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PSICOLARANJA

O lado paranóico da política

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O lado paranóico da política

Wikileaks - Portugal

Miguel Nunes Silva, 02.03.11

 

 

Os telegramas do Expresso eram suposto cair como uma bomba na sociedade Portuguesa. Mas isso não aconteceu apesar da grande cobertura que mereceram por parte dos telejornais. Talvez porque os Portugueses estão fartos de escândalos, talvez porque o conteúdo não era propriamente bombástico – pena que os que em Portugal deram grande atenção aos 'escândalos' prévios da wikileaks tenham agora acordado para a realidade de que eles transmitem opiniões e impressões, e não factos. Vamos a esses:

 

1 – Demasiadas altas patentes – Isto é indiscutível. Sendo um país pequeno e em paz, a quantidade de generais e almirantes é de facto demasiada. Consequência inevitável de um Ministério da Defesa gerido à la função pública.


2 – Os oficiais gostam de ter 'brinquedos caros' – Sim e não. O Sr. Embaixador norte-Americano deve estar familiarizado com o provérbio inglês 'Those under glass roofs, shouldn't throw stones'. Pois, é que os EUA quererem passar lições de moral a outros países por gastarem demais em defesa é no mínimo bizarro.


2.1 – Mas será então que os nossos gastos são mal aplicados? Aqui já concordo mais com o embaixador. Um excelente exemplo de aquisições feitas exclusivamente para agradar a chefias, foram os blindados Leopard 2 comprados em segunda mão à Alemanha. Bons tanques de batalha mas inúteis a Portugal. Não só não teriam hipótese de sobrevivência num qualquer eventual conflito na península como não temos nem navios nem aeronaves para os transportar para qualquer outro teatro de guerra – não que o quiséssemos fazer pois intervenções a grande distância exigem unidades altamente móveis e ligeiras, e não tanques de batalha pesados. E igual pertinência teria tido o projecto de trazer helicópteros de ataque para o Exército.


2.2 - Mas não são sempre os EUA que se queixam que os Europeus contribuem pouco para a NATO? Se calhar estavam à espera que os países apenas adquirissem aquilo que fosse complementar às forças armadas Americanas...
Não vi o embaixador a queixar-se de Portugal gastar dinheiro em mobilizações que em nada estão relacionadas com o seu interesse nacional: Que foram F-16 Portugueses fazer para a Lituânia? Ou para a Guerra do Kosovo antes disso? GNR no Iraque? Tropas no Kosovo?
Pois, esses gastos já não são supérfluos...


3 – Fragatas Americanas eram mais baratas – Pois eram, mas como o conhecido blogue de pessoal da marinha diz e bem, também exigiriam tripulações mais numerosas que as holandesas. Depois há sempre o pequeno pormenor de que as aquisições militares também incluem uma componente política e em nome da redundância, Portugal não considera sensato estar dependente exclusivamente de um país para o fornecimento de armamento – sendo que a Força Aérea já depende quase exclusivamente de material Americano e boa parte do exército.


4 – Submarinos eram supérfluos – Interessante como havia duas entidades a desencorajar Portugal de adquirir os submarinos: o Bloco de Esquerda e Washington...
A marinha não podia ter sido mais clara: os submarinos são a principal arma de dissuasão de que Portugal dispõe. O processo de aquisição pode ter sido oneroso e mal conduzido mas a necessidade de Portugal poder operar submarinos quando tem interesses a defender por todo o Atlântico e a maior ZEE da Europa, está para além de qualquer crítica.

 

Finalmente, durante as últimas décadas Portugal tem sempre contado com armamento antiquado, pelo que modernizações e actualizações tecnológicas são tão mais prementes quanto são raras. É pena que tenhamos que gastar tanto dinheiro em submarinos numa altura de crise, é ainda pior que não se tenha feito antes.

A única justificação para Portugal não ter melhores meios é a sua estagnação económica. Gastamos apenas 2% do PIB em Defesa, muito abaixo das nossas necessidades, bem abaixo dos outros países da NATO e apenas acima dos países de leste – os quais não investem na sua maioria em meios navais. Esta é a realidade.

 

O tamanho meus senhores, o tamanho!

Guilherme Diaz-Bérrio, 02.11.09

 Aqui há uns meses fiz um ponto no meu blog pessoal: um dos problemas fundamentais da banca norte americana, senão o maior, não era a solvência do sistema como um todo mas sim a excessiva concentração do sector.

