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PSICOLARANJA

O lado paranóico da política

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O lado paranóico da política

"reaprender a viver mais pobres"

Beatriz Ferreira, 08.11.12

Vivemos claramente na era da indignação fácil e da participação real nula. Se antigamente os portugueses já reclamavam muito e passavam pouco aos atos, a democratização da tecnologia veio dar-lhes das armas que faltavam. O "Movimento" Sem Emprego (MSE), do Facebook, criou uma petição online e lançou uma carta na rede social que exige a demissão de Isabel Jonet pelas declarações prestadas à SIC Notícias na Terça à noite.

 

A presidente do Banco Alimentar Contra a Fome disse que após termos vivido acima nas nossas possibilidades, temos de "reaprender a viver mais pobres". "Há que fazer uma lógica quase doméstica, de contabilidade doméstica. Se nós não temos dinheiro para comer bifes todos os dias, não podemos comer bifes todos os dias".

 

Disseram os internautas à diretora do case study que permite milhares de pessoas e organizações ultrapassar as dificuldades referidas, "Sabemos que é rica e privilegiada e nunca falou da fome com a boca vazia".

 

Isabel Jonet tem de ter todo o cuidado na utilização das palavras, pela própria natureza da atividade que exerce e na altura que o faz, mas relativamente aos internautas em causa, chamar-lhes demagogos e recalcados é pouco. O Estado não existe, o Estado são os portugueses e é a eles que são atribuídos os sacrifícios, tal como é dada a possibilidade de decidirem quem gere o Estado e como o gere. Temos de ter, de uma vez por todas, a coragem de enfrentar os problemas do nosso próprio país como pessoas crescidas, e questionar como chegamos até aqui.

 

Os portugueses que enfrentam situações económicas e sociais dramáticas podem continuar a contam com a ajuda de Isabel Jonet e de todos os voluntários do BACF, os que passaram fome e os que nunca passaram fome.

 

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