Onde é a Cultura? "Olhe, vire tudo à esquerda e siga pa trás!"
Fui ao Crato, bonita terra do Norte Alentejano, para assistir ao último dia do Festival do Crato que tradicionalmente apresenta um cartaz que chama público de todo o país e fiquei espantada ao saber quais as bandas que tinham actuado em edições anteriores e o que se esperava para essa noite. Não é muito comum que uma vila com 3 mil pessoas apresente Scorpions ou UB40, entre outros cabeças de cartaz que acabam por trazem quase 40 mil pessoas às festas da terra.
Em conversa com um autóctone, este disse-me que é o Partido Comunista quem governa os destinos do município desde as últimas eleições autárquicas e que o festival ganhou um pendor mais “alternativo”: Orquestrada, Deolinda, Gotan Project, Gabriel o Pensador, Homens da Luta, Orelha Negra, Amália Hoje, Vitorino…
Enfim, isto levou-me a fazer uma viagem mental à minha terra, Almada, onde a Esquerda também faz da Cultura uma coisa sua, mas nem toda a Cultura. Promove-se apenas determinados gostos culturais com os quais nem todos se compatibilizam, uma Cultura supostamente mais “alternativa” ou undergroumd como a própria Esquerda, esquecendo que o fundamental é a oferta variada. O Estado não pode ser dirigista ao ponto de dizer aquilo de que supostamente devemos gostar, mas é sua função proporcionar todo o tipo de ofertas e ensinar às pessoas que podem escolher, que têm essa possibilidade.
Dar a cana ou ensinar a pescar?