Queria agradecer ao Psicolaranja o convite para escrever aqui. Acompanho o blogue, e notei desde sempre um saudável desprendimento da capa partidária nos seus escribas. Parabéns por isso!
A intervenção dos jovens na política começa, para muitos, ainda na escola ou na universidade, com a intervenção junto de associações de estudantes. Outros “acordam” para a política junto de amigos ou pela leitura de jornais e interesse na actualidade. Cada um de nós terá a sua história. Eu, por exemplo, vim a Juventude Popular pela mão de um amigo que me desafiou a, literalmente, tomar partido. Eu, que sempre debati, concordei ou discordei, discuti tudo e mais alguma coisa vi-me obrigado a anuir – para ser consequente devia assumir bandeira. Filiei-me na JP também porque, confesso a minha palermice, passava tardes a ver debates parlamentares na televisão e sempre me fascinaram.
Vejo a intervenção dos jovens na política como algo de natural. Não porque os jovens sejam especiais ou especialmente vocacionados para a política. Mas creio que os jovens têm muita vontade em questionar e tentar mudar o que os rodeia. Não acredito nas juventudes partidárias como veículos de acesso ao poder ou a uma carreira num partido – e convenhamos que na JP dificilmente se procura esse caminho – mas acredito que são um meio privilegiado para encontrar jovens que, dentro dum quadro ideológico comum, debatam as suas diferenças e encontrem caminhos comuns para propor ao mundo que os rodeia. O grande espaço de debate que as “jotas” proporcionam é o maior valor que lhes dou e o que mais me fascinou quando comecei a participar em actividades da JP.
Hoje em dia, esse espaço pode até estar ocupado pelas redes sociais e os blogues, que permitem esta interacção. Aliás, foi com a minha intervenção em blogues que vi crescer muita da minha consciência política. A janela para o mundo e para um sem fim de visões ideológicas e políticas que os blogues abrem, permitem enriquecer o espaço político e, ao mesmo tempo, mantêm uma independência notável em relação ao espaço político. Exceptuando certos casos, que aliás são rapidamente identificados pelos outros blogues e exceptuando os períodos de campanha eleitoral, não se verificam casos de presença dos partidos na blogosfera política dominante com a tentativa de a manipular. Acho portanto que entre blogues e organizações políticas se partilha um espaço que se interliga, sobrepõe, mas que ambos existem de forma independente, talvez complementar.
Entre blogues e twitter e as organizações políticas, temos hoje ao nosso dispor ferramentas inestimáveis de debate politico-ideológico. Cabe às “jotas” encararem o debate com algo de saudável e absolutamente necessário e cabe-lhes também ser o porta-voz dos seus militantes de uma maneira que estes sintam a utilidade da militância. E acredito no papel especial das juventudes partidárias, porque podem fazer a ponte entre esses jovens e as Assembleias de Freguesia, as Municipais e a da República, bem como com as Juntas, as Câmaras e o Governo e assim tirar frutos desse mesmo debate.
Não me arrogo o direito de falar em nome dos jovens. Mas em relação à Juventude Popular, aquilo que nos parece fundamental em relação às políticas de juventude é não tratar os jovens como uns coitadinhos, ou um lóbi que deve ser atendido por conveniência eleitoral. Nesse sentido, encaro aquilo a que normalmente se chama de “políticas de juventude” como redutoras e limitadoras da intervenção política dos jovens. Muitas dessas políticas servem para lançar dinheiro sobre as preocupações dos jovens mas acabam por não resolver problemas de fundo que sentimos no dia-a-dia, antes criando novos problemas. Assim, aquilo que penso que devemos atacar, são políticas de fundo que produzam efeitos a médio e longo prazo, criando condições para que os jovens de hoje tenham amanhã um país melhor. Políticas de flexibilização do mercado laboral, políticas de redução do peso do estado na economia, políticas de redução do deficit e da dívida pública são políticas de futuro que prometem, na nossa visão, resultados de que todos – logo também os jovens de hoje – beneficiarão no futuro.
Se gostarmos de chavões, podemos dizer que este século XXI promete ser o século das redes. Comunicação nas redes sociais e na Internet dominam os grandes eventos desde o 11 de Setembro até à morte de Michael Jackson. As organizações políticas não poderão fugir a essa realidade adaptando a sua maneira de chegar aos cidadãos. Quem o souber fazer melhor oferecerá o melhor serviço. E não vale a pena fazer de conta: só somos bons se satisfizermos os nossos militantes – somos também prestadores de serviços.
Michael Seufert
Presidente da Juventude Popular