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PSICOLARANJA

O lado paranóico da política

PSICOLARANJA

O lado paranóico da política

A Picanha e o Mexilhão

Bruno Ribeiro, 31.01.08

A União Europeia decretou uma suspensão à importação de carne brasileira por falta de garantias de qualidade. Depois de ter emitido um aviso em Dezembro, que não obteve, das autoridades brasileiras, a resposta esperada, a UE cumpriu e decretou a suspensão.

Em declarações à SIC, o Gerente de um restaurante brasileiro disse que tinham a situação controlada e que iriam passar a rcorrer a carne europeia (holandesa, alemã e irlandesa) ou ainda carne argentina que é de reconhecida qualidade.

O problema é que, com esta restrição, o preço das carnes de outras proveniências sofrerá um natural aumento. No caso da carne argentina fala-se já em subidas a rondar os 60%. Já estão mesmo a ver de que bolsos é que vão sair os euros extra.

Será mesmo caso para dizer que, por causa da picanha quem se lixa é o mexilhão...

World Economy

Paulo Colaço, 30.01.08

Li hoje um artigo no DN que me preocupou:

“Em 2008, o mundo crescerá ao ritmo mais baixo dos últimos cinco anos e este abrandamento vai afectar todos os países. Esta é a principal ideia transmitida ontem pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) na actualização das suas previsões para a economia mundial, que incluem uma revisão em baixa das estimativas para os EUA, Europa e mundo.

“Nenhum país escapará ao abrandamento económico", explicou, numa conferência de imprensa em Washington, o economista-chefe do FMI, Simon Johnson, que preferiu não utilizar a palavra crise, mas sublinhar a importância do momento. "É um abrandamento significativo e é global, sem dúvida", acrescentou.

No relatório, o FMI sublinha que "o equilíbrio geral de riscos para o crescimento económico ainda está marcado por um abrandamento". E explica porquê: "os problemas no mercado financeiro com origem no sector do crédito hipotecário de alto risco (subprime) nos EUA intensificaram-se, enquanto a profunda queda das bolsas globais foi sintomática da crescente incerteza". Como consequência, "o maior risco (...) é que a turbulência nos mercados financeiros reduza adicionalmente a procura doméstica nas economias desenvolvidas e contagie os mercados emergentes". Os quais, apesar do abrandamento esperado, "têm continuado a expandir-se de forma sólida, liderados pela China e Índia"”

Portugal como tal, será afectado e o artigo ainda reforça esta afirmação com a análise da economista-chefe do BPI, Cristina Casalinho.

Nós já estamos praticamente no fundo do poço, as nossas políticas económicas pouco se desenvolvem, as que se desenvolvem não trazem resultados. Será que temos força para aguentar mais uma crise em cima de nós?

Senhores psico-economistas, psicóticos e psico-amigos que dizem?

Uma questão de confiança

Bruno Ribeiro, 27.01.08

Alertado por um post do Estado Sentido, fui ver uma sondagem publicada no Público. O resultado não é nada de surpreendente: os portugueses não confiam nos seus políticos!

A empresa que realizou a sondagem perguntou aos inquiridos “em qual destes tipos de pessoas confiam”, sendo as respostas possíveis:

- Políticos
- Líderes Religiosos
- Líderes Militares E Policiais
- Dirigentes Empresariais
- Jornalistas
- Advogados
- Professores e Sindicalistas
- Nenhum Destes

É verdade que os portugueses são desconfiados por natureza. Prova disso é o facto de a última resposta ter sido a opção de 28% dos entrevistados.

Mas sem dúvida que o facto de apenas 7% deles ter escolhido os políticos, é bem demonstrativo da pouca credibilidade que esta classe goza junto da população. Estão na cauda de uma tabela que – pasme-se – é liderada pelos Professores e Sindicalistas com 42%.

Porque Será? Culpa dos políticos? Do sistema político? Das crises? Dos media? Ou é o povo que é muito exigente?

Milhares para o desemprego em 6 meses!

Paulo Colaço, 26.01.08

Um artigo de José Baptista

 

Reunida hoje a Ordem dos Notários, ficou-se a saber que estes organismos privados dotados de fé pública, ficam a partir de Junho totalmente esvaziados de competências, ou seja, encerram portas, tal como o Presidente da ASAE pretende fazer com metade das empresas de restauração e como o Ministro da Saúde está a fazer com serviços de urgência por todo o país.

