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PSICOLARANJA

O lado paranóico da política

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O lado paranóico da política

Tópicos sobre a liberdade

Essi Silva, 20.02.13
1º - O Direito à Liberdade de expressão e de manifestação é consagrado constitucionalmente, não podendo ser limitado à excepção de quando é usado abusivamente. Cometer crimes (como a agressão ou a difamação) em nome da liberdade de expressão, não pega. Fora a existência de uma figura no Código Civil, que tem como função gerir conflitos e regular o normal funcionamento da vida em sociedade e entre privados, chamada Abuso de Direito. 

2º - Mesmo que assim não fosse, mesmo sem princípios tipificados ou salvaguardados na lei, nacional, europeia, comunitária ou internacional; existe algo chamado respeito e regras para o bom funcionamento da sociedade. São aqueles princípios que nos incutem em crianças do género de não falar com a boca cheia, não mentir e respeitar o próximo. 

3º- Estes meninos nem sequer têm idade para ter passado por uma ditadura, nem para perceberem o valor da canção que entoam, mas aparentemente querem impor a sua maneira de pensar a todos os outros (não é essa uma forma de totalitarismo?), impedindo os demais de assistir ao que um Ministro eleito tem para dizer, do ponto de vista informativo. 

4º- Pior que isso, é impedirem que os portugueses ouçam o que os seus representantes têm para dizer ao nível de políticas a aplicar, como foi o caso da interrupção do discurso de Paulo Macedo - de longe um dos melhores ministros deste governo, com uma tarefa extremamente difícil, mas que tem desempenhado com o máximo de competência possível. Os portugueses são mais que aqueles jovens, que decidiram que a sua rebeldia vale mais que a comunicação de quem nos governa, com os restantes cidadãos. 

5º - Como aponta o José Pedro Salgado, algures nas redes sociais, este tipo de medidas têm naturalmente como consequência a falta de vontade dos governantes em comunicar, em aproximar-se do povo, reduzindo obviamente a transparência e a liberdade de se expressar como democraticamente têm direito (e dever). É o que apelidam como asfixia democrática. 

6º - E não se iludam quando apontam defeitos a Miguel Relvas. Não falamos aqui dos defeitos dele, falamos sim de respeito. Que é coisa que os meninos, que não só cantaram, mas também optaram por vias como a agressão, não sabem o que é. 

7º - Estão descontentes? Votem. Façam abaixos-assinados. Participem civicamente. Mas não me venham cá com tretas sobre a democracia porque nada justifica violência e faltas de respeito a um representante da Nação. E peçam a alguém para vos dar educação. Estão mesmo a precisar.  


Talvez esta música se adeque mais aos tempos de quem canta a Grândola.

Sobre o anedotário nacional du jour

Rui C Pinto, 18.07.12

O pagode continua. E continuará. Como continua sempre quando se perde o respeito. 

Desta vez, Relvas chegou ao Tour de France, como mostra o vídeo em baixo. Estou certo de que chegará ainda mais longe.

 

Os cães vão ladrando, enquanto a caravana passa. E a caravana que passa é naturalmente a ridicularização do ministro. O que me preocupa, em toda esta história é a profunda falta de dignidade de toda esta situação. É um desaire tremendo para todos aqueles que depositaram esperança num novo ciclo político em Portugal.

 

Importa recordar Manuel Pinho e o episódio dos chifres na Assembleia da República. Importa recordar Martins da Cruz e o seu pedido de demissão a propósito das insinuações de favorecimento da sua filha numa Universidade Pública. Indivíduos que compreendem que a política só se exerce com autoridade. Miguel Relvas é, nesta altura, um claríssimo embaraço para todo o governo e, em especial, para o Primeiro-Ministro que já teve que lhe reafirmar a sua confiança política por 3 vezes, mas parece estar disposto a comprometer todos em prol da sua sobrevivência no exercício de funções. Resta saber se Passos Coelho está disposto a comprometer alguma da sua base de apoio para evitar a remodelação. Passos Coelho fará os possíveis por manter o ministro e a razão não é a RTP ou a reforma autárquica. Não somos ingénuos... A razão são as eleições autárquicas de 2013.

