Com admiração. Não com discriminação!
Carlos Carvalho, 31.10.07
É com honra que inicio este meu percurso pelo Psicolaranja. É, também, com honra que o faço começando por um tema de tamanha beleza: a Mulher.
Imagem: Fonte - Jornal de Noticias
Fui invadido por sentimentos de indignação, estupefacção, desespero, raiva até, quando tomei conhecimento da recente propaganda de um centro comercial, ou shopping (para ser mais global) de S. João da Madeira. A administração desse tal espaço teve a brilhantíssima ideia de criar lugares de estacionamento próprios e exclusivos para mulheres! E até os pintaram de cor-de-rosa, fuccia praticamente! Dizem eles que a mulher merece essa delicadeza, esse cuidado. Dizem eles que, como as senhoras carregam muitos sacos, devem ter direito a lugares específicos, bem localizados e maiores que o habitual. Tão maiores que até ultrapassam as medias dos lugares destinados a pessoas com deficiência. Sim, porque é bem mais difícil manobrar uns sacos do que uma cadeira de rodas…
Considero isto o cúmulo da discriminação. Considero isto o contrário aos direitos pelos quais as mulheres tanto lutaram e durante tanto tempo.
Estou de acordo quando se diz que a Mulher deve ser tratada com cavalheirismo, delicadeza e mesmo com admiração. Subscrevo. Admiro a Mulher na verdadeira ascensão da palavra. Obviamente, também «nesse» sentido, mas muito mais, ainda, no sentido belo do ciclo da vida, onde o sexo feminino assume relevância primeira. Confesso que admiro a forma como alguns povos trataram e exultaram a mulher, colocando-a em autênticos pedestais. Mas, também confesso, que a Mulher consegue a nível intelectual ser tão competente como qualquer homem. Não subscrevo o ditado que diz: “Mulher ao volante, perigo constante.” Senão não teríamos a grande Elisabete Jacinto a percorrer e a transpor as grandes dunas do deserto, a caminho de Dakar. E confesso que esta atitude da administração do centro comercial 8ª Avenida, em S. João da Madeira, não é mais do que pura discriminação e atestado de inferioridade às capacidades de todas as mulheres.
Esta situação lembra-me aquela medida das quotas para as mulheres. Sim, só falta que agora adornem umas cadeirinhas nas Assembleias Municipais e na Assembleia da República com veludo cor-de-rosa. Pior, só falta aumentarem o tamanho das cadeiras e dizerem: “É para se sentirem mais confortáveis”.
Devemos tratar com igualdade todos os nossos semelhantes, homens e mulheres padecem dos mesmos direitos e deveres. E não é, definitivamente, pelo caminho das ditas discriminações positivas que vamos conseguir a verdadeira igualdade de direitos. Eu chumbo a atitude desse centro comercial. Eu chumbo as quotas para as mulheres em cargos políticos. Chumbo, porque não precisam de nada disso para se afirmarem. Chumbo, porque é verdade que merecem ser tratadas com cavalheirismo, delicadeza e admiração, mas também com respeito e igualdade.
Continuarei a abrir a porta e a ceder o meu lugar às mulheres e continuarei a trata-las com a admiração de sempre, mas nunca aceitarei que se dimensionem portas e cadeiras maiores para o sexo feminino, muito menos pintando-as de cor-de-rosa, quase fuccia, reservando-as, em total sinal de inferioridade.
Imagem: Fonte - Jornal de Noticias