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PSICOLARANJA

O lado paranóico da política

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O lado paranóico da política

Avante não é política

Beatriz Ferreira, 04.09.20

Conheço bem o PCP e os seus militantes. Partilhámos os mesmos espaços do Poder Local nos 10 anos em que fui autarca em Almada. Respeito-os como raramente me respeitaram. Respeito-os pelo seu passado, pela sua dedicação e rigor na forma de fazer política.

Se de política estivéssemos a falar, estaríamos prestes a assistir ao comício de abertura de Jerónimo de Sousa, a estudar o programa das inúmeras conferências ou a aguardar pela mensagem do discurso de encerramento.

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Hoje o partido mais antigo de Portugal decidiu resumir-se a bancas de comida, a campismo, duches ao ar livre, casas de banho portáteis e a concertos de música pop rock.

Hoje o partido mais antigo de Portugal, fundado por homens e mulheres que passaram mais tempo de vida na prisão do que em suas casas, decidiu arrastar os seus compatriotas para a incerteza da doença, sobre a qual se conhece tão pouco.

Hoje Portugal perdeu uma voz, uma representação e mais um pouco da sua parca credibilidade.

Obrigada.

PCP perde o único activo que lhe restava

Ricardo Campelo de Magalhães, 03.01.13

O respeito. O respeito que muitos nutriam pela sua coerência. O PCP podia ter uma visão errada da sociedade e estar perdido na história. Mas pelo menos era coerente. E depois saiu esta notícia referida aqui.

O grave desta notícia de que o PCP vai despedir pessoas é que vai contra tudo o que ele vem defendendo nos últimos anos. O PCP vai deixar pessoas na miséria, as suas famílias vão ter de fazer austeridade e tudo isto para quê? Face ao que defende para o Estado, várias questões exigem resposta. A saber:

  1. O PCP despede porque é obrigado, os outros despedem porque são demónios?
    Qual é a diferença entre o PCP e o Grande Capital?
  2. Porque não um banco de horas, em que os funcionários ficam sem fazer nada mas a receber?
    Porque não adopta as mesmas medidas que impõe ao Estado? Serão cidadãos de 2ª?
  3. Porque é que o PCP paga a quem ele deve, esses usuários?
    Porque é que o PCP não dá prioridade aos trabalhadores? Quando foi que mudou?
  4. "Uma efectiva contenção (...) nalguns casos de estrutura" quer dizer o quê?
    Alexandre Araújo usa agora linguagem nebulosa típica do patronato? Quando foi que mudou?
  5. Se o PCP resolve os seus problemas de financiamento despedindo pessoas, porque não podem os órgãos da administração local, que eu sei que muitos estão a definhar por estarem presos a despesas com pessoal superiores a 75% do Orçamento - em clara violação da Lei das Finanças Locais, que fixa o máximo de 50% - resolver o problema da mesma forma? Onde está a coerência?

Que o PCP é um partido retrógrado e sem qualquer noção de economia, já eu sabia.

Agora que desbarata assim a sua coerência e destrói famílias por obediência à austeridade, é que é novo para mim.

Bernardino Soares, o perigoso ultra-liberal

Ricardo Campelo de Magalhães, 15.10.11

 

O PCP foi infiltrado.

Bernardino Soares, deputado do supra mencionado partido classificou os impostos impostos aos contribuintes de ROUBO (podem ler mais sobre o tema aqui).

Como Liberal, sempre achei os ultra-liberais Rothbardianos um pouco exagerados: aquele anarquismo militante que exigem o fim do Estado e classificam todo e qualquer imposto como roubo um pouco exagerado. Mas reconheço que eu pago os meus impostos não porque quero, não porque assinei nada, mas apenas porque há quem me obrigue sob pena de uso da força e portanto nunca discuti muito com os Rothbardianos como Bernardino e deixei-os a falar para o resto da nação, sobretudo um que tem um palco como a Assembleia da República. Afinal, como eu sempre disse, o caminho é menos impostos e menos despesas.