 

Resta-me citar o meu companheiro apache, José Meireles Graça: "Quanto ao bom do Relvas, é claro que se devia ter demitido há muito, no interesse próprio, no do Governo e no do País. Se o tivesse feito a tempo, perderia a auctoritas mas não a dignitas."

De Relvas às Juventudes partidárias

Rui C Pinto, 16.07.12

Chegam-me imagens de uma manifestação pedindo a demissão de Miguel Relvas. Uma manifestação absurda, mas que contribui para mais uma humilhação pública do ministro. Horas depois de ser ridicularizado por Alberto João Jardim. Uma conclusão salta à vista de todos: os longos anos de experiência na vida política e partidária ensinaram pouco a Miguel Relvas e as equivalências foram-lhe creditadas erradamente. Um ministro que se permite chegar a um ponto de desautorização, que assume carácter de humilhação pública, não pode perceber nada de política. A sua resistência foi, no início da semana passada, um sinal de imprudência. Hoje, já nada lhe resta senão resistir porque já não há uma saída digna da situação. 

 

Esta é uma daquelas situações, para usar da metáfora de Pedro Passos Coelho, em que se atira porcaria na ventoinha... O resultado é evidente. Surpreendeu-me, por isso, que o Duarte Marques, presidente da JSD, e o Pedro Alves, secretário geral da JS, se lançassem tão prontamente para a frente da ventoinha. O primeiro conseguiu chamar a si, no dia informativo de ontem, a precariedade política do ministro com uma tentativa de defesa tão arrojada que soa a desespero. O segundo, respondeu hoje ao arrojo do Duarte, comprometendo-se mais do que se estivesse calado. Ao fim do dia, ninguém ficou bem na fotografia, porque, como dizia, quem passa em frente a esta ventoinha... 

A política.

Rui C Pinto, 13.07.12

Nos últimos dias/semanas fui frequentemente abordado com piadas sobre o Relvas, insinuações sobre o Relvas, ou simplesmente um "Então o Relvas, hã?". Quem interpela espera naturalmente a defesa da dama. Afinal, somos todos do mesmo clube. Somos da mesma trupe. A surpresa é geral quando me ouvem denunciar o caso.

 

A minha história será, certamente, replicada por centenas por esse país fora, já que há, como eu, muito militante do PSD que não vê a sua militância como uma fé. Ontem, lia um outro militante dizer no Facebook que tinha vergonha de não ter nos órgãos de direcção do PSD quem denunciasse Relvas e "os casos" que o envolvem. Há, felizmente, quem o faça. Firmino Pereira, vice-presidente do PSD/Porto faz o favor de me representar a mim e a tantos outros militantes do PSD que não aceitam que a mediocridade se perpetue em cargos de responsabilidade política. 

 

Sou militante do PSD. Mas não sofro de partidarite nem defendo clientelas. Muito menos coloco o partido acima da minha dignidade pessoal. E um indivíduo que depois de fazer uma licenciatura nas circunstâncias em que fez vir dizer-me que sempre levou uma vida na procura do conhecimento está, no mínimo, a insultar a minha inteligência. 

O ministro da piada ou uma piada de ministro?

Rui C Pinto, 11.07.12

Entrei, hoje, por uns breves minutos, numa pastelaria. Um episódio que não terá excedido 5 minutos. Foi o suficiente para ouvir duas anedotas contadas por clientes diferentes: 

 

"Diz o Relvas para o Reitor:

- Sr. Reitor, dá licença?

- Está licenciado!"

 

"O Relvas perdeu a virgindade aos 12 anos. Praticou masturbação, mas deram-lhe equivalência."

 

Dada a manifesta piada em que se tornou um ministro cuja responsabilidade governativa incide sobre a coordenação política do executivo, começo a temer pela autoridade do governo e, em particular, do próprio Primeiro-Ministro.

 

Eu sou do tempo em que os ministros se demitiam, por forma a preservar a dignidade das instituições que representavam. Homens como Relvas não temem o prejuízo que lhes causam, porque apostam na curta memória do eleitorado. Infelizmente para ele, já foi inscrito na mais duradoura forma de memória colectiva do povo português: a anedota.