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PSICOLARANJA

O lado paranóico da política

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O lado paranóico da política

Os pesos na balança

Essi Silva, 30.09.11

 

Isaltino Morais, presidente da Câmara Municipal de Oeiras, foi ontem detido no seguimento das acusações contra ele levantadas por fraude fiscal, abuso de poder, corrupção passiva para acto ilícito e branqueamento de capitais. A defesa alega que a detenção é ilegal já que a sentença, dados os recursos pendentes para o Tribunal Constitucional, só que este último afirma que já decidiu, contrariando assim alguns dos argumentos da defesa.

 

Em 2009 o Tribunal de Sintra condenou Isaltino a sete anos de prisão efectiva, pelos crimes acima enunciados. Foi também condenado a perda de mandato e ao pagamento de 463 mil euros à administração fiscal. Isaltino recorreu. 

No ano seguinte, o Tribunal da Relação de Lisboa manteve a condenação por fraude fiscal e branqueamento de capitais, mas reduziu a pena para dois anos de prisão efectiva, reduzindo ainda a indemnização para 197 mil euros e anulando a perda de mandato.
Este ano, o Supremo Tribunal de Justiça confirmou a condenação a dois anos de prisão efectiva e restituiu o valor original da indemnização ao Estado a 463 mil euros. O recurso chegou ao Tribunal Constitucional.

 

Muitos entendem que Isaltino é uma cobaia ou um bode expiatório, que as acusações só incidiram sobre este para salvaguardar outros e que o mais importante é o seu excelente trabalho como autarca. Outros acham que independentemente dos resultados finais dos seus mandatos em Oeiras, este deve cumprir pena pelo que fez.

 

É verdade que o Município de Oeiras tem, perante o que assisto e conheço (já que não sou residente), vindo a melhorar e a dar uma qualidade de vida melhor aos seus residentes. Mas também é verdade que no momento em que exoneramos um indivíduo de crimes, por ser melhor ou supostamente melhor do que a média simplesmente porque faz aquilo que é esperado deste quando é eleito, então temos uma exigência muito baixa em relação às expectativas daquilo que um autarca ou um político com um cargo de gestão pública deve fazer.

 

Se na balança pende mais o que Isaltino produziu, em relação ao que ele subtraiu, então não só não temos Justiça no nosso país, como temos um sistema político efectivamente podre. E eu acredito que se após várias instâncias, se tem chegado a elementos de prova que justificam os crimes pelos quais é condenado, então é porque os cometeu. E choca-me que ainda assim não se tenha mantido a perda de mandato, já que as acusações que incidiram sobre este estão no âmbito de crimes económicos e de corrupção, possíveis igualmente quando se tem um cargo como o de Presidente de uma autarquia.

 

Simples e claro: Não podemos permitir que aquilo que exigimos à nossa classe política, esteja num nível tão baixo, que quando efectivamente fazem aquilo que lhes compete, sejam autorizados a praticar os crimes que lhes convierem acima dos deveres de qualquer outro cidadão e lhes dêm oportunidade de os continuar a reiterar ainda que noutro cargo.

 

 

 

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