Obrigado Bernardino por me tentares ajudar a convencer o PPC a corrigir o défice mais pelo lado da despesa. Tomara eu que sejas ouvido.

 

No meio de toda esta conversa de depressão, o meu obrigado Bernardino pelo esforço para me alegrares o fim-de-semana.

Política por Procuração

Miguel Nunes Silva, 24.05.10

Na ONU existem ‘estados’ cujo maior valor é o de constituírem um voto na Assembleia Geral. Durante o século XX o número de estados aumentou dramaticamente e, sobretudo depois da segunda guerra mundial, o valor destes aumentou também visto que na ONU eles têm um voto que conta tanto quanto o das maiores potências.

 

Como em todas as ficções, a realidade acaba por se impor e assim se criou o Conselho de Segurança aonde as grandes potências têm assento permanente. Um outro artifício foi a criação de estados procuração através dos quais as superpotências podem contar com votos adicionais na Assembleia Geral.

 

Porque na realidade, como todos sabemos, uma qualquer república das bananas, não tem o mesmo valor de um estado-civilização como a China ou a Índia.

 

Assim, ‘territórios associados’ como a Micronésia ou as ilhas Marshall constituem uma reserva de voto dos EUA e durante a Guerra Fria, a Ucrânia e a Bielorrússia serviam o mesmo propósito para a URSS.

 

Mas o absurdo das ficções políticas também existe perto de nós. No parlamento Português, o Partido Ecologista ‘Os Verdes’ é uma tal ficção política. O PEV nunca foi sozinho a eleições nem nenhuma sondagem alguma vez o isolou do PCP para discernir a sua verdadeira abrangência de eleitorado. Aparentemente, os membros que o constituíram saíram do PCP para o formar de propósito e o seu programa nunca diverge ou entra em conflito com o do partido comunista.

 

A título de exemplo vejamos as barragens: a do Sabor foi duramente criticada, a do Alqueva não. Porquê? Porque o PCP obtém os votos que lhe permitem manter-se no parlamento, do Alentejo e o projecto do Alqueva é uma antiga reivindicação dos agricultores Alentejanos.

 

À direita, os conservacionistas apelidam ‘Os Verdes’ de “melancias” – verdes por fora, vermelhos por dentro.

 

O cúmulo desta ficção política são as audiências entre os partidos e o Presidente da República – aonde o PCP passa a contar com duas – e as intervenções na Assembleia da República – aonde o PCP intervém duas vezes sucessivas.

 

Em contraste, aliados do PSD como o PPM ou o MPT sempre foram partidos autónomos que o PSD graciosamente permite terem lugar no parlamento, através das suas listas.

 

Acho do mais mau jornalismo que pode haver, o facto das TVs privadas, aderirem a esta ficção política. Que a RTP o fizesse é uma coisa, a TV pública tem que – ou tende a – respeitar formalismos e ser institucional. Mas as TVs privadas também prestam atenção aos Verdes em claro detrimento de formações políticas mais pequenas que muito mais mérito possuem, por estar no combate político autonomamente e há mais tempo.

 

Em tempos de crise, o que é supérfluo é sacrificado. Vamos começar por algumas ficções.

Filosofias de Política Externa em Portugal

Miguel Nunes Silva, 30.10.09

 

 

 

 

 

 

Em entrevista à Sociedade das Nações, – título de programa agoirento, por sinal – Luís Amado foi explícito quando afirmou que qualquer entendimento com os partidos à esquerda do PS era impossível e que teria a sua reprovação, enquanto estes persistissem em políticas externas que não em conformidade com os eixos de política externa do actual regime, por outras palavras, que não tolerassem a integração Portuguesa da UE e da NATO – mais uma prova aliás, de que as ofertas de coligação de Sócrates não eram honestas.

Aquilo que tentarei explicar neste post, é o porquê:

 

 

 

Libertarismo – por muitos considerado como a anarquia de direita, os Libertários, em Portugal encontrados sobretudo nas franjas da direita e com simpatizantes nalguns partidos, são por natureza isolacionistas e não dão fundamental importância ao multilateralismo, à excepção daquele que facilite as relações económicas e comerciais.

