Crónicas de um jovem sem futuro (XIV)
O governo vai por fim a dois feriados e já escolheu o 5 de Outubro e o 1 de Dezembro. Ao Soares custa muito a engolir. Ao PSD parece de enorme consciência. A mim parece-me que perdemos todos o tino. Portugal tem 14 feriados nacionais (contando com o Carnaval). Destes 14 feriados, apenas 5 são civis, os restantes 9 são religiosos.
Vai daí, porque é essencial à produtividade nacional, o governo decide acabar com dois dos cinco feriados civis, 5 de Outubro e 1 de Dezembro. Prefere manter o 10 de Junho, possivelmente porque faz melhor tempo e a malta sempre prefere os feriados no Verão para ir a banhos... Já que aquilo que se celebra a 10 de Junho poder ser celebrado em qualquer outro dia do ano, por exemplo (e porque não) a 1 de Dezembro...
Por outro lado este país laico continuará a ter 7 feriados religiosos que no fundo são celebrados apenas pela parte da população que é católica. Porque? Porque se pode abdicar da clebração da Restauração da Independencia porque hoje já não se coloca a questão da soberania, mas é importante continuar a celebrar o nascimento, morte e ressurreição de Jesus Cristo dois milénios volvidos...
Feriados como o dia de todos-os-santos ou o dia de Imaculada Conceição continuarão a merecer honras de feriado, enquanto a data que assinala a reconquista da nossa independência será passada a labutar, que é para todos os dias nos lembrarmos que o custo da independência (quase 400 anos volvidos) é esse mesmo... É trabalhar mais e ganhar menos que os espanhóis...
No dia em que o embaixador alemão em Portugal nos diz que os alemães trabalham muito menos que os portugueses, continuamos a adoptar medidas para que trabalhemos ainda mais. Pobres portugueses a trabalhar noite e dia para que se resolva a crise económica e a falta de competitividade. Um dia, os políticos perceberão que para resolver o problema não é necessário obrigar os portugueses a trabalhar mais mas antes a produzir produtos com mais valor. Esperemos que não leve muito tempo...