro décadas de regime autoritário.

 

Os responsáveis pelo seu assassinato eram membros de uma unidade de operações especiais dos serviços secretos Jugoslavos (DB) – ex-polícia política – os quais, depois do processo de extradição de Slobodan Milošević, não conseguiram adaptar as suas lealdades ao novo regime. A ciência política distingue claramente entre Estado e regime mas a diferença não é tão clara para o comum dos cidadãos e não o é sobretudo nos Balcãs aonde o processo de desintegração da Jugoslávia iria desagregar uma federação socialista multi-étnica para tentar dar lugar a estados-nação.

     

Não, Djindjic não era um ingénuo, ele sabia os riscos que corria mas a sua inabilidade em conseguir a sincera dedicação dos quadros do antigo regime demonstra que apesar de tudo, havia custos associados às novas políticas e novos protagonistas.

     

Deixo a questão aos leitores sobre se é possível estabelecer paralelos entre figurascomoFrancisco Sá Carneiro, Zoran Djindjic ou mesmo Abraham Lincoln. Será  o sacrifício dos agentes da mudança de paradigma político, inevitável e mero preço estrutural a pagar pelos benefícios de ditas profundas transformações? 

Perguntas de algibeira do "velho dos marretas"*

Guilherme Diaz-Bérrio, 01.03.10

 

Tenho uma pergunta de algibeira para o Governo Regional da Madeira:

 

Em 2007 a Quercus avisou para não se fazerem certas construções. Em 2008, foram entrevistados geólogos num programa da RTP2 (Biosfera, Abril 2008) onde todos concluíram que a tragédia não era uma questão de "Se" mas "Quando". Que havia construções mal colocadas, pouco tempo para evacuações e, dada a geografia e características meteorológicas da ilha, não era necessária assim tanta chuva para produzir uma catástrofe.

Da minha algibeira sai a seguinte questão: Porque é que se construiu onde se construiu contra os avisos dos técnicos? E quem é que se responsabiliza?

 

Tenho também uma pergunta de algibeira para as Autarquias de Portugal:

 

Quantos PDMs são feitos sem ter em conta riscos geofisicos do local onde estão inseridos? Eu percebo que as Câmaras têm incentivos para urbanizar tudo sobre o Sol (dado que têm poucas fontes de receitas próprias, à excepção do IMI...o que implica urbanizar para cobrar!), mas quem se responsabiliza quando surgirem mais acidentes com mortos?

 

E por último uma pergunta de algibeira para o Governo desta bela República:

 

A minha algibeira adorava saber quando é que se toma a sério os problemas de PDMs mal feitos, má ou inexistente fiscalização e se toma a sério os riscos que se corre quando se urbaniza sem regras! É que é muito giro reforçar a parede da presidência do Parlamento contra Sismos mas... e os outros 10 milhões de Portugueses?

Fazer a lei e publicar em Diário da República de nada serve. E nestas questões, não é o "Se" vai acontecer, mas o "Quando", logo a pergunta é: Quem assume a responsabilidade quando acontecer?

 

Estou totalmente solidário com a Madeira, mas esta catástrofe que aconteceu é bom que acorde os Partidos para a questão de fundo: constrói-se onde não se deve! E não há solidariedade e minutos de silêncio que depois compensem quando estes "acidentes" acontecem, quando eram evitáveis!

 

*"Velho dos Marretas" é uma referência (aka alcunha nova) ao que alguns vêem como a minha postura de profunda desilusão com este Partido em particular e com a nossa classe política em geral.

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