Alberto João Jardim, o Estimulador
Jardim diz que é tempo de Portugal dar "um murro" na mesa de negociações da União Europeia:
Ao discursar na cerimónia de abertura da XXIX Expomadeira, Alberto João Jardim referiu haver "caminhos para solucionar" o problema das dívidas dos Estados soberanos. "É preciso que o Estado português, membro da União Europeia, com os mesmos direitos dos outros da União Europeia, dê um murro na mesa e consiga uma reunião mínima de países que proponha um alargamento dos prazos de pagamento da dívida soberana e uma redução dos juros", defendeu.
Para João Jardim, os juros teriam "como limite não prejudicar os depósitos que os aforradores têm na banca". O governante madeirense elencou, em seguida, uma série de medidas que, no seu entender, resolveriam a situação económico-financeira da União Europeia.
Essas medidas incluiriam a subordinação dos interesses financeiros aos interesses públicos e do Estado, a emissão de mais moeda pelo Banco Central Europeu para investimento e para fazer a economia crescer e gerar mais receita fiscal, mas com inflação controlada, o protecionismo extracomunitário, ou a realização de uma "profunda reforma" em Portugal, da Justiça à Administração Pública, no sentido da sua desburocratização.
O presidente do governo regional defendeu igualmente a manutenção do Estado social e a revisão do sistema de greves, bem como a descentralização e o reforço e alargamento das competências da autonomia política, porque "até agora foi um logro". Recusou ainda a ideia de o Estado dar prioridade à satisfação dos interesses do sistema bancário em detrimento dos produtores de riqueza: "O meu Governo não aceita a estratégia de pagar primeiro à banca e à alta finança e só depois pensar na economia e naqueles que produzem riqueza, nem está para ser colaboracionista neste caminho", frisou.
Alberto João Jardim recordou que, entre 2007 e 2012, o Governo Regional apoiou 2.600 empresas madeirenses, num total de 143 milhões de Euros. Salientou ainda que, desde janeiro, "o Instituto de Desenvolvimento Empresarial apoiou o mercado das empresas com mais 10 milhões de Euros". "Este apoio conseguiu, nesta fase social difícil, garantir a estabilidade de 11.000 a 12.000 postos de trabalho", disse.
Revelou ainda que, na Madeira, em 2010 foram constituídas 1.149 empresas e dissolvidas 641, que em 2011 foram criadas 1.297 empresas e extintas 645 e que "até ao dia 15 de maio deste foram constituídas 446 novas empresas e extintas 217". "A partir de fevereiro, e com o Plano de Ajustamento Económico e Financeiro, o governo já injetou 140 milhões de euros no mercado regional para pagamento de dívidas deste ano e de anos anteriores", acrescentou.
O presidente da Associação Comercial e Industrial do Funchal (ACIF), Duarte Rodrigues, chamou a atenção para o "enquadramento macroeconómico particularmente difícil" para as empresas madeirenses, mas frisou que, mesmo assim, 79 aderiram à mostra das atividades económicas deste ano, agradecendo o empenho e a atenção dada pelo governo regional ao tecido empresarial.
Só cá faltava mais este a dizer disparates. Aqui ficam algumas ideias de perguntas para jornalistas "cubanos" que eu gostava de ver respondidas:
- Está a dizer que as dívidas dos Estados são diferentes das demais? Isso significa que quem quer que compre dívida estatal não deve esperar que esta seja paga?
- Portugal deve pedir mais anos para pagar... Isso significa que devemos estar mais anos em austeridade?
- A Finlândia já disse que talvez seja melhor sair do Euro do que andar a pagar países caloteiros... Acha mesmo que esses murros na mesa vão resultar? Com que base diz isso?
- Falou em "não prejudicar os depósitos que os aforradores têm na banca". Quer dizer que caso a Europa não altere as condições do empréstimo a Portugal as pessoas devem temer pelas suas poupanças em bancos Portugueses?
- Ao falar em "não prejudicar os depósitos que os aforradores têm na banca" não acha que isso é uma forma de chantagem?
- E ao falar em não pagar à "alta finança", não está a pôr em causa esses mesmos depósitos desses mesmos aforradores?
- Não acha que uma "emissão de mais moeda pelo Banco Central Europeu" e ter "inflação controlada" são objectivos mutuamente exclusivos?
- Como pensa resolver problemas regionais com medidas Europeias? Como vai justificar aos outros Europeus que devem pagar pelos excessos da Madeira? Está a implicar que os Madeirenses não têm a capacidade de pagar as suas dívidas e que por isso tem de ser impressa moeda para ajudar?
- Se até hoje défice atrás de défice para financiar estímulo atrás de estímulo resultou na situação actual, porque acha que a solução é mais dívida e mais estímulo?
- Com o défice o número de empresas criadas foi superior às que fecharam. E quando tiver de pagar essa dívida, não vão fechar mais do que abrir? Se com a situação actual - com as contas ainda deficitárias - o desemprego já está a aumentar, como acha que vai ser o saldo no final?
Para quando perguntas como estas?