Depois de um processo dificil de privatização há 4 anos, iniciado no governo de Durão Barroso, com Celeste Cardona como Ministra da Justiça, fecham-se as portas e enviam-se milhares de funcionários para o desemprego, com uma média de idades a rondar os 35 anos, ainda sem contas aos prejuizos de milhões em empréstimos contraidos pelos notários e de compensações a entregar aos funcionários.

E agora, sempre se criam 150 mil postos de trabalho?

Um Executivo - Um Partido

Tiago Sousa Dias, 18.01.08



É hoje votado na Assembleia da República e (se me permitem a antecipação) aprovado na generalidade a nova Lei Eleitoral Autárquica.

Aliás o acordo prévio PS/PSD levou inclusivamente alguns deputados a denominar o dia de hoje como "o dia do bloco central".

Não tenho dúvidas que Lei Eleitoral autárquica merece reforma, mas será aceitável que vencendo as eleições, o Partido vencedor constitua sózinho o executivo?

Ou por outro lado poderiamos pensar que se o Governo é monocolor e discricionáriamente constituído pela pessoa indicada pelo PR, também assim poderia funcionar nas autarquias?

Será este o inicio do teste à implementação dos circulos uninominais e a extinção gradual dos pequenos partidos que assim ficarão (salvo PCP) sem um único vereador no país inteiro?

Ou será o reconhecimento da necessidade de estabilização do exercicio do poder politico sem necessidade constante de recurso à negociação politica casuística?
Eu voto sim!

Homo Comunis?

Margarida Balseiro Lopes, 17.01.08

Enquanto estudava Direito Constitucional, deparei-me com três frases de Marcelo Caetano que me deixaram perplexa:


“Os estudos da arqueologia pré-histórica e de etnologia dos povos primitivos têm mostrado que quanto menor é o domínio do homem sobre a Natureza que o rodeia (isto é, quanto mais rudimentar é a civilização) mais ele carece de estar amparado pelos seus semelhantes em grupos fortemente coesos. A solidariedade nas tribos selvagens é tão intensa que o indivíduo não goza nelas de personalidade, não se destaca do grupo em que está confundido. É o grupo que regula estritamente todos os passos dos que o compõem, dispõe das suas vidas e é senhor de todos os bens.”


Estará aqui um fundamento ancestral para o comunismo?

Religião Vs. Política - Vale cada uma por si?

Inês Rocheta Cassiano, 16.01.08

"A relação entre religião e política não é estática e nunca estará definitivamente resolvida. Ninguém se atreve a dizer que a distinção entre César e Deus, entre o temporal e o espiritual, entre política e religião, não seja libertadora.

Quem ousará defender, explicitamente, a teocracia? Esta ruptura é benéfica para o poder político porque evita que ele se feche sobre si mesmo de forma totalitária. É benéfica também para a Igreja porque a obriga a uma autodelimitação.

Mas só a cegueira ideológica não vê as fraquezas de um regime de total "separação".

Haverá sempre fricções entre religião e política e não se vê como poderia ser de outra maneira. Mas esta tensão é benéfica. Evita que o Estado se reduza a um papel tecnocrático, de pura gestão, e que, por outro lado, a Igreja se feche no culto e na sacristia.

No que diz respeito a Igreja católica, parece-me que a participação no debate público implica uma mudança muito forte de mentalidade. É evidente que há, na Igreja católica, uma hierarquia que ofende o espírito democrático. Além disso, os últimos dois Papas, João Paulo II e Bento XVI, desenvolveram uma palavra muito autoritária e um discurso de cima para baixo.

As Igrejas não têm de se calar, mas devem encontrar um modo de falar que permita fazer ouvir aquilo que julgam importante". in Público, Frei Bento Domingues

O texto supra citado são excertos de um artigo publicado por Frei Bento, o qual faz o favor de ser meu amigo. O seu teor suscita a questão sempre actual da relação entre a Política e Religião. Até que ponto são ambas dissociáveis, compatíveis ou complementares?

O espírito crítico do autor relança uma discussão que a mim me é particularmente cara. Isto é, a sociedade pode ser gerida apenas com um poder laico? Ou, por outro lado, precisa de uma outra dimensão?

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