Sobre o anedotário nacional du jour
O pagode continua. E continuará. Como continua sempre quando se perde o respeito.
Desta vez, Relvas chegou ao Tour de France, como mostra o vídeo em baixo. Estou certo de que chegará ainda mais longe.
Os cães vão ladrando, enquanto a caravana passa. E a caravana que passa é naturalmente a ridicularização do ministro. O que me preocupa, em toda esta história é a profunda falta de dignidade de toda esta situação. É um desaire tremendo para todos aqueles que depositaram esperança num novo ciclo político em Portugal.
Importa recordar Manuel Pinho e o episódio dos chifres na Assembleia da República. Importa recordar Martins da Cruz e o seu pedido de demissão a propósito das insinuações de favorecimento da sua filha numa Universidade Pública. Indivíduos que compreendem que a política só se exerce com autoridade. Miguel Relvas é, nesta altura, um claríssimo embaraço para todo o governo e, em especial, para o Primeiro-Ministro que já teve que lhe reafirmar a sua confiança política por 3 vezes, mas parece estar disposto a comprometer todos em prol da sua sobrevivência no exercício de funções. Resta saber se Passos Coelho está disposto a comprometer alguma da sua base de apoio para evitar a remodelação. Passos Coelho fará os possíveis por manter o ministro e a razão não é a RTP ou a reforma autárquica. Não somos ingénuos... A razão são as eleições autárquicas de 2013.
Resta-me citar o meu companheiro apache, José Meireles Graça: "Quanto ao bom do Relvas, é claro que se devia ter demitido há muito, no interesse próprio, no do Governo e no do País. Se o tivesse feito a tempo, perderia a auctoritas mas não a dignitas."