 

Para se ter noção da dimensão do problema, os EUA tem pouco menos de 10 mil instituições bancárias. Na altura - estavamos em Março de 2009 - este era um dos argumentos para não se nacionalizar e separar bancos de activos "problemáticos": havia bancos a mais, não era possivel seguir o "plano sueco" [A suecia é um case study em como resolver crises bancárias: entrar, separar bancos à força, desfazer posições, voltar a privatizar]. Foi um dos argumentos que sustentou os bailouts dos Sec. Estado do Tesouro Paulson (Republicano - administração Bush) e Geitner (Democrata - administração Obama). 

 

Na altura alguns argumentaram, em vão, que não eram 10 mil bancos que estavam em causa, mas sim 10! Que este "Top10" detinha quase 50 por cento de todos os depósitos bancários, e detinham também a grande parte do risco nos seus balanços. Que era este "Top 10" que estava a ameaçar o sistema. E, o argumento tinha várias conclusões lógicas: a primeira era que o rumo que se estava a seguir (Bush e Obama!) ia exacerbar o problema (tornando bancos grandes ainda maiores) e ia "estrangular" os bancos pequenos saudáveis. Ao ajudar os bancos grandes - grandes em tamanho e contribuições para o Congresso - fez-se a vida mais dificil para a gestão de bancos prudentes: afinal, de que serve ser prudente, quando é uma questão de cara ou coroa? Cara ganha o gestor, Coroa perde o contribuinte. 

 

Duas administrações cairam no mesmo erro. E continuam a persistir nesse erro focando atenção onde ela não é necessária. Um exemplo: Bonus dos gestores. O problema de risco excessivo não veio dai, mas sim do facto de qualquer gestor da Goldman Sachs ou Citigroup sabia o que mercado também sabia: se correr mal, alguém paga a factura! 

 

Senhores, o tamanho importa! E historicamente, isto não é o "capitalismo americano"! Muito pelo contrário. Desde a sua fundação, o povo e a classe política são, ou eram, endemicamente hostis a grandes bancos. É por isso, meus senhores, que os maiores mercados de obrigações do mundo são os americanos: Não havendo grandes bancos, nenhum tinha capacidade para fazer financiamentos grandes sozinho, logo teve de se desenvolver um mercado onde os bancos pudessem dispersar os financiamentos! É por isso que o sistema financeiro americano é tão diferente do europeu: o último é concentrado na Banca, o primeiro é concentrado em mercados descentralizados! Isto só se inverte na década de 80, com o "salvamento do Citigroup e Companhia" na crise de dívida sul americana, salvamento esse promovido por sua excelência, o "Maestro" Greenspan.

 

Moral da história:

Paremos lá os desvios "turisticos". Enquanto não se partir o Top10 - que neste momento é mais Top3, com o Citigroup, Goldman Sachs e JP Morgan a concentrarem a maior parte do risco para o sistema nos seus balanços - não há recuperação sustentável do sistema bancário como um todo. E enquanto não existir esta recuperação, os mercados de crédito não voltaram à sua função normal de intermediação de poupança e consumo. Logo continuaremos a ver uma economia americana (e mundial por arrasto) disfuncional, ligada às maquinas de taxas de juro a zero (que, já agora, estão a financiar uma enorme bolha global ... e não vai ser bonito de a ver rebentar) e "estimulos temporários".

 

O tamanho, em banca, importa!

Obrigações do tesouro dos EUA: Caveat Emptor

Guilherme Diaz-Bérrio, 22.10.09

 

 A agência de notação financeira Moody’s alertou hoje que, caso os Estados Unidos não reduzam a dimensão da sua dívida pública, poderão perder o seu ‘rating’ de ‘Aaa’.

 

Diário Económico

 

Obama está, financeiramente, a patinar em gelo muito fino... até agora, não passam de ameaças. No dia em que uma agência de notação retirar o rating AAA (que, acrescente-se, não é um direito divino inalienável conferido aos EUA) é o dia em que se vai ver a abertura de uma cratera depois de rebentar a bolha no activo financeiro mais inflacionado no mundo: a Obrigação do Tesouro Norte-Americano.

 

(Caveat Emptor é latim para "O comprador que se cuide", expressão usada em mercados financeiros para ilustrar que quem compra um activo deve ter noção e consciência dos riscos)

Oh really?

