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PSICOLARANJA

O lado paranóico da política

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O lado paranóico da política

Real Politik económica

Guilherme Diaz-Bérrio, 23.12.11

 

O Governo aceitou a proposta dos chineses Three Gorges Corp, para a compra de 21,35 por cento da EDP. A outra opção era a alemã E.On.

 

Sejamos francos, qualquer que fosse a opção, o Governo seria criticado. No primeiro caso, estamos a vender a uma empresa estatal de um governo "perigoso", na segunda opção, Pedro Passos Coelho estaria a rebaixar-se aos ditames de "Frau Merkel e o 4º Reich".

 

Dadas as opções, e o que estava em cima da mesa, não desgosto do negócio. Até acho que, dadas as condições, foi a melhor opção. Um prémio de 53 por cento é um bom prémio pelo valor das acções da EDP. E, no caso da Three Gourges Corp, estão também em cima da mesa: 8 mil milhões para ajudar a EDP a expandir-se fora do país, mais 4 mil milhões de euros de crédito para outras empresas investirem em Portugal.

 

Curioso é o que, para mim, fica implicito: O Governo está a tentar selar outra fonte de financiamento para a Economia (em especial a Banca, que não está de boa saúde) além da Troika. Para quem não reparou, o "adviser" da operação foi o BES que, coincidencia das coincidencias, acabou de assinar um acordo com bancos chineses para se recapitalizar. Não me surpreenderia ver agora outros bancos portugueses - em especial o BCP - a terem acordos assinados com o mesmo teor. Fica também implicito a posição de Portugal, a tentar ser porta de entrada de Capital Chinês na Europa. Com todos os riscos que ser intermediário implica. 

 

E em parte, fica também um "bater o pé" à "Frau Merkel": Estamos em austeridade ditada, mas não vendemos a uma empresa alemã - embora tenha sido noticiada a pressão que estava a ser feita para que o negócio fosse para a E.On, que tinha interesse nos activos renováveis da EDP, mas cuja oferta era inferior à chinesa.

 

No final do dia, foi uma decisão extremamente pragmática, com pouco ideologia. Real Politik económica, vejamos no que resulta.

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