 

Neoconservadorismo – Neste momento sobretudo prevalente no PND mas com simpatizantes no CDS ou no PSD, os Neoconservadores acreditam que os exércitos das potências democráticas devem embarcar em cruzadas para libertar o mundo da opressão política e “tornar o mundo seguro para a democracia”.

 

Internacionalismo Liberal – A filosofia por excelência do regime e a razão pela qual em matérias de política externa existe consenso no arco da governabilidade (CDS, PSD, PS), o internacionalismo liberal avança que o mundo é tanto mais seguro quanto mais democrático e mais liberal. Tende para as intervenções humanitárias e considera que os regimes demo-liberais são o auge da evolução política dos povos.

 

 

Internacionalismo Proletário – Evidentemente de inspiração marxista, esta escola de pensamento tem como adeptos os militantes do PCP mas provavelmente também ainda alguns no PS. Pauta-se por um apoio às revoluções proletárias e pela chamada “solidariedade socialista”. Esta implicaria o fim dos estados enquanto máquinas burocráticas de opressão da burguesia e do grande capital, em favor da revolução mundial dos trabalhadores.

 

 

Terceiro-mundismo – Provavelmente a escola de eleição do Bloco – embora também com muitos adeptos no PS – esta escola é de inspiração neo-marxista mas difere dos internacionalistas proletários na origem da revolução, que é mais urgente e necessária no 3º mundo i.e. nas zonas mais pobres do mundo. Difere também na questão dos direitos humanos, que assumem papel primordial, ao contrário do IP (comparar reacção do Bloco com a do PC, à visita de dignatários Angolanos) Numa visão altamente pós-moderna, o 3ºM é pacifista e assenta num transnacionalismo que é derradeiramente subversivo aos estados-nação. Em Portugal esta filosofia é promovida em publicações tais como o “Le Monde Diplomatique” e caracteriza-se por um fervor incondicional pela causa Palestiniana.

 

 

Assim, sem tolerar a competição livre ou a colaboração militar entre estados socialmente desiguais, dificilmente o BE ou o PCP poderiam integrar uma coligação com um qualquer governo centrista.

 

 

 

O menor dos males

Miguel Nunes Silva, 13.10.09

 

 

Já todos sabemos que o PS vai governar fazendo acordos ad hoc. Não que Sócrates seja bom a negociar compromissos mas é matreiro e sabe virar a oposição uma contra a outra.

 

O propósito deste post é indagar sobre qual das esquerdas o PS devia escolher para trabalhar.

Na humilde opinião deste autor, o menor dos males seria mesmo o PCP.

Porquê?

 

Porque apesar de tudo, é um partido sério e menos utópico que o Bloco.

É verdade que os media já escolheram o BE há muito tempo como o seu favorito. No entanto, o Bloco é muito menos fiável a manter compromissos e também mais radical.

O Bloco pode querer disfarçar mas as suas cores fundadoras são o vermelho e o preto - as cores do anarco-sindicalismo. Louçã e o PSR são de índole Trotskysta e vão às reuniões da 4ª Internacional.

 

 

Nós de centro-direita temos pouco amor pela esquerda e ainda menos pelos seus extremos mas temos que admitir que o PCP é coerente e tem mais sentido de estado e mais responsabilidade que o Bloco. O PCP acredita nas forças armadas e na soberania do estado. Pode não as ver da mesma perspectiva que nós, mas há um denominador comum.

 

O BE por outro lado, é muito mais radical e consequentemente perigoso para qualquer partido que queira governar com um mínimo de seriedade e responsabilidade. O Bloco é uma formação pós-moderna de crenças insubstanciadas e princípios absolutos impraticáveis.

Já para não falarmos nos laivos de populismo, demagogia e política espectáculo que podem envenenar qualquer tipo de coexistência executiva.

 

Esperemos que entre dois males, a essência da democracia e do interesse comum leve o PS à margem sul em detrimento de ceder à tentação ali para os lados de Santarém...