Guilherme Diaz-Bérrio, 17.09.09

 

Damn! Ninguém me avisa destas coisas! Parece que "além Atlântico" se decretou o fim da recessão, no inicio da semana. Entre Obama e Bernanke fomos salvos. Ou será que fomos mesmo...?

 

Vamos ignorar que estamos a falar da mesma pessoa que disse, e passo a citar, "O Subprime está contido!" ao Congresso dos EUA.

 

Hum... vamos ver... o crédito continua a contrair nos EUA, comportamento de um "consumidor típico" a libertar-se da dívida e a reduzir passivo. O pouco consumo que existe na economia é... financiado pelo governo, via estimulos.

Nenhum dos problemas da Banca norte-americana foi resolvido, leia-se perdas não realizadas em balanço, capital inadequado, excessiva concentração do sector (onde 10 bancos, em quase 10 mil, detêm 65 por cento dos depósitos bancários da Economia). 

 

Já para não falar de que, fora a inflação potencial no sistema - repitam comigo: reservas a mais, reservas a mais, reservas a mais! - temos o pequeno problema não resolvido do Petroleo. Não só não há mais produção como, em tempo de crise, se diminuiu a exploração.

 

E falando em Governo, este está correr deficits fabulosos que só não se revelam via taxas de juro porque as "impressoras da reserva federal estão a funcionar".

 

Isto cada vez soa mais a "Japão, versão ocidental". Alguém, honestamente, acredita que chegamos ao fim da viagem?

 

Retoma...? Ainda não!

Guilherme Diaz-Bérrio, 15.09.09

 

 

A imagem acima tem andado a fazer as rondas. Imaginem a tonelagem das marinhas dos EUA e do Reino Unido combinadas, e têm uma amostra do que se passa ao largo de Singapura: a maior "concentração maritima" de embarcações comerciais da história recente. 

 

A razão? Nada para transportar! Este é o estado actual do Comercio Internacional, ao largo do maior porto do mundo. A proverbial "aterragem no chão" do dito comercio! Enquanto isso, pelos EUA e pela UE... fala-se em "retoma"?

Um momento "opps" da "Mudança"!

Guilherme Diaz-Bérrio, 14.09.09

 

 

Na sexta-feira passada Obama achou por bem aumentar as taxas aduaneiras sobre a importação de pneus fabricados na China de 4 para 35 por cento. No fim de semana, a China achou por bem responder, abrindo um inquérito à importação de galinha e peças automóveis, vindos dos EUA.

 

Estamos a brincar a um jogo perigoso de "Poker" com comércio mundial! Obama não resolveu nada no que diz respeito aos problemas fundamentais do sistema financeiro norte-americano. O problema dos "bonús" era um "não problema"! Não era, nem é, o fundamental.

 

Todas as semanas, os EUA emitem dezenas de milhares de milhões de euros em Obrigações do Tesouro, ao ponto de a própria Reserva Federal já ter sido obrigado a comprar algumas dessas obrigações. Os chineses são o maior credor dos EUA! Estão sentados numa bomba de reservas em dólares, dólar esse que continua a descer, devido à politica financeira e monetária dos EUA. A última coisa que a crise precisava era que Obama abrisse uma nova frente de combate, com medidas proteccionistas, de modo a satisfazer os "sindicatos de voto" do Partido Democrata! 

 

Os chineses já há muito que questionavam se deveriam continuar a reciclar reservas em dólares - o que financia os EUA, para os mais desantentos! Já tinham começado a financiar-se em moeda local, o mês passado. Agora uma Guerra Comercial? Para os desatentos... a grande recessão tornou-se na Grande Depressão devido a brincadeiras deste tipo.

 

Já bastava Obama estar a repetir os erros do Japão na resolução da crise, agora repete os erros de 1929 em relação ao Comercio Internacional?!

Qual é a porta?

Margarida Balseiro Lopes, 30.09.08

O Plano de Salvamento financeiro, proposto pela Administração Bush, foi chumbado pela Câmara dos Representantes.

A maior oposição surgiu da bancada republicana, onde metade dos representantes votou contra.

A campanha de McCain acusa Obama de ser o responsável pelo chumbo do plano.

O resultado fez mergulhar o Dow Jones mais de 400 pontos.
 